CAMBALEEI DE VOLTA PARA A FILA, O SANGUE FRESCO
pingando da espada que ainda tinha em mãos. Imagens grotescas surgiam
na minha cabeça; levei uma mão à boca. Eu podia ver o sangue jorrando da
ferida daquele homem. Podia sentir a mão do Sargento Fax sobre a minha,
guiando a espada pelo pescoço do prisioneiro, a carne cedendo quando a
lâmina cortou-lhe a pele delicada.
A multidão já estava aplaudindo a próxima luta, distraída demais
para prestar atenção em mim. Fui empurrando e abrindo caminho
cegamente entre eles, as mãos tremendo.
Cambaleei até uma área vazia, em que havia uma passagem que
levava aos claustros. Estátuas de leões, corvos, cavalos, gárgulas e dragões
cobriam as paredes. Eu podia sentir na boca o gosto metálico do sangue do
prisioneiro. Esforcei-me para vomitar, mas eu não tinha nada no estômago.
Fechei os olhos e larguei o corpo no chão, abraçando os joelhos
contra o peito e tremendo incontrolavelmente. Eu tinha acabado com uma
vida inocente. Do outro lado do pátio esquerdo, vi uma banheira de
pássaros despedaçada, feita de pedra, funcionando com água da chuva.
Levantei-me com esforço, me afastando da passagem que levava aos
claustros. A escuridão do céu noturno estava lentamente dando lugar a
outra manhã cinzenta. Consegui chegar à fonte e joguei minha espada lá
dentro. Depois, coloquei as mãos em concha na água gelada da chuva, e
lavei o sangue dos olhos e da boca. A água caía das minhas mãos em
correntes cor-de-rosa.
Fiquei olhando para as enormes paredes de tijolo vermelho que me
cercavam, analisando os restos de estátuas que havia no jardim, quando me
dei conta de que estava sozinha. Eu estava sozinha e de posse de uma arma
mortal. Enfiei a lâmina na água, observando o sangue se diluir. Eu odiava
Cornelius Hollister e o exército dele mais que qualquer sentimento ou
medo que tivesse pela minha vida. Agora que eu era de fato uma assassina,
era hora de encontrar o homem que eu tinha vindo matar.
Examinei o vasto complexo do palácio. Havia luzes acesas no andar
de cima da torre principal. Legiões de tropas patrulhavam a fortaleza. Olhei
lá para cima, para as janelas acesas. Será que Cornelius Hollister estava
morando ali? Na torre principal ele estaria protegido, mas ainda poderia
observar a movimentação do exército. De todos os lugares de Londres, se
instalar no meio do complexo que abrigava o exército dele fazia sentido, e,
dentro do complexo, só a torre principal lhe traria segurança. Mas não seria
fácil chegar lá.
Entrei silenciosamente nos claustros, pisando devagar e parando a
cada poucos metros para ouvir o que acontecia em volta. Eu mantinha a
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A Última Princesa
Teen FictionUma série de desastres naturais dizimou a terra. Afastada do resto do mundo, a Inglaterra é um lugar sombrio. O sol raramente brilha, a comida é escassa e grupos de criminosos perambulam pelas florestas, buscando caça. As pessoas estão ficando indóc...