John estava morto. Mika se levantou com a expressão ainda de fúria e me fitou com um sorriso que demonstrava a sua satisfação em matar John. A única pessoa que se importava comigo havia sido morta e naquele momento eu tinha ciência de que era a próxima. Meu corpo ainda doía como se tivesse tido um longo e cansativo dia, entretanto eu me mantinha em pé.
A grande porta de madeira que estava toda lacrada por dentro como de costume, passou por entre eu e Mika, caindo entre os pedaços dos bancos de madeira. Fitei Josh adentrar ao lugar com uma faca em mãos. Mika desviou sua atenção de mim correndo em sua direção, assim como Cristine.
Era a chance que eu tinha para sair dali, mas para onde eu iria? O que eu poderia fazer sozinha? Me escondi atrás de um dos pilares de concreto que sustentava a igreja me encolhendo com um enorme vazio em meu coração. Minha respiração estava pesada e ao fitar as manchas de sangue em minha roupa eu sentia um nojo imenso de mim mesma. Eu ainda não conseguia aceitar a morte de John, ainda mais devido a tamanha brutalidade que haverá acontecido.
— Eu te amei! — Cristine gritou e eu senti todo o meu corpo arrepiar. Por um momento todo o salão havia ficado em silêncio. — Eu te dei um motivo para viver!
Pelo modo como ela dizia, Josh estava imobilizado. Eu precisava ajuda-lo. Mas como? Sai de trás do pilar fitando a loira segurando Josh contra seu corpo com a lamina da faca rente ao seu pescoço. Mika olhava tudo com um sorriso nos lábios e também com uma faca em mãos, como se estivesse preparada para caso Josh tentasse algo.
— Eu te dei tudo e você me trocou por uma vadia humana!
— Eu lutava pela minha vida. — respondeu entre dentes e ao mesmo tempo eu via ele retirando uma faca do bolso enquanto falava, com muito cuidado.
Aquela faca era a mesma que ele havia a golpeando quando foram em minha casa. Por algum motivo que eu desconhecia aquela faca lhe causaria uma dor muito grande.
— Você precisa entender que não existe amor em um demônio! — ele golpeou a mulher na barriga e ela caiu de joelhos agonizando de dor com as duas mãos na faca. Em sua face havia um misto de surpresa, decepção e dor. — Acabou para você!
Ele retirou a faca da sua barriga e vi a mulher caindo já sem vida, afinal Josh havia rasgado o seu pescoço com sua rapidez que meus olhos não conseguiam acompanhar. Os olhos me fitavam arregalados, e o sangue que saia do corte profundo em seu pescoço tomava conta do chão empoeirado. E uma lágrima havia se desprendido do seu olhar, se misturando junto ao líquido quente avermelhado. Cristine o amava.
— NÃO! — Mika urrou deixando a sua faca cair no chão. E, por uma fração de segundos eu não a via mais. Ela haveia fugido.
O alivio caiu sobre minhas costas por um momento, porém assim que eu fitei os corpos no chão fui dominada por uma angustia. Cristine, Dean e John. Caminhei em sua direção, deixando o alivio escorrer de mim como água. Porém não como uma água limpa e pura, e sim completamente ao contrário. Uma água imunda e cheia de dor, arrependimentos e culpa. Como se um buraco negro abrisse sobre a planta de meus pés cai de joelhos ao seu lado. Ele parecia dormir, e o sangue em sua roupa escura esta notável, assim como os buracos da faca no tecido. John havia cuidado de mim, sem receber nada em troca. John havia me dado o sentimento de ter alguém me protegendo, me deixando segura. Lembrei-me das suas palavras: " Você é a filha que eu nunca tive. " Do como eu me sentia confortável e segura em seu abraço paterno. Minha alma desejava que aquele abraço retirasse aquela dor.
Uma força me puxou para trás, como se quisesse me levantar a força. Fitei seu rosto, Josh, me olhando esgotado. Em torno dos seus olhos o roxeado era predominando e havia alguns cortes em sua face.
— Ele se foi. — afirmou sem nenhum pesar. — Mika fugiu...
— Por SUA CULPA! — eu urrei o tapeando no rosto. Meus dedos arderam porém eu ignorei a dor fitando sua postura se manter a mesma.— SUA CULPA! SEU MALDITO! VOCÊ FEZ ISSO COM ELE! — eu gritava repetidas vezes as mesmas acusações o golpeando seu peitoral. As lágrimas caiam de meus olhos enquanto eu me debatia ainda presa aos seus braços. — VOCÊ FEZ ISSO!
Era como golpear uma pedra. Ele não reagia, não mudava sua expressão ou demonstrava algum sinal.
— Ele não pode morrer. — dizia para mim mesma com a mão na boca, fitando tudo ao meu redor. Quase tudo destruído, e o sol alaranjado e ainda fraco se tornando visível entre as nuvens. Me sentia vazia, com ódio e sem algum rumo.
O homem que o padre havia matado soltou um gruído me despertando das minhas lamentações e pensamentos.
— Por favor. — ele dizia.
Hesitei, mais fui em sua direção ainda em prantos. Josh apareceu ao seu lado rapidamente. Porém eu ainda mantinha uma distância segura do mesmo.
— Você consegue se lembrar seu nome? — indagou com uma excitação e surpresa na voz. — Tá tudo bem... — dizia Josh repetidas vezes enquanto o homem chorava fazendo uma careta. Seu choro parecia ser dolorido e ao mesmo tempo libertador.
— Eu enfim estou morrendo? — indagou entre o choro. Sua voz saia como um suspiro lento e frágil.
— Vai ficar tudo bem... — Josh falava o fitando com enfim um pesar. — Não lute. Você está livre. — disse pausadamente e o homem fechou seus olhos e seu rosto caiu para o lado.
Eu não havia entendido muito bem, mas aquele não era o demônio que o padre havia matado. Se fosse, não teria demonstrado fraqueza. Não teria aceitado a morte como uma velha amiga.
— O seu corpo estava possuído. Ele agora, enfim, pode morrer. — explicou rapidamente vendo que eu não havia entendido nada.
A igreja estava praticamente destruída. Os bancos de madeira quebrados e jogados, as vidraças todas quebradas. O único lugar que estava intacto era o altar. Lá, nenhum deles havia quebrado ou se quer adentrado.
Voltei a caminhar em direção ao corpo do padre, tentando fugir da responsabilidade de pensar no que era certo fazer naquele momento. As pessoas que queriam me matar estavam mortas, mas, e eu? Estava praticamente morta também. Um pedaço da minha vida, da minha personalidade havia ido com a minha mãe com o padre John. Meu coração doía e a culpa pesava em minhas costas.
— Sara. Eu nunca planejei... eu tentei consertar tudo isso.
— Cala a boca. — respondi sem forças para lhe dar uma resposta maior.
— Me desculpe. — ele disse friamente e entre dentes. Como se aquilo lhe causasse alguma dor.
E eu o ignorei. Não iria dizer que o perdoava, porque isso não era verdade. Fitei John com os olhos novamente marejados sem conseguir me recordar de alguma lembrança feliz. Meu cérebro não me obedecia como deveria.
E então John abriu os olhos procurando ar loucamente.
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Oi gente! Mais um capítulo para vocês.
As coisas estão mudando... se complicando. E eu espero que vocês estejam gostando.
Enfim, tenham uma boa semana e até domingo.
Muuuuuito obrigado por todos os comentários e favoritos. Vocês são d+!!
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Noites Sombrias
FantasiaE se o mundo onde vivemos fosse totalmente maior do que somos capazes de ver? E se a vida fosse muito mais além do que podemos saber? A jovem Sara descobriu da maneira mais trágica como é crescer aos olhos de um demônio, e o quão grande pode ser o...