FOMOS ACORDADAS NO MEIO DA NOITE. DO LADO DE
FORA das janelas altas e retangulares o céu estava preto como carvão. Dei
um pulo na cama, em pânico e suando. Alarmes soavam por todo o palácio e
as pesadas passadas dos soldados ressoavam pelos corredores e escada
abaixo, ecoando nas paredes espessas de pedra. Ainda sonolenta, meus
olhos se adaptavam lentamente à escuridão, mas eu conseguia perceber a
silhueta das meninas do quartel vestindo os uniformes com rapidez.
— Rápido, vista-se — Vashti disse.
— O que está acontecendo? — eu perguntei, confusa.
— É a Noite da Morte — Vashti respondeu, apertando o cadarço
das botas. Enquanto dava os nós, pude ver que as mãos dela tremiam.
— Noite da Morte? — eu engasguei ao pronunciar essas palavras.
Ela se sentou ao meu lado.
— Eles pegam os prisioneiros capturados nos assaltos noturnos e
fazem pares com os soldados da Nova Guarda. Depois, lutamos com eles
até a morte. É um treinamento de guerra.
No escuro, tentei olhar para os olhos castanhos de Vashti,
absorvendo as palavras dela. Depois ouvi a voz de Portia nos chamando da
— Estejam no pátio em dez minutos para o Teste de Patente.
— Corra — Vashti disse de novo, tocando no meu ombro. — Você
precisa colocar seu uniforme.
A noite estava fria e escura. Fiquei perto de Vashti, seguindo as
longas filas de soldados do palácio para a área externa. Ao longe, as chamas
das tochas iluminavam o pátio murado, lançando sombras bruxuleantes e
fumaça. As chamas pulavam loucamente com o vento, e pedaços de fogo se
soltavam e morriam no ar.
— Para o pátio externo — um soldado chamou, e as tropas
marcharam em fila para o que antes foram fontes e gramados com arbustos
aparados. Sob a luz das tochas ardentes, olhei para os guardas patrulhando
os corredores entre as torres e a torre de observação que dava para os
pátios. Sob a fumaça que saía das lamparinas de carvão, guardas
caminhavam para cima e para baixo, vigiando a área.
A multidão de soldados reunida no pátio assistia a tudo com
ansiosa expectativa. Um caminhão a diesel roncou ao longe, e o brilho dos
faróis lançava uma luz no chão pavimentado de pedra. As palavras pintadas
em preto na lateral do caminhão, como um cartaz gigante, diziam: UMA
NOVA GUARDA PARA NOVOS TEMPOS.
Um silêncio se espalhou pela multidão quando um soldado se
aproximou da traseira do caminhão. Os guardas se afastaram enquanto ele
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A Última Princesa
Teen FictionUma série de desastres naturais dizimou a terra. Afastada do resto do mundo, a Inglaterra é um lugar sombrio. O sol raramente brilha, a comida é escassa e grupos de criminosos perambulam pelas florestas, buscando caça. As pessoas estão ficando indóc...