Capítulo 24

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EU FLUTUAVA ENTRE A CONSCIÊNCIA E A

INCONSCIÊNCIA, ardendo em febre. Alguém me levou para minha cama e

me dava colheradas de água. No começo, pensei que Polly e eu estávamos

dançando na chuva, com a língua de fora para beber as gotas de água.

Depois vi o rosto dela flutuando sobre mim, franzindo as sobrancelhas, e

me lembrei.

Também havia uma mulher de voz doce e mãos gentis. Ela apoiava

minha cabeça no colo dela, tentando me dar sopa, mas eu não conseguia

engolir. Então um homem apareceu, vestido com um casaco escuro e

carregando uma pequena caixa de remédios. Ele se sentou ao meu lado na

cama e tirou minha temperatura embaixo do braço, do jeito que minha mãe

fazia quando eu era criança.

— Quarenta e um — a voz dele parecia grave. — Precisamos de um

antibiótico para combater a infecção.

— Devemos levá-la? — Polly perguntou, a voz cheia de

preocupação.

— Ela está doente demais para sair daqui — o médico disse.

Um grupo se juntou em torno dele falando baixo e de forma solene.

Com a Nova Guarda tomando conta das farmácias e dos hospitais, o

médico não conseguia os remédios de que precisava para me ajudar. Vi

Polly correr para fora do quarto, mas depois desmaiei.

O delírio era uma fuga muito bem-vinda. Minha mente se

abarrotava com lembranças felizes e tão vívidas que eu podia ouvir de

verdade a voz da minha mãe e sentir o perfume do óleo de rosas que ela

costumava usar. Eu sentia o pelo macio de Bella, assim como o focinho

molhado e frio dela. Mas, quando a tremedeira voltava, voltavam também

os pesadelos: Mary, um esqueleto entre as grades; Jamie morrendo sozinho

em um leito de prisão; a imobilidade nos olhos do meu pai enquanto ele

sangrava até a morte no chão do salão de festas.

Acordei gritando, tentando me levantar.

— Está tudo bem, Eliza — Polly dizia enquanto comprimia um

pano úmido na minha testa. O quarto entrou em foco e deitei de novo no

travesseiro, sentindo o som das batidas do meu coração nos ouvidos.

— O que o médico disse? — eu perguntei.

Como ela não respondeu, eu sabia que não tinham encontrado

nenhum antibiótico.

— Estamos fazendo o possível. Fui ao mercado hoje de manhã — eu

podia ver pelo tom de voz de Polly que ela estava começando a chorar. — O

senhor Seabrook, o antigo químico, disse que talvez soubesse onde achar.

Vou voltar lá amanhã de manhã. Mamãe está na cidade, batendo de porta

A Última PrincesaOnde histórias criam vida. Descubra agora