— Como você conhece essa bruxa? — indaguei, fitando os prédios se tornarem distantes.
— Ela era minha amiga de escola. Como eu disse, eu tenho 17 a alguns anos, talvez dez, então ela deve ter 28 anos... por aí. No meu último ano como humano, antes de forjar minha morte e ir embora, ela me contou que era uma bruxa. Ela sabia que era errado contar isso a um humano, mas ela estava assustada... controlar o poder que corria no seu corpo era muito difícil. Depois que me transformei, voltei para vê-la. Ela deveria ter me odiado, afinal demônios e bruxas não são muito amigos.
— Porque? Se nós somos parecidos? — precisei interromper para continuar entendendo. E ao dizer nós, senti um leve incomodo.
— Nem todas as bruxas são iguais... quando elas se tornam bruxas, na verdade quando elas descobrem, por que elas nascem assim, elas aprendem a usar digamos que forças boas, a natureza. O bem. Porém algumas descobrem que existem outras forças, digamos que não tão boas.
Assenti, vendo o mesmo caminho que havia feito quando estava indo para a casa dos amigos de Josh. Tudo estava diferente para mim, o cheiro desagradável da urina de animais estava mais forte e o verde mais intenso, era como se eu pudesse sentir o musgo pegajoso. Era o mesmo lugar, porém eu havia mudado.
— Mas ela me recebeu muito bem, e antes de você perguntar se ela usa outras energias, não. Bom, pelo menos até a uns 3 anos atrás. Quando eu a vi pela última vez... antes de conhecer você sabe quem.
E então me lembrei de Mika e seus amigos.
— Como ela vai poder ajudar? — indaguei curiosa, afinal eu não entendi sobre magia.
— Isso eu não sei te dizer, mas, eu sei que ela pode ajudar... seu pai é humano, assim como ela. — respondeu, calmamente.
— Bruxas são humanas?
— Bruxas morrem, envelhecem e tudo isso humano. — ele riu.
Era estranho falar sobre humanos. Eu era uma humana até alguns dias atrás.
— E aqueles seus amigos, Josh. Quem eram? Por que você me trouxe até lá... — indaguei, me lembrando. Eles foram umas das primeiras pessoas que eu ouvi a voz e vi quando acordei.
— Izabel e Tom são amigos. — respondeu. — Foi tom quem me salvou da doença e me transformou.
Assenti para que ele continuasse falando.
— E eu a trouxe aqui, para te mostrar algumas coisas. Lugares. Antes de você voltar para a sua vida...
Foi então que senti minhas bochechas corarem e eu me senti um pouco desconfortável.
— Vamos ter que andar, a partir daqui. — ele estacionou entre algumas árvores no início da floresta. Os carros transitavam na rodovia em alta velocidade que meus cabelos me chicoteavam.
— Que lugar mais sinistro para uma bruxa morar. — deixei escapar.
— É uma casa legal, Sara. — ele riu. — Ela gosta de viver uma vida tranquila. Ficar perto da natureza e tal.
Arqueei as sobrancelhas. Com o meu humor se alterando eu estava deixando coisas erradas escaparem em horas erradas.
Eu pisava em algo úmido, folhas molhadas, e daquele ângulo as árvores eram gigantes. O intenso tom de verde predominava e o cheiro ruim também.
— Você vai ter que me seguir, se for capaz. — seu sorriso era desafiador.
Ele adentrou a floresta, e eu notei que ele não era mais um vulto para mim. Eu conseguia ver nitidamente seu corpo se deslocando entre a árvores. Era brilhante ver o quanto era rápido e ágil. Será que eu conseguiria? Eu já havia corrido, mas assim era diferente. Decidi não deixar a insegurança me dominar e comecei a correr seguindo o seu rastro. Desviava das árvores, e a cada vez que adentrava a floresta era mais difícil correr graças aos galhos; estava sempre me aproximando de Josh quando ele desviava de alguns obstáculos que eu julgava ser para me atrapalhar e então tomava um pouco de vantagem sobre mim.
— Seja homem, Josh. — ameacei soltando um sorriso competidor.
Avistei uma pequena casa perto do riacho que ali passava. De longe, era realmente uma casa aconchegante. Eu escutava o barulho da correnteza, dos galhos se partindo. Eu precisava chegar lá antes dele. E se eu pular o rio? Não era uma distância muito grande. Talvez cinco ou sete metros. Meu coração estava acelerado e eu decidi tentar. O máximo que poderia acontecer era eu cair na água. E, eu não morreria mesmo.
Desviei do caminho e vi Josh parar para ver onde eu me encontrava. Corria sentindo meus cabelos me chicotearem e eu não tive tempo de tomar impulso, Josh me seguia, mas que impulso seria melhor que esse? Forcei minhas pernas para correrem mais. Não sentir cansaço era realmente muito bom. Quando estava próxima à beira do rio joguei todo o meu corpo e minha força para cima, vendo o rio passar por baixo de mim. Eu estava no alto, talvez da altura das árvores. Cai, dobrando os joelhos, já esperando doer. Eu respirava ofegante, vendo Josh repetir o mesmo. Do ângulo em que eu estava, ele parecia voar com os braços abertos e joelhos se inclinando.
— Você trapaceou. — ele caiu dobrando os joelhos e caminhando em minha direção. Ele também respirava ofegante.
— Não lembro de ter me avisado nada. — respondi, sorrindo em tom de desafio. — Sinto meu coração acelerado, muita adrenalina. — admiti, maravilhada com tudo isso.
— É assim que se deve viver. — ele piscou.
A casa era como eu via em alguns filmes. Pequena, com chaminé, e aconchegante. O rio corria próximo dali.
— Josh? — uma voz menina chamou. E nós nos viramos para fitar seu rosto.
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Quem será essa bruxa??????
E Josh e Sara, será que vai
Gente, voltei mais rápido do que imaginavam, em? hahaha
Espero que estejam gostando.... grandes coisas estão por vir!
Muito obrigado pelos 4.4k de visualizações, por favoritar e comentar!
Até logo!
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Noites Sombrias
FantasyE se o mundo onde vivemos fosse totalmente maior do que somos capazes de ver? E se a vida fosse muito mais além do que podemos saber? A jovem Sara descobriu da maneira mais trágica como é crescer aos olhos de um demônio, e o quão grande pode ser o...