Abri meus olhos, e tentei me concentrar em algo específico.
— Se concentra. — Josh me lembrava a cada minuto em que eu fitava o nada em vão.
O dia estava lindo. E Josh havia escolhido um lugar bem movimentado para que eu treinasse minha audição.
Mordi meu lábio inferior enquanto tentava focar minha atenção em somente uma coisa. Vozes se misturavam, barulhos de objetos e celulares.
O dia estava lindo. E Josh havia escolhido um lugar bem movimentado para que eu treinasse minha audição.
— Eu não consigo fazer isso. — murmurei irritada.
Eu não gostava de me sentir pressionada e estar ali, rodeada de pessoas, era como se todas elas estivessem me olhando.
— Claro que consegue... vamos lá. Tenta de novo. — Josh que estava sentado ao meu lado insistia com um sorriso incentivador.
Fitei tudo a aminha volta. O que as pessoas estariam pensando de mim? Uma louca parada no meio da praça tentando se concentrar. As pessoas passavam por entre os bancos da pequena praça, e outras ficavam debaixo das árvores do lugar, que resultavam em uma sombra fresca.
Inspirei e suspirei profundamente. E de olhos abertos eu procurava algum som que se destacava entre os outros. Carros passando, motos, conversas, um toque no celular. Era um som agudo e repetitivo, como um despertador. Fechei meus olhos e concentrei minha mente no som. Anda logo, pensava tentando ficar calma.
— Oi, Sophia!
— Hey, Julian!
Eu conseguia ouvir. Abri meus olhos com um sorriso entusiasmado.
— Deu certo! — disse, e soou um pouco infantil. Como uma criança quando consegue algo bom.
— Eu te disse. — Josh riu. Ele parecia feliz.
— Obrigada. — admiti um pouco envergonhada. Josh estava sempre certo.
Josh havia me ajudado mais uma vez. Fitei seu sorriso envergonhado voltando a sentir o mesmo sentimento de antes... algo que eu não conseguia decifrar. Ele sempre estava me ajudando, mesmo que sem nada em troca. Isso me fazia me sentir um pouco mal, por ser tão dependente.
— Você ainda quer voltar para a casa do seu pai?
— Por enquanto... é a melhor coisa a se fazer. – sorri, vendo que ele tocava mais uma vez no assunto.
— Será que vamos nos ver novamente?
O modo como ele havia falado soou como uma despedida dolorida. E eu nunca gostei de despedidas.
— Claro que sim. — tentei rir para descontrair. — Mas vamos parar de conversar... tenho que ver como estão as coisas.
Morar com meu pai era algo que eu não havia parado para pensar muito bem. Apesar de que naquele momento era o melhor a se fazer. Depois de tudo que havia passado — incluindo seu total "foda-se" em relação a mim. Eu não me importava mais com seu jeito. E estava disposta a mudar. A tentar entende-lo e fazer nossa relação voltar a ser como antes.
— Okay... okay. Deixe-me levar a donzela ao seu castelo. — ele riu novamente.
E eu assenti, decidida.
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Noites Sombrias
FantastikE se o mundo onde vivemos fosse totalmente maior do que somos capazes de ver? E se a vida fosse muito mais além do que podemos saber? A jovem Sara descobriu da maneira mais trágica como é crescer aos olhos de um demônio, e o quão grande pode ser o...