Capítulo 18

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O SOM DO MEU NOME VERDADEIRO ME FEZ CONGELAR.

UMA coruja piou lá em cima, aninhada como uma estátua no galho de uma

árvore. Tudo estava em câmera lenta, como se o tempo tivesse

desacelerado.

— Você sabe quem eu sou — eu disse, mas minha voz era quase

inaudível. O ar noturno deixava minha pele fria. Estava tão escuro que eu

mal podia ver Wesley parado na minha frente.

— Sim — ele respondeu.

— Alguém mais sabe?

— Não que eu saiba.

Dei um passo para trás.

— Como? Onde...? — balancei a cabeça antes de fazer a pergunta

que me perseguia há semanas: — Por que você me deixou escapar naquela

noite no palácio?

Ele também balançou a cabeça, como se esperasse a pergunta.

— Eu olhei para seus olhos e... não consegui fazer aquilo — Wesley

fez uma pausa, procurando as palavras. — Por favor, confie em mim.

Pensei nas vezes em que ele tinha ficado sozinho comigo, com uma

arma em punho enquanto eu estava desarmada. Se ele quisesse me matar, já

o teria feito. Finalmente concordei.

— Para onde vamos? — eu perguntei, ainda tonta, enquanto

caminhávamos juntos em direção ao centro do campo.

— Você vai ver — ele respondeu de maneira sombria.

Dentro do edifício de concreto e sem janelas, os cavalos de guerra de

Cornelius Hollister se debatiam atrás das largas portas das baias. Eles eram

pelo menos uma cabeça mais altos do que os cavalos normais e tinham os

olhos injetados de sangue, cheios de ódio. Os cascos de aço dos animais

coiceavam o chão raivosamente. Eles davam cabeçadas com tanta força nas

portas das baias que alguns estavam com a pele em carne viva e parte do

osso aparecendo.

Wesley selou uma égua preta e branca enquanto eu me escondia na

sombra do umbral da porta, de guarda. As selas e as rédeas ficavam

penduradas em suportes nas paredes, e eram tão grossas que pareciam mais

armaduras do que acessórios de cavalaria. Pensei em Jasper e senti um

calafrio. Estas criaturas tinham sido criadas para a guerra, tinham sofrido

maus-tratos desde que nasceram. Elas eram máquinas de ódio e destruição.

Observei Wesley colocar um freio cheio de pontas na boca da égua

e reprimi um grito de protesto.

— Você não pode usar isso! — eu sussurrei alto. — Vai machucá-la!

— Eu sei — ele balançou a cabeça tristemente. — Mas eles não

obedecem aos freios normais — e, dizendo isso, puxou o animal gigante de

A Última PrincesaOnde histórias criam vida. Descubra agora