Capítulo 12

83 8 0
                                    


CAMBALEEI DE VOLTA PARA A FILA, O SANGUE FRESCO

pingando da espada que ainda tinha em mãos. Imagens grotescas surgiam

na minha cabeça; levei uma mão à boca. Eu podia ver o sangue jorrando da

ferida daquele homem. Podia sentir a mão do Sargento Fax sobre a minha,

guiando a espada pelo pescoço do prisioneiro, a carne cedendo quando a

lâmina cortou-lhe a pele delicada.

A multidão já estava aplaudindo a próxima luta, distraída demais

para prestar atenção em mim. Fui empurrando e abrindo caminho

cegamente entre eles, as mãos tremendo.

Cambaleei até uma área vazia, em que havia uma passagem que

levava aos claustros. Estátuas de leões, corvos, cavalos, gárgulas e dragões

cobriam as paredes. Eu podia sentir na boca o gosto metálico do sangue do

prisioneiro. Esforcei-me para vomitar, mas eu não tinha nada no estômago.

Fechei os olhos e larguei o corpo no chão, abraçando os joelhos

contra o peito e tremendo incontrolavelmente. Eu tinha acabado com uma

vida inocente. Do outro lado do pátio esquerdo, vi uma banheira de

pássaros despedaçada, feita de pedra, funcionando com água da chuva.

Levantei-me com esforço, me afastando da passagem que levava aos

claustros. A escuridão do céu noturno estava lentamente dando lugar a

outra manhã cinzenta. Consegui chegar à fonte e joguei minha espada lá

dentro. Depois, coloquei as mãos em concha na água gelada da chuva, e

lavei o sangue dos olhos e da boca. A água caía das minhas mãos em

correntes cor-de-rosa.

Fiquei olhando para as enormes paredes de tijolo vermelho que me

cercavam, analisando os restos de estátuas que havia no jardim, quando me

dei conta de que estava sozinha. Eu estava sozinha e de posse de uma arma

mortal. Enfiei a lâmina na água, observando o sangue se diluir. Eu odiava

Cornelius Hollister e o exército dele mais que qualquer sentimento ou

medo que tivesse pela minha vida. Agora que eu era de fato uma assassina,

era hora de encontrar o homem que eu tinha vindo matar.

Examinei o vasto complexo do palácio. Havia luzes acesas no andar

de cima da torre principal. Legiões de tropas patrulhavam a fortaleza. Olhei

lá para cima, para as janelas acesas. Será que Cornelius Hollister estava

morando ali? Na torre principal ele estaria protegido, mas ainda poderia

observar a movimentação do exército. De todos os lugares de Londres, se

instalar no meio do complexo que abrigava o exército dele fazia sentido, e,

dentro do complexo, só a torre principal lhe traria segurança. Mas não seria

fácil chegar lá.

Entrei silenciosamente nos claustros, pisando devagar e parando a

cada poucos metros para ouvir o que acontecia em volta. Eu mantinha a

A Última PrincesaOnde histórias criam vida. Descubra agora