06 - Reencontro

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O padre correu em direção ao salão da igreja e eu o segui com o coração disparado. Eles estavam lá por mim. A primeira visão, assim que o padre John acendeu a luz amarelada, foi dos vidros das janelas quebrados e espalhados pelo chão, assim como os bancos de madeira. Eu respirava tentando me acalmar e procurava quem havia feito aquilo, apesar de que eu já sabia.

— Corra, Sara. — me alertou cochichando. Eu o olhei assustada, para onde eu iria? O que eu iria fazer e que chances eu teria sozinha? — O que você está esperando?! Saia daqui! – insistiu gritando. Sua têmpora já estava coberta de suor enquanto ele procurava as pessoas só movimentando a cabeça.

Comecei a correr em direção a porta, tropeçando nos meus próprios pés. Não tinha nenhum rumo pré-definido, porém eu precisava primeiramente sair dali. "Não olhe para trás" eu repetia para mim mesma como um mantra. O medo misturado com a ansiedade me dominava por completo, como se meu corpo esperasse que algo acontecesse. Como se eu soubesse que algo aconteceria. Meus cabelos desprenderam do coque e me chicoteavam enquanto o pequeno salão aparentava ser maior do que realmente era.

— Eu acho que não... — a loira apareceu na minha frente quando eu estava quase na porta, me fazendo parar bruscamente engolindo em seco. Sua voz era meiga e infantil.

Ela caminhava em minha direção, com passos lentos e firmes, fazendo o toque de sua bota ser o único som que eu escutava entre o silêncio. Umedeci meus lábios, já sentindo meus olhos arderem. Era o meu fim. Afinal eu estava cara a cara com a morte. E, a mesma me encarava um sorriso vitorioso nos lábios.

— Cristine. — suspirei com pesar, me lembrando que Josh havia dito seu nome no dia anterior.

— Olha só para ela. Pensei que fosse algo maior e mais difícil de se pegar, Cristine. — uma morena apareceu diante de meus olhos, se posicionando ao lado da loira e ironizou minha fuga com um sorriso.

Ela estava junto com eles no dia em que eu ouvi o maldito termo. Era do meu tamanho, porém aparentava ser muito mais irônica e com um corpo mais avantajado que os meu, seus cabelos negros eram enormes e caiam até a altura de seu quadril. Ela usava um batom vermelho sangue e sorria mostrando os seus dentes brancos.

— Se não fosse o traidor ela não estaria mais entre nós. — Cristine respondeu com um leve ar de irritação.

— Olha só o que nos obrigou a fazer. Matar seus dois amiguinhos.... — a amiga de Cristine dizia insinuando um pesar.

— Ninguém obrigou nada a vocês. — não pude conter a resposta. Se eu iria morrer, não iria ser sem ao menos tentar sobreviver.

— Saiam da minha igreja. — ordenou o padre caminhando em minha direção com uma fúria no olhar. — Ou eu vou.... — ele tinha uma pequena cruz em mãos. Sua face demonstrava o quanto tenso ele estava.

— Vai o que? — admirou-se a morena com desdém. — Seu idiota... Acha mesmo que tem alguma chance contra nós? — a morena riu de uma maneira superior levando sua mão direita na cintura.

— Eu sempre quis encontrar um padre. — Cristine riu, analisando John da cabeça aos pés.

— ELE NÃO PRECISA MORRER! — urrei a interrompendo. Minha voz não saiu como eu planejava, forte e ameaçadora. Ao contrário, saiu embargada e trêmula.

— Não ouse tocar em mim, filha do demônio. — sibilou padre John entre dentes.

— Chega de conversinhas... isso já está me dando sono. — a morena apareceu ao meu lado, enrolando meus cabelos em sua mão e por uma fração de segundos eu me via no ar, já vendo minha vida toda passar diante de meus olhos.

Noites SombriasOnde histórias criam vida. Descubra agora