Run! Zombies In Area

XXIV

P.O.V Bea

Eloah quando descobriu tudo sobre o que tinha acontecido com a Leticia não saiu mais do quarto onde ela estava. Subi lá várias vezes pra ver como ela tava, não queria comer nada é isso seria ruim pra ela mesmo. Desci na cozinha e peguei uma fruta pra ela comer, os alimentos já estavam na metade e isso complicaria mais pra frente.

Era triste ver alguém como Leticia naquela situação e mais triste ainda ver Eloah daquele jeito, sei que dói ver pessoas que amamos daquele jeito mas se Eloah continuasse sem comer poderia ficar fraca e não aguentaria nem ficar em pé.

- Eloah, tu quer que a Leticia acorde né?

- claro Bea.

- quando ela acordar vai precisar de ajuda, atenção e alguém pra ficar com ela e se tu continuar sem comer isso não vai ser possível - tava tentando convencer ela a comer.

- mas eu não tenho fome - ela olhou pra mim e vi que continuava chorando.

- não quero saber, tu tem que comer senão vou ter que te dar um remédio pra dormir, você que escolhe - talvez com algumas ameaças ela comeria algo.

- tá bom, eu vou comer mas tu fica aqui com ela?

- vou pedir pra Juliana ficar, preciso ir contigo.

Fui chamar Juliana pra ficar com a Leticia enquanto Eloah comia algo. Por sorte Juliana não estava fazendo nada então foi pra lá. Eloah comeu pouca coisa mas pelo menos comeu, isso já me deixou menos preocupada com ela. O pior seria a noite, do jeito que ela é vai ficar a noite toda acordada mas isso não posso impedir.

Eu tava pensando e logo teríamos que sair do hospital, sei que o hospital e um local perfeito mas os zumbis estavam chegando cada dia mais perto. Não sei nem se vai dar tempo da Leticia se recuperar mas teríamos que sair em breve. Norman também já estava ciente disso mas não queria comentar com ninguém até porque teríamos que voltar a luta na estrada e com o hospital acabamos relaxando muito.

Anne já estava grande e logo teria que ensinar ela a atirar, não é o que eu quero mas teria que ser. Não sabemos o que pode acontecer amanhã ou daqui semanas então precisava ensinar ela a se proteger. Ela foi tudo que sobrou da minha família e não seria agora que perderia ela.

Estava tão perdida nos pensamentos que nem vi Jorge entrar só percebi que estava ali quando ele me chamou.

- Bea, tá tudo bem ? - perguntou preocupado.

- tá sim Jorge eu só estava pensando em algumas coisas.

- tudo bem, se precisar de alguma coisa estou aqui - concordei - posso te fazer uma pergunta ?

- claro - respondi curiosa.

- o que você acha dessas pessoas? - estranhei a pergunta.

- porque Jorge? Aconteceu alguma coisa?

- eu só queria saber se você concorda com tudo que está acontecendo, acabamos perdendo pessoas e você nunca falou a respeito, preciso saber se a ficha já caiu... - interrompi ele.

- sim Jorge, eu já entendi que o mundo mudou, sei que a cada segundo estamos sujeitos a perder mais pessoas ou até a própria vida mas aonde quer chegar com essa conversa?

- eu só acho que agora seria uma boa oportunidade de cada grupo seguir seu caminho, tenho certeza que você quer saber se ainda existi alguém da sua família vivo. E você sabe que Norman não vai nos ajudar para sempre.

- não Jorge, você tá ficando louco? Olha como ele já ajudou a gente, perdemos pessoas do nosso grupo mas não foi culpa dele, ele só quer nos proteger.

- tudo bem Bea, e que as vezes me preocupo com vocês e só quero manter vocês a salvo só que não acho certo dependermos tanto do Norman.

Não sei o que levou Jorge a pensar desse jeito mas nesse momento só quero terminar logo esse assunto.

- eu não te entendo mas se tu quiser ir embora e desistir de nós pode ir, faz igual a Leticia, pega um carro e some, quem sabe você também consegue chamar a atenção de todos mas pode ter certeza que não vou me preocupar contigo como todos aqui se preocupam com a ela. - acabei falando alto demais.

Olhei pra porta e Eloah estava lá, tenho certeza que ouviu tudo que falei, juro que não falei por mal, eu só tava tentando mudar tudo que Jorge estava pensando. Eu me preocupo com todos e tudo isso que estava acontecendo acabou me afetando também. Sei que foi errado falar isso mas todos aqui pensam assim só que ninguém teve coragem de falar pra ela. Ninguém pega um carro e some assim do nada sem motivos, ainda mais Leticia, essa atitude dela deu a entender que estava desistindo de todos ou que só queria chamar atenção.

Eu nunca falei o que penso e agora perdi a cabeça e acabei falando o que não devia. Teria que corrigir meu erro.

Fui procurar Eloah, passei no quarto onde estava Leticia mas ela não estava lá, fui no quarto dela e não tinha nem sinal. Acabei encontrando Juliana no corredor e fui perguntar se ela sabia onde Eloah estava.

- ela acabou de subir no terraço com Alec, acho melhor deixar pra conversar com ela depois, ela me contou o que aconteceu.

- você sabe que não falei por mal né ? - perguntei já com medo da resposta.

- sei Bea, essas coisas acontece e eu acabo concordo com o que você falou - senti um pequeno alívio ouvindo aquilo da Juliana.

- tudo bem, eu vou pro meu quarto, Anne já tá dormindo né.

- sim, coloquei ela lá no seu quarto.

Dei um abraço nela e fui pro meu quarto. Anne dormia tão suave, só ela poderia me fazer bem naquela hora. Deitei e fiquei olhando pra ela. Ter uma filha era tudo que eu sempre quis e acabei conseguindo muito cedo, ela fazia eu me sentir jovem mesmo eu me sentindo velha, ela que me dava os melhores sorrisos, ela que sempre fez meu olho brilhar e é ela que me faz esquecer de todos os problemas. Meu sonho de adolescente sempre foi construi minha família e ter minha própria casa e eu consegui tudo isso mas agora parecia ter sido apenas um sonho. Minha vida começou a dar errado desde quando meu marido morreu, por um lado a morte dele veio na hora certa, a gente tava brigando muito e eu já tava decidida a me separar e na mesma noite aconteceu o acidente, depois de tudo pensei que ia começar a melhorar mas acabou só piorando e eu só estou aqui firme e forte por causa da Anne, ela que me dá forças.

Amanhã eu iria resolver esse problema que arrumei com Eloah, ela teria que me escutar e me perdoar.