— TRANQUEM-NA NO CALABOUÇO — HOLLISTER
ORDENOU para seus homens. Os guardas me agarraram grosseiramente,
amarrando minhas mãos atrás das costas e prendendo meus pés com
correntes. Então me arrastaram pelo campo de batalha debaixo da chuva
torrencial. A última coisa que vi quando me puxaram para a Torre Branca
foi Calígula atravessando os portões já quase fechados, a lança ainda
cravada no flanco.
A porta foi fechada e as grades de ferro bateram no chão de pedras
úmido. Eu estava sozinha no calabouço: uma sala de pedra, com seis metros
de altura e sem janelas.
— Ela não vai conseguir escapar desta vez — um dos guardas disse
para outro enquanto o som dos passos deles se afastava pelo corredor.
Agarrei as grades e as sacudi em desespero, gritando até ficar rouca,
mas as barras de ferro eram sólidas, e ninguém veio em meu auxílio.
Finalmente, desabei no chão úmido, exausta. Eu me sentia oca, vazia
demais até para chorar. Mary e Jamie iriam morrer em breve. Saber que eu
tinha falhado de novo me atingiu como um soco. Tudo que eu queria àquela
altura era me despedir deles.
Eu me encolhi e deitei de lado, tremendo de frio, e tirei o relicário
do pescoço. Enquanto olhava para a foto da minha mãe, pensei no que
Eoghan estava tentando me falar sobre fé. Ele queria que eu acreditasse em
alguma coisa. Eu acredito em várias coisas, pensei com um sorriso amargo. Eu
acreditava que iria morrer amanhã. Acreditava que Cornelius Hollister era
mau. E acreditava que nunca mais veria meus irmãos de novo.
Eu não tinha certeza de quanto tempo tinha se passado quando
ouvi barulho de chaves e de passos pesados se aproximando da minha cela.
Levantei-me depressa, apertando o rosto contra as grades para tentar
enxergar na escuridão. A pequena chama amarela de uma vela balançava
pelo corredor, ficando cada vez mais perto.
— Olá? — eu chamei. — Olá? — não me importava quem era. Não
me importava se alguém estava vindo me matar. Apenas me sentia aliviada
de saber que veria outra pessoa antes de tudo terminar. Quem quer que
O rosto de um guarda, iluminado pela fraca luz da vela, apareceu
diante das grades. Era um homem mais velho, o cabelo grisalho e um rosto
duro cheio de rugas. Sem falar nada, ele destravou uma pequena abertura
entre as grades e me passou uma bandeja com pão e um copo de água.
Depois pigarreou e, mantendo os olhos baixos, leu alto de um
pedaço de papel.
— Vim como enviado oficial de Cornelius Hollister para informá-la
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A Última Princesa
Teen FictionUma série de desastres naturais dizimou a terra. Afastada do resto do mundo, a Inglaterra é um lugar sombrio. O sol raramente brilha, a comida é escassa e grupos de criminosos perambulam pelas florestas, buscando caça. As pessoas estão ficando indóc...