13 - Realidade

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Abri meus olhos e me olhei no espelho apoiando minhas mãos na escrivaninha de madeira que estava coberta de perfumes e loções. Fitei o espelho que refletia minha face. Meus cabelos loiros caiam lisos até o meu quadril; usava um vestido azul que caia até os meus pés, coberto de brilho e com um corte que mostrava a minha perna direita. Usava um salto preto e alto.

— Você é linda. — ele riu, me encarando com um olhar malicioso. Sorri provocando e mordi meu lábio inferior.

Ele usava um terno escuro, e estava deitado confortavelmente na cama, enquanto me olhava.

— Quero te dar os céus, Lua. — ele riu com a própria piada.

Me sentei na cama, cruzando as pernas. Ele se aproximou de mim, abrindo o vestido calmamente, deixando leves beijos molhados. Arrepiei com o toque e olhei-o com o canto dos olhos, em seus lábios ele tinha um sorriso malicioso.

— Eu serei o seu príncipe. — sussurrou.

"Eu não posso garantir o mesmo" pensei, maliciosamente. Tomada pelo extinto.

                                                                                         §§§

A escuridão tomou conta de mim novamente. Meu corpo rejeitava toda a dor, e eu já sentia cada músculo perfeitamente. Seria assim, o outro lado? Seria assim morrer? O ar foi se acabando, a escuridão já não era mais confortável. Eu não sabia como parar a ardência de meus pulmões e eu cai de joelhos procurando ar. 

Abri meus olhos procurando ar loucamente, respirava ofegante e assustada fitando as pessoas a minha volta. Josh, John, e uma mulher desconhecida que estava de mãos dadas com outro homem. Eu deveria ter morrido, pensava. Isso não é para estar acontecendo. Foi então que me lembrei do que Josh havia feito. Ele havia me transformado. Fitei a face de John que me olhava curioso e de Josh, que agora estava aflito. O casal me olhava docemente.

Desci da cama, fitando o quarto que eu desconhecia. Eu não sabia definir qual era os sentimentos dentro de mim. Era uma mistura de curiosidade, medo e nojo. Fitei a cama de casal, que por algum motivo parecia ser muito mais nítido para mim todos os detalhes, —  o tom amarelado que antigamente eu não notaria, os pequenos flocos de pé sobre o lençol, a marca de meu corpo que ainda estava ali. — assim como a respiração de todos que estavam no ambiente, — alguns, respiravam calmamente, enquanto outros, respiravam aflito.—  Caminhei em direção a escrivaninha que havia no quarto, fitando-me no espelho, contemplando a minha feição. Meus olhos estavam mais vivos, brilhosos, meus cabelos em um tom mais intenso de castanho, minha boca fortemente rosada. Eu não tinha nenhuma cicatriz, devido tudo que aconteceu. Eu era uma súcubus. E pensar nisso me causou uma tristeza e revolta. 

Tudo agora estava fácil de se compreender, eu era aquela mulher loira. Então se alimentar é assim... pensei. Eu me tornava outra pessoa, sem conseguir me controlar ou me reconhecer. Sendo totalmente guiada pelo extinto.

— Sara? — John me chamou interrompendo meus pensamentos. Em sua voz havia expectativa.

Me virei para olhar sua face. Eu sentia meus olhos transbordando as lágrimas que rolavam em minhas bochechas, eu não queria ser um demônio. Eu queria morrer. Eu havia me transformado em algo que eu mais temia, algo que eu mais não desejava ser. Nunca.

— Tá tudo bem. — ele caminhou até mim e me abraçou. — Eu sei o que você está sentindo.... tá tudo bem. — ele afagava meus cabelos enquanto eu chorava. — Você precisa ser forte.

Seu abraço era leve e confortante. Era como se eu estivesse esperando por isso a dias. Assenti secando minhas lágrimas e respirando profundamente. Eu ainda me sentia a mesma, porém inundada de emoções.... sentidos aguçados. 

— Vou pegar um pouco de água para você. — disse, e eu assenti vendo ele se retirar. Ele aparentava estar cansado, em torno de seus olhos estava levemente roxeado e ele parecia mal se aguentar em pé.

— Olá, Sara. — a mulher se aproximou. Ela tinha aparência de uma mulher mais velha, talvez quarenta anos. Seus cabelos castanhos caiam até seu ombro e ela usava roupas confortáveis. — Você está radiante. — afirmou com um sorriso sincero.

Assenti, educadamente, controlando as lágrimas. Eu queria chorar e deixar toda a dor sair.

E ao mesmo tempo eu me sentia completamente fora dali. Não era meu lugar... estava rodeada de pessoas que haviam feito algo que eu não queria. Contra a minha vontade. A fúria contida me sufocava, eu fitava as coisas ao meu redor respirando com a boca aberta, procurando ar.

Corri em direção a porta, eu precisava sair dali,  e parei entre a mesma sentindo meu coração acelerado. Eu havia corrido muito rápido. Porém, eu não estava cansada. Desci as escadas da varanda, reconhecendo o lugar, estávamos na casa onde Josh havia me levado. Mas as coisas estavam diferente, muito mais vivas, muito mais detalhadas. O ar puro ardia em meus pulmões. Procurei Josh com o olhar, enquanto chorava desesperadamente.

— Sara... — John apareceu na porta me fitando com uma dó notável.

Eu me sentia suja, imunda, ao sentir o meu cheiro. Eu fedia, eu era algo ruim. Fazia mal para as pessoas... matava pessoas. Tudo era muito diferente... cada detalhe que eu nunca havia olhado, cara rachadura agora era notável. Eu sentia que iria explodir se não chorasse, que iria me despedaçar com a dor e a culpa que pesava em minhas costas. E os diversos pensamentos e reflexões inundavam minha mente me deixando confusa.

— Eu matei ele. —  admiti me lembrando do que aconteceu antes de acordar. Eu precisava assumir isso para alguém. — Eu não sabia como eu era aquela mulher... eu simplesmente agia daquele jeito, era como se eu sabia o que deveria fazer, como se eu soubesse o que ele queria. Eu me sujeitei a coisas terríveis! — gritei, entre o soluço com as memórias frescas em minha mente. — E depois de uma hora, eu ainda queria... eu não queria parar... aquilo era bom. Era libertador. Uma sensação muito boa... como se eu estivesse em um êxtase e eu podia tê-lo até quando quisesse. Foi então que ele começou a se tremer, gritar. A escuridão tomou conta de mim e eu acordei aqui. — descrevi como havia sido. Talvez, me ajudaria sentir menos dor.

— Você se alimentou... Sara. — John assentiu chateado. — Eu prometi para sua mãe cuidar de você... e eu falhei. Sinto muito. Muito mesmo. — ele agora estava com a voz embargada.

Não tinha como eu ser hipócrita e dizer que estava tudo bem, por que, não estava. Eu queria morrer... queria sumir.

— Eu posso? — Josh se aproximou. Continuei fitando a grama que tinha um tom intenso de verde, e as gotículas de neblina que estavam ali. O sol estava nascendo.

Vi John sair e Josh se aproximando enquanto eu me mantinha de costas.

— Sara... eu só... — ele procurava as palavras.

— Eu disse que não queria. — lembrei-o com a voz embargada.

Desejava confronta-lo, machuca-lo, fazê-lo sentir a dor que eu estava sentindo. Ele havia causado tudo isso.


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SARA ESTÁ DE VOLTA

SARA É UMA SÚCUBUS

SIM, EU TROLLEI VOCÊS! HAHAH

Mil desculpas por ter trollado vocês.... mas foi algo bem legal, não?

Tem muita coisa para acontecer ainda. E a história não vai acabar por enquanto. (Já tenho toda ela escrita no pc.)

Conheci muitos leitores que nunca comentavam... e foi bem legal poder ver o quanto vocês gostam da  história.

Não esqueçam de votar... comentar e divulgar para seus amigos.

Mais uma vez obrigado e até logo!!

Noites SombriasOnde histórias criam vida. Descubra agora