12 - Fim

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— Estou projetando meus pensamentos na sua mente. — ela começou a andar mascarada, assim que eu recuperei a visão. 

Eu comecei a reconhecer o lugar. Estávamos em um salão que era típico de festas na cidade. O baile de máscaras, isso! Era trinta e um de outubro. Ela se aproximou de um homem que estava conversando com outro homem de costas. Deslizou sua mão nas costas do homem descendo até a sua bunda e apertou delicadamente. A música estava alta, as luzes me cegavam e eu andava esbarrando em algumas pessoas. Era uma sensação estranha... não entendia o que estava acontecendo. Porém, estava ciente que ela estava em minha mente.

— Mika. — disse entre dentes o homem. E ao mesmo tempo reconheci sua voz, Josh. 

Ela estava me mostrando o que havia feito quando estava fora. Pelo menos, uma parte. Mas eu não conseguia entender o porquê.

— Onde está ela? — indagou o outro homem. John. Ele havia voltado. — Se algo acontecer a ela...  —ele rosnou.

John estava diferente. Estava acostumada a vê-lo com as vestes de padre e agora ele usava uma calça jeans e uma camisa. Sua postura também avia mudado, ele estava um tanto quanto ameaçador.

— Ela está em um lugar onde vocês não a encontrarão. — disse bebendo um pouco do conteúdo da taça.

— O que você quer Mika? — indagou Josh. Ele estava tenso e irritado.

Ela terminou de beber o conteúdo da taça em um único gole e segurando a taça com firmeza por um momento, fitando Josh e John com um sorriso.  Quebrou a taça na parede, deixando o que sobrou afiado, e com um sorriso golpeou rapidamente John na barriga.

—JOHN! — gritei em vão.

— Logo saberá. — ela riu. — Manteremos contato. —Ela abraçou Josh falsamente e voltou caminhar. Fitei John que caia de joelhos no chão, com as mãos sobre o corte que sangrava inundando suas vestes. O lugar era muito escuro e barulhento, as pessoas não iriam notar. E então tudo foi se tornado escuro, e eu enfim abri meus olhos. Como se a cola que unia meus cílios haverá sido retirada. 

— Você vai tortura-los dessa maneira! — afirmei entendendo o plano dela. Ela iria fazer eles me procurarem, ficarem preocupados comigo. Estava armando uma armadilha.

— Eu disse que todos iriam sofrer. — ela riu me olhando com desgosto. 

Um vidro se quebrou no outro cômodo. Tremi.

— Mas que merda é essa?— ela perguntou a si mesma depois do barulho. Era como se algo muito grande haverá se chocado contra o chão. 

— Josh. — eu desejava gritar, porém o máximo que consegui fazer foi soltar um gemido aliviado. Ele estava ali para me salvar.

Ela passou o braço pelo meu pescoço e eu me contorcia procurando ar.  Ela apertava seu braço contra o meu pescoço e eu sentia minha respiração ficar fraca e difícil.

— Solta ela, Mika. — Josh sibilou, quando se deparou conosco no quarto, assim que derrubou a porta de madeira.

A principio ele me fitou com alegria, porém assim que viu como me encontrava, sua postura mudou. Ele me olhava agoniado e cauteloso.

— Para a sala, agora, vocês dois! — ela ordenou. Ela não estava mais agindo feito uma pessoa calculista. Ela sabia que esse era o seu fim e estava se desesperando.

Ela me forçou a caminhar até a sala, seguindo Josh que caminhava engolindo em seco sem ao menos piscar, ou tirar o olhar de mim.

Eu sabia que estava com uma careta horrível, afinal a cada passo que eu dava, era como se algo estivesse perfurando-me por dentro. Estava com medo de morrer, mesmo vendo Josh e me deparando com John na sala. Mika me tinha em suas mãos, com uma sede de vingança.

Ela pegou a faca em sua cintura e eu logo reconheci. Era parecida com a de Josh.

— Sara. — sorriu John. — Solta ela, Mika. Nós deixaremos você viver.

— NUNCA!! — ela gritou. — Vocês mataram meu irmão. — ela agora chorava e tremia. — Vocês mataram a mulher da minha vida! — ela falava entre soluços. — Vocês precisam perder alguém para saber como eu estou me sentindo! —  ela me apertou com mais força. — E eu vou para o inferno, encontrar o meu amor. — afirmou e rapidamente  me golpeou com a faca no peito. Senti algo quente me dominar por completo, e cai contra o chão em meu próprio sangue. Não conseguia gritar, ou pronunciar qualquer palavra. Minha garganta foi inundada pelo gosto de chumbo e eu comecei a vomitar o sangue com a mão sobre a faca, ainda dentro de mim.

— SARA — John se ajoelhou do meu lado. —Tá tudo bem. — repetia a si mesmo com os olhos arregalados. Ele visivelmente não sabia o que fazer, se é que tinha algo para fazer.

Meus olhos estavam transbordando lágrimas e eu sentia o sangue escorrer do corte, e inundar minha boca e tudo se tornava menos nítido aos meus olhos. Virei meu rosto para o lado, para não me afogar em meu próprio sangue e me deparei com Josh pressionando Mika contra a parede, com os olhos arregalados e vendo ela urrar como uma felina.
Ele cravou a faca em seu crânio, e a empurrou contra o chão repetindo o processo repetidas vezes.

— Tá doendo muito. — sussurrei quase sem voz. Meu corpo estava todo quebrado, dolorido. Minha respiração fraca. — Obrigada por ter feito tudo isso por mim.— Cada vez que eu piscava eu sentia meus olhos mais pesados. Olhei para a minha esquerda, era uma luz muito forte, mas que não me cegava.

— Deus escutou suas preces, Sara. — a mulher disse. Eu não escutava mais nenhum som. A beleza e a paz daquela mulher, era tão bom que eu sentia vontade de chorar de emoção. Sentia meu corpo como se estivesse em uma piscina, flutuando. — Deus te perdoa, Sara. — Afirmou com um sorriso doce.

Deus me perdoava. E isso era bom, me confortava. Afinal, eu havia causado tanta dor e tristeza na vida das pessoas. Lembrei-me de minha mãe, eu a encontraria? Virei meu rosto para Josh.

— Faça! — ele gritava. Sua têmpora estava molhada. — Sara, reaja! — dizia repetidas vezes, passando seu pulso em meus lábios. — Beba! — urrava entre dentes. Eu já não conseguia piscar mais, era como se minha alma fosse aos poucos se retirando dali.

— Você precisa escolher, minha menina. — ela sorriu. Seu sorriso calmo e sincero. — A vida é feita de escolhas. Venha comigo.

— SARA! — Josh gritava. A mulher havia desaparecido. A dor havia voltado e eu sentia todo o meu corpo imóvel, dolorido, quebrado. — Talvez minha saliva. — Josh disse pensativo. E então começou a me morder, perfurando minha pele. Seus dentes eram normais, e ele colocava pressão para crava-los em mim. Eu não tinha forças para gritar.

Foi quando me dei conta do que ele estava fazendo. Ele estava tentando me transformar, assim como John havia morrido com sangue de íncubus em seu corpo. Eu não queria me transformar em um demônio. Eu queria morrer. Eu queria ficar bem e longe de qualquer dor. A morte era calma, tranquila. Lutar pela vida era mais difícil.

Eu lutava para gritar, para dizer que não queria. John estava de joelhos do meu outro lado, ele chorava dizendo "faça". NÃO! Eu estava desesperada dentro de meu próprio corpo. EU NÃO QUERO ISSO!

E enfim a escuridão tomou conta de mim, e eu senti todo o meu corpo relaxar.


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Primeiramente, foi muito agradável passar esses dias com vocês. Leitores tão importantes para mim. Por isso, resolvi adiantar o capítulo.

MUITO OBRIGADO, por todas as visualizações, comentários e favoritos.

Esse foi o fim da nossa pequena humana Sara... e estou muito feliz com isso. Foi uma jornada muito linda.

Enfim, muito obrigado. E até outra história!

Comentem me dizendo o que acharam. Abraços!!!!

PS: Talvez, eu possa postar um capítulo mostrando como o Josh e o John ficaram depois da morte da Sara... é só vocês pedirem.



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