NÃO CONSEGUI DORMIR. TREMENDO COM OS ARREPIOS E
A febre, fiquei deitada na cama, os olhos abertos, mas sem ver nada. As
faixas de luz acinzentada embaixo da janela me diziam que eu tinha
sobrevivido a mais um dia.
O som alto de batidas na porta ressoou pelo castelo.
Polly estava deitada ao meu lado, o braço apoiado na minha cintura.
Ela se levantou de uma só vez e olhou em volta do quarto. A mãe dela, que
estava cochilando na poltrona, acordou em pânico com o susto.
— Quem estaria na porta a essa hora da noite? — Clara perguntou
assustada.
Ela afastou um pouco a cortina da janela para poder espiar lá fora.
— Sim? Quem está aí? — ela perguntou. — Olá? — não houve
resposta, apenas o som cada vez mais distante de cascos de cavalo ecoando
pelo caminho de pedra.
— É melhor eu ir lá embaixo olhar — George disse. A voz dele
parecia cansada, abatida.
— Vou com você — Polly se ofereceu, mas apertei a mão dela.
Queria que ela ficasse. Estava com medo de ficar sozinha, de morrer
sozinha. Polly entendeu e deitou de novo ao meu lado.
Alguns minutos depois, George entrou no quarto novamente.
— Alguém deixou este pacote do lado de fora da porta — ele disse
sem fôlego, segurando uma embalagem na frente do corpo.
— O que é? — Clara perguntou, pegando a vela da minha mesa de
cabeceira para examinar o pacote. Era um embrulho pequeno, envolto em
papel marrom e amarrado com um barbante. Pude ouvir o farfalhar do
papel sendo desembrulhado e depois o silêncio quando ela segurou o
conteúdo sob a luz bruxuleante da vela. Abri os olhos, fazendo força para
enxergar. Na mão de Clara estava o que parecia ser um frasco de vidro.
— O que diz aí, mãe? — Polly perguntou ansiosamente.
— Penicilina... tome três vezes ao dia por quatro semanas.
— Remédio? — Polly perguntou, excitada, se aproximando do
embrulho. — É remédio! Alguém da cidade deve ter encontrado!
— Deixaram algum bilhete? — Clara perguntou.
Polly olhou dentro do pacote.
— Não — ela respondeu.
Clara parecia desconfiada.
— Talvez tenha sido o senhor Seabrook. Ele estava tentando achar
um pouco hoje de manhã.
— Agora não é hora de nos preocuparmos com isso — George disse
com urgência na voz. — Precisamos agir rápido. Amassar as pílulas e
misturá-las com leite, ou Eliza não vai conseguir engolir.
Polly sentou-se ao meu lado, me levantando para que eu ficasse
VOCÊ ESTÁ LENDO
A Última Princesa
TeenfikceUma série de desastres naturais dizimou a terra. Afastada do resto do mundo, a Inglaterra é um lugar sombrio. O sol raramente brilha, a comida é escassa e grupos de criminosos perambulam pelas florestas, buscando caça. As pessoas estão ficando indóc...