LEVANTEI ASSUSTADA E ME SENTEI NA CAMA, ARFANDO
DE falta de ar. O pesadelo já tinha passado, mas alguns fragmentos
perduravam, girando nos cantos da minha cabeça. Mary e Jamie presos em
uma cela de aço enquanto homens com casacos brancos vinham torturá-los.
Eu correndo loucamente por um labirinto, ouvindo os dois, mas sem
conseguir encontrá-los.
Era madrugada alta e Wesley ainda dormia ao meu lado. A cabeça
dele estava deitada no travesseiro que estávamos dividindo, o cabelo
ondulado caindo-lhe na testa, brilhando como prata fina sob a luz da lua.
Inclinei-me para beijá-lo na bochecha.
— Adeus — eu sussurrei.
Senti o ardor de súbitas lágrimas brotando enquanto me afastava da
cama, torcendo desesperadoramente para que ele não acordasse, para que
eu ficasse livre para me lembrar dele daquele jeito.
Algumas brasas ainda brilhavam na lareira. Tateei no escuro em
busca da vela, que acendi em uma brasa quase apagada. Com a luz da vela,
calcei apressadamente as botas e abotoei o casaco do uniforme. A arma
estava na mesa de centro redonda, onde eu a tinha deixado. Enfiei-a no
Olhei para trás, pela porta do quarto, uma última vez. Eu estava
colocando Wesley em perigo ao deixá-lo lá sem um cavalo. Mas ele tinha
uma arma para protegê-lo, além de conhecer bem a floresta. Quando
acordasse, o sol já teria nascido e ele estaria em suficiente segurança para
caminhar de volta para o acampamento.
O ar da madrugada estava frio e úmido. Antes de sair, beijei a
parede perto da porta. Era uma superstição que eu tinha herdado da minha
avó: ela sempre dizia que, se você beija a porta antes de sair, isso lhe
assegura um retorno seguro. E eu esperava, contra todas as probabilidades,
que um dia eu pudesse voltar àquela casa com Wesley.
Olhei para a noite fria e escura, procurando pelo menos uma estrela
para me guiar, mas não havia nenhuma. Calígula, ainda amarrada à estaca,
estava dormindo em pé: uma sombra escura contra um céu ainda mais
escuro. Olhei amedrontada para o corpo enorme daquele animal e
arranquei um punhado de grama do chão.
— Calígula? Tome, garota — eu murmurei, oferecendo-lhe a grama
e depois esticando a mão para fazer carinho no nariz dela. Ao sentir o toque
da minha mão, ela empinou, me deu um coice e bufou, mostrando os
dentes. Dei um pulo para o lado. Tentando se libertar, ela puxava
bruscamente as rédeas presas na estaca, e a corrente em volta do pescoço
dela começou a chacoalhar.
Respirei fundo. Eu andava a cavalo desde que aprendera a andar,
mas nunca tinha visto um animal assim, criado para a destruição.
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A Última Princesa
Novela JuvenilUma série de desastres naturais dizimou a terra. Afastada do resto do mundo, a Inglaterra é um lugar sombrio. O sol raramente brilha, a comida é escassa e grupos de criminosos perambulam pelas florestas, buscando caça. As pessoas estão ficando indóc...