15 - Passado

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— Josh. — ela respondeu com os olhos brilhantes. E ao mesmo tempo pude ouvir o barulho em sua garganta ao engolir em seco. Como se toda aquela calma estivesse sendo mudada... ela também estava surpresa.

— Mãe? — indaguei sem entender. Josh nunca havia me falado que tinha ainda uma mãe. Eu acreditava que ele fosse sozinho...

— Mãe? — John fez o mesmo fitando a mulher surpreso.

— O que você tá fazendo aqui? — Josh parecia controlar a irritação.  Eu já disse para você sumir da minha vida! — ele se afastou, dando as costas.

Eu não sabia o que falar, e se deveria falar. Era muito confuso saber que Josh tinha uma mãe e que ela ainda estava viva, e aparentemente nova. Ela não era humana... seu cheiro era, diferente. Eu ainda não conseguia distinguir muito bem humanos e demônios, mas humanos eram cobertos por uma quantidade de odores diferentes. Um aroma específico.

— Filho, aqui não é lugar. — alertou, se aproximando de Josh. Ele ainda estava de costas, fitando o nascer do sol.

— Eu não sou seu filho mais. — ele urrou entre dentes. Vi ele fechar as duas mãos e sua têmpora soar. —  Eu vou embora daqui. — concluiu depois de alguns segundos em que ele parecia tentar controlar a sua raiva. Ele não olhava para trás, e por algum motivo que eu desconhecia, ele parecia estar chorando.

A mulher demonstrava uma mistura de vergonha e choque e então deu as costas, indo em direção ao John de cabeça baixa.

— Me desculpe. — ouvi ela dizer.

Era muito estranho conseguir ouvir um mero cochicho distante.

— Você não tem culpa. — John respondeu cochichando.A surpresa em sua voz havia se transformado em compreensão. Ele sabia sobre a mãe de Josh?

Eu não conhecia o fato dele ter mãe e o motivo que o deixava tão irritado com a mesma. Só sabia que Josh estava sempre me ajudando e cuidando de mim. Eu devia pelo menos entende-lo em troca.

— Josh. — disse rapidamente. — Eu vou com você.

Ele entrou no carro batendo a porta e eu fitei John com um ar de "até mais". Entrei no carro e fitei que Josh segurava o volante com uma firmeza, ele estava tenso, perdido em seus pensamentos que eu agradeci por não poder ouvir.

— Josh, tá tudo bem? — indaguei receosa sabendo a resposta. Do que ele seria capaz com tamanha fúria?

Ele ligou o carro que reagiu rapidamente e saiu dirigindo sem precaução. Durante todo o caminho eu fitava seu rosto que não se alterava. Ele pensava, refletindo consigo mesmo. E isso parecia estar o machucando, causado uma dor. A principio eu senti medo... receio, porém, logo em seguida vendo que ele travava um batalha consigo mesmo o maior sentimento que predominava dentro de mim era a dó. Havia esquecido todos os problemas... dores. Tudo que havia acontecido comigo.  Quando avistei o prédio, alto e luxuoso, me senti mais confortável para puxar algum assunto com ele. Subimos de elevador e Josh parecia procurar as palavras, ainda muito silencioso e frio. 

— Josh, você vai continuar me ignorando? — indaguei entrando no apartamento seguindo ele.

— Me desculpa. — pediu ainda friamente.

Fitei seu rosto e vi seus olhos avermelhados. E as lágrimas se formavam e ele as secava com certa brutalidade.

— O que aconteceu entre você e sua... — eu não sabia qual palavra usar. Tentei ser bem delicada ao falar, vendo que ele estava atingido. Era a primeira vez que eu o via assim.

— Ela quem me deu a vida, Sara. — ele disse, golpeando o abajur e o jogando longe. Em seguia ele levou a mão a boca. Ele agora chorava compulsivamente. — E depois se transformou em um demônio e me largou. Forjou a morte sumiu. Me deixou ser criado meus pelos meus tios. — ele golpeou a televisão, que abriu um buraco. Vi seu sangue nos vestígios. Eu assistia tudo deixando-o falar, assim, ele aliviaria sua raiva. — Eu cresci escutando que era um órfão. Cresci vendo meus primos ganharem coisas e eu precisar ser feliz por ter um teto e uma comida na mesa. E depois de anos, depois de transformado ela aparece... mas eu não a quis de novo em minha vida.

— Josh... — suspirei. Eu não sabia o que falar. Era realmente uma história muito triste. E, sua dor era compreensível. 

— Ela que escolheu isso, Sara. Ela pediu para se transformar e ela quis me deixar... ela podia ter esperado eu estar maior para partir. Ninguém iria perceber... você não vê o quanto ela foi mesquinha? — ele me olhou e em sua face havia uma mistura de magoa, dor e tristeza.

— Vem aqui. — eu disse e o puxei para meu colo, o abraçando. Seu abraço era bom, ele me transmitia um sentimento de carinho. — Não fica assim...shhh— acariciei seus cabelos, ouvindo sua respiração.

Queria demonstrar que tudo estava bem ali comigo. Que envolto em meu colo, nada de ruim o aconteceria. Afinal, dentro dele havia ainda uma pequena criança traumatizada. Uma pessoa que não sabia lidar com os problemas.

Ele estava realmente abalado... talvez era a segunda vez que ele revia a mãe. Fazer algo que não queremos é realmente muito ruim. Enfrentar uma magoa, tentar quebrar algo tão sólido dentro de nós, machuca mais que mil espadas nos perfurando.

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Olha eu aqui de novo! haha

Vocês estão gostando da frequência de postagens? Não se acostumem em... hahaha

Hoje vimos um pouco mais do passado do Josh. Confesso que fico bem chateado em ver o quanto ele sofreu... =/

Vocês gostaram do capítulo?

Obrigado pelos 3k de visualizações!! Vocês são muito especiais em minha vida!

Um grande abraço e até logo! ^^^



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