CONCRETO OU FACA? ESSAS ERAM AS PALAVRAS QUE
piscavam na minha cabeça enquanto eu me aproximava rapidamente da
água. Quando eu e Mary ficamos mais velhas e mais ousadas em nossos
mergulhos, nos graduamos do galho da árvore perto do lago para
despenhadeiros mais altos. A intensidade da dor depende da maneira como
se mergulha: entrando como uma faca na água, sem problemas. Mas quando
se mergulha do jeito errado, a água pode ser tão dura quanto concreto.
Eu fui caindo, girando no ar, por todo o comprimento da Torre. A
água estava a cerca de três metros de distância quando me ajeitei,
estendendo os braços à frente do corpo, esticando-o, e encostando bem o
queixo no pescoço. Mas a velocidade da queda me fez girar mais uma vez, e
meus pés acabaram atingindo a água primeiro, o que me levou direto para o
fundo lamacento do fosso.
A água era completamente escura. Eu não conseguia ver a
superfície. Entrei em pânico e meus pulmões começaram a queimar por
causa da falta de ar. Alguma coisa parecida com uma mão molhada
encostou na minha bochecha e eu gritei — ou tentei gritar, porque minha
boca se encheu de água. Cobras de esgoto! Comecei a chutar
freneticamente, batendo os braços na água para chegar à superfície.
Eu estava ofegante ao chegar à superfície, sorvendo o ar como uma
pessoa faminta devora um prato de comida. Nadei até a beirada do fosso,
apertando as mãos contra as pedras do muro, procurando alguma coisa,
qualquer coisa, em que me segurar, mas o muro era todo coberto com um
musgo verde-claro que fazia meus dedos escorregarem.
Atravessei a água, chutando e batendo freneticamente nas cobras de
esgoto. Uma delas se aproximou rápido e me mordeu no pescoço. Cobras
de esgoto eram como sanguessugas: para se alimentar, agarravam-se à pele
da vítima e lhe sugavam o sangue. Meu grito ecoou pelo fosso enquanto eu
atirava a cobra para longe de mim.
A ponte levadiça baixou sobre o fosso e soldados correram para
atravessá-la, as armas apontadas para mim. Olhei em volta em pânico,
ainda lutando contra as cobras de esgoto. O único lugar em que eu podia
me esconder era embaixo da ponte, mas seria só uma questão de tempo até
eles perceberem.
Eu precisava lhes dar o que eles queriam. Assim, balancei os braços,
batendo-os acima da cabeça, e afundei. Depois, apareci na superfície de
novo, sem fôlego, e afundei novamente. Então fechei os olhos com força,
segurei a respiração, mergulhei no fundo escuro do fosso e esperei. Meus
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A Última Princesa
Novela JuvenilUma série de desastres naturais dizimou a terra. Afastada do resto do mundo, a Inglaterra é um lugar sombrio. O sol raramente brilha, a comida é escassa e grupos de criminosos perambulam pelas florestas, buscando caça. As pessoas estão ficando indóc...