ALCANÇAMOS UMA CIDADE PEQUENA E QUIETA BEM
QUANDO o céu começou a mudar para um tom mais claro de cinza. Puxei
gentilmente a crina de Calígula, sinalizando que diminuísse o passo,
enquanto observava a fila de pequenas lojas: uma padaria, uma alfaiataria,
uma loja de departamentos. Uma igreja branca de madeira com a torre do
sino apontando para o céu como mãos em oração. A cidade era um oásis,
aparentemente intocada pela destruição de Cornelius Hollister.
As ruas estavam silenciosas. As janelas das casas com tetos de
palha, escuras. Com os habitantes do vilarejo ainda dormindo, me senti
segura para levar a égua até um poço em uma montanha, de onde era
possível ver o centro da cidade. Baixei o balde para enchê-lo de água fresca.
Eu estava com sede, mas deixei-a beber primeiro. Calígula estava correndo
há horas e o pelo dela estava úmido de suor.
Quando ela terminou, puxei um segundo balde de água para mim, e
bebi sofregamente. Tinha um gosto tão puro. Em seguida, me larguei no
chão, as pernas trêmulas pelo esforço de cavalgar por tanto tempo. As
feridas nas minhas costas latejavam e havia marcas vermelhas nos meus
braços. Virei-me de lado, puxando a camisa para cima para tentar ver a
fonte daquela dor, então engasguei: eu tinha um corte profundo por todo o
comprimento da minha coluna. Lembrando-me das instruções de Wesley
para limpar qualquer ferida antes que infectasse, mergulhei o balde mais
uma vez no poço e deixei a água fria lavar minhas feridas. Eu iria precisar
de mais cuidados, mas eu sabia que a mãe de Polly teria algum unguento em
casa se eu ao menos conseguisse chegar até Balmoral.
Lembrei-me da primeira vez que vi Polly. Mary e eu estávamos
caminhando na floresta, procurando amoras, quando vimos uma menina
magra, de aparência suja, vindo na nossa direção. Ela carregava duas cestas
cheias de frutinhas maduras.
— Onde você conseguiu isso? — Mary perguntou, e pude ver que
ela estava preocupada que a menina não tivesse deixado nada para nós.
— Eu achei — Polly respondeu com um sorriso contagiante,
mostrando um buraco entre os dois dentes da frente. Ela tinha cabelo liso,
castanho-avermelhado, olhos verdes e redondos, e sardas salpicadas por
todo o nariz.
— Bom, meu pai é dono de todas estas terras, então, tecnicamente,
elas nos pertencem — Mary disse, utilizando sua voz com entonação da
classe A.
O rosto da menina se anuviou enquanto ela olhava com tristeza
para as cestas cheias de frutas.
— Minha mãe ia fazer geleia.
— Não se preocupe — eu disse rapidamente, olhando duro para
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A Última Princesa
Teen FictionUma série de desastres naturais dizimou a terra. Afastada do resto do mundo, a Inglaterra é um lugar sombrio. O sol raramente brilha, a comida é escassa e grupos de criminosos perambulam pelas florestas, buscando caça. As pessoas estão ficando indóc...