EU FLUTUAVA ENTRE A CONSCIÊNCIA E A
INCONSCIÊNCIA, ardendo em febre. Alguém me levou para minha cama e
me dava colheradas de água. No começo, pensei que Polly e eu estávamos
dançando na chuva, com a língua de fora para beber as gotas de água.
Depois vi o rosto dela flutuando sobre mim, franzindo as sobrancelhas, e
me lembrei.
Também havia uma mulher de voz doce e mãos gentis. Ela apoiava
minha cabeça no colo dela, tentando me dar sopa, mas eu não conseguia
engolir. Então um homem apareceu, vestido com um casaco escuro e
carregando uma pequena caixa de remédios. Ele se sentou ao meu lado na
cama e tirou minha temperatura embaixo do braço, do jeito que minha mãe
fazia quando eu era criança.
— Quarenta e um — a voz dele parecia grave. — Precisamos de um
antibiótico para combater a infecção.
— Devemos levá-la? — Polly perguntou, a voz cheia de
preocupação.
— Ela está doente demais para sair daqui — o médico disse.
Um grupo se juntou em torno dele falando baixo e de forma solene.
Com a Nova Guarda tomando conta das farmácias e dos hospitais, o
médico não conseguia os remédios de que precisava para me ajudar. Vi
Polly correr para fora do quarto, mas depois desmaiei.
O delírio era uma fuga muito bem-vinda. Minha mente se
abarrotava com lembranças felizes e tão vívidas que eu podia ouvir de
verdade a voz da minha mãe e sentir o perfume do óleo de rosas que ela
costumava usar. Eu sentia o pelo macio de Bella, assim como o focinho
molhado e frio dela. Mas, quando a tremedeira voltava, voltavam também
os pesadelos: Mary, um esqueleto entre as grades; Jamie morrendo sozinho
em um leito de prisão; a imobilidade nos olhos do meu pai enquanto ele
sangrava até a morte no chão do salão de festas.
Acordei gritando, tentando me levantar.
— Está tudo bem, Eliza — Polly dizia enquanto comprimia um
pano úmido na minha testa. O quarto entrou em foco e deitei de novo no
travesseiro, sentindo o som das batidas do meu coração nos ouvidos.
— O que o médico disse? — eu perguntei.
Como ela não respondeu, eu sabia que não tinham encontrado
nenhum antibiótico.
— Estamos fazendo o possível. Fui ao mercado hoje de manhã — eu
podia ver pelo tom de voz de Polly que ela estava começando a chorar. — O
senhor Seabrook, o antigo químico, disse que talvez soubesse onde achar.
Vou voltar lá amanhã de manhã. Mamãe está na cidade, batendo de porta
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A Última Princesa
Teen FictionUma série de desastres naturais dizimou a terra. Afastada do resto do mundo, a Inglaterra é um lugar sombrio. O sol raramente brilha, a comida é escassa e grupos de criminosos perambulam pelas florestas, buscando caça. As pessoas estão ficando indóc...