21 - Vigia.

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Era uma mulher nova, aparentava ter alguns anos a mais que Josh, mas não muitos. Ela usava botas de trabalho preta, uma calça toda suja de barro e uma camisa florida. Seus cabelos eram escuros e pelo tamanho do coque estavam curtos estava mal amarrados. Ela tinha algumas leves marcas de expressão. Deixou cair uma sacola que ela tinha em mãos e com os olhos cheios de lágrimas correu na nossa direção. Ela pulou em seus braços, e percebi que Josh parecia estar tomado por sentimentos: saudade, dor, tristeza e alegria. Ele também deixou escapar algumas lágrimas.

  —Eu não acredito que tô mais velha que você. — ela bagunçou os cabelos de Josh. — Quanto tempo seu idiota! — ela o golpeou no peito. — Pensei que tinha acontecido algo com você!

— Elena, está é a Sara. — ele disse, olhando para mim. Eu estava do lado deles, mas era como se não estivesse.

— Oi. — tentei ser ao máximo gentil. Afinal, eu precisaria dela.

— Então é por isso? — ela me olhou rindo. — Encontrou uma como você, Josh! —ela passou o braço pelo meu ombro. — Vamos lá para dentro.

E eu me deixei ser guiada pela mesma, mesmo não estando acostumada com tanta hospitalidade. Eu não havia entendido o que ela queria dizer sobre, "encontrou uma como você", e naquele momento não tinha cabeça para pensar no assunto.

A casa tinha um leve cheiro de canela, e parecia que todos os móveis foram feitos milimetricamente para a sua casa; Tudo era muito delicado, rústico e ao mesmo tempo acolhedor. Ela nos levou a cozinha e começou a ferver algumas ervas.

— Até que enfim eu te vejo com alguém. — ela riu. — Eu pensei que você fosse gay.

Ela acreditava que Josh e eu éramos namorados. Corei no mesmo momento.

— Elena... — ele ficou constrangido e eu não consegui esconder o riso.

— É que não somos.... — tentei ser educada ao corrigi-la.

— Nossa! Me desculpa. — ela riu.

— Elena, vou direto ao assunto... o pai da Sara. Foi sequestrado. — Josh disse rapidamente. — Você não teria como nos ajudar?

— Seu pai? — indagou sem entender e eu logo entendi o que ela queria dizer. Estava sem entender como eu ainda tinha um pai, e não havia forjando morte ou sumido.

— É que eu não tive tempo de... — respondi, tentando procurar outras palavras que pudessem descrever que eu não pude forjar a minha morte.

— Humanos o pegaram? — indagou. Ela ainda não entendia.

— Um tal de Lion. Um demônio. — respondi rapidamente.

Ela se sentou e sua expressão ficou diferente, assustada.

— O que você fez? — indagou.

— É uma longa história, Elena... você não consegue encontra-lo? — Josh perguntou impaciente. Era como se ele não quisesse lembrar dos fatos. Nem eu desejava isso.

— Vocês tem alguma peça de roupa usada por eles? Cabelo ou algo? — indagou.

— Não... — fui sincera. Eu não havia preparado nada, afinal, eu não sabia como as coisas funcionavam.

— Então não posso ajudar vocês. — ela respondeu. — Sinto muito...

— Elena por que você ficou tão tensa? — indagou Josh rapidamente.

— Já vieram me pedir ajuda sobre esse Lion. Eu me neguei... eu não conhecia aquela mulher. — ela puxou a manga da camisa. — Ela me causou esse corte. — O braço dela estava com um grande corte, que agora estava com curativos, mas era visível o comprimento do mesmo. — Foi então quando eu a ataquei. Eu não ajudo demônios. Josh é meu amigo... não o vejo assim. Mas, infelizmente não posso ajudar vocês.

— Você não sabe onde eu posso encontrar essa mulher? — indaguei rapidamente. Talvez ela poderia ter algo a ver com isso.

— Felizmente não. — anunciou, e eu percebi que ela estava desconfortável.

Eu estava chateada. Era como se tivesse jogado um balde de água gelada em mim, em minhas expectativas. Como eu iria encontrar meu pai, sem nenhuma pista e sem ajuda?

— Nós vamos dar um jeito. — Josh quis me consolar.

Eu assenti. Meu pai, apesar de tudo que ele fez, ainda era o meu pai, era um humano que estava sofrendo por minha culpa.

— Muito obrigada mesmo assim, Elena. — forcei um sorriso. — Te espero lá fora, Josh. — disse tentando controlar a minha chateação.

Sai rapidamente sem conseguir segurar o choro. Minha consciência estava pesando, doendo, ele com certeza estava sofrendo por minha culpa. Culpa da minha curiosidade em excesso. Eu me sentia rodeada por pessoas que queriam me ajudar, porém ao mesmo tempo me sentia sozinha.

Escutei um barulho de galho sendo quebrado. Olhei rapidamente a minha volta procurando algum vulto, afinal, eu já estava acostumada com isso. Depois de um silêncio confortante, ou pesado, na maioria das vezes teria alguém me surpreendendo. Era como se meu corpo reagisse sozinho.

Uma mulher corria rapidamente na direção contrária. Ela não olhava para trás, e parecia correr em alta velocidade e assustada. Estava me olhando, para alguém. Deduzi e então comecei a correr na direção onde ela corria, pulando o rio e caindo já  correndo. Eu sentia seu perfume: era uma súcubus.  Corria na direção vendo ela olhar para trás, seus cabelos ruivos como fogo chicoteavam sua face e eu corria, concentrada, desviando cada obstáculo, árvores ou irrelevâncias na planície. Vi a menina cair e soltar um gemido de dor e logo voltar a correr, sem deixar de olhar para trás. Soltei um sorriso sádico, eu gostava de vê-la correr. Isso significava que ela temia a mim. Corria ainda mais rápido ao ver o pavor em sua face e seus olhos arregalados. Quando vi que eu estava quase perto dela, saltei impulsionando toda a minha força e meu corpo para cima, em busca de cair sobre a menina.

Cai derrubando a menina no chão e rapidamente me levantei a segurando firmemente em seu pescoço. Ela queria falar algo, mas máximo que saia era alguns gruídos. Eu respirava ofegante e apertava ainda mais seus pescoço, sentindo que a qualquer momento eu iria perfurar sua pele. A menina se debatia, e tentava falar. Quando vi que seu lábio foi se tornando roxo e ela foi desistindo de lutar, a soltei a empurrando contra o chão. Ela caiu, procurando ar loucamente

— PORQUE VOCÊ ESTAVA ME VIGIANDO? — urrei tomada pela ira. Agia de uma forma que nem eu mesma me reconhecia, mas eu não podia me controlar. Era um sentimento maior que eu.  — NÃO ME FAÇA PERGUNTAR DE NOVO! — sibilei, puxando seu rosto para perto do meu, com a mão cravada em seu pescoço. 

— Eu. Não. Sei. De. Nada. — rosnou.

E eu sabia que ela mentia.


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Oi gente! Voltei.

Espero que estejam gostando da história. Sim, as coisas estão começando a esquentar.

Nossa Sarinha perdeu o controle, Lion está por perto.... sinto cheiro de treta por aí.

Comentem dizendo o que vocês acham! :)

Muito obrigado pelos 4.7K

E até mais!

Noites SombriasOnde histórias criam vida. Descubra agora