CAPÍTULO 12 - Sem Ar

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Enquanto Enzo estar prestes a atirar a flecha, eu olho para ele e tento falar com bastante dificuldade:

— Vira essa coisa pontuda para lá! Disse para você não deixar eu me transformar, não enfiar uma flecha sabe lá aonde.

— Já falei, Celso, não tenho escolha, prefiro arriscar te matar que te ver explodindo ou se convertendo em um demônio. — Diz Enzo disparando cinco flechas ao mesmo tempo em minha direção. Fecho os olhos enquanto sinto uma das flechas me atingindo e me jogando ao chão. Mas ao cair, percebo que as flechas não eram para me matar e sim para me manter preso ao solo da ponte. Elas me mantem fixo ao chão como se fossem correntes, uma sobre o pescoço e as outras em cada braços e pernas.

— O que vai fazer? — Pergunto tentando inutilmente me mexer.

— Celso, você não foi o único que passou por isso, há muito tempo atrás outros receptáculos também não foram alertados de que não podiam respirar o ar de Dark Thoughts e estavam apresentando os mesmos sintomas que você. Presenciei muitos deles explodindo, outros viravam monstros horrendos e eram consumidos em chamas bem em minha frente. Alguns até lutaram ao meu lado, fico triste só em lembrar.

— Triste? Pensei que anjos não tivessem sentimentos.

— Não somos robôs, Celso. Não existe muita diferença entre humanos e anjos.

— Oh, claro que não! Só que envelhecemos, enquanto vocês são sempre jovens e bonitos; morremos e vocês são imortais; precisamos de meios de transporte para se locomover à lugares distantes, já vocês podem voar com suas próprias asas... e sem contar o imenso poder que vocês possuem.

— Hum... engraçado o conceito que vocês humanos têm sobre nós! Se serve de consolo, saiba que sofremos as mesmas fraquezas e tentações que vocês, tanto é que muitos anjos se converteram em demônios para lutarem ao lado de Lúcifer o anjo traidor. E ainda teve aqueles que não escolheram nenhum dos lados, mas decidiram viver como humanos e casaram com mulheres humanas. Diz a lenda que essa união deu origem aos gigantes que existiram na terra.

Enquanto ele explica, acaba se distraindo e nem percebe que estou começando a revirar os olhos. Sentindo uma agonia imensa, falo:

— Chega de conversa! Seja lá o que pretende fazer, faça logo! Pelo amor de Deus!

— Está bem, Celso. — Diz Enzo pondo as duas mãos, uma por cima da outra, em meu peito. — Essa é uma técnica proibida chamada: Mesopotâneos, ela neutraliza seus batimentos cardíacos por alguns segundos, depois faz com que sua pulsação circule ao contrário, assim te forçando a expelir todo o ar que você inalou. Mas isso é muito arriscado! Até agora, só fiquei sabendo de duas pessoas dentre cem que conseguiram sobreviver a ela.

— Não tem problema! — Digo desesperado. — Morrerei de qualquer jeito, você fazendo ou não.

— Está bem, então prepare-se! — Enzo disfere sua técnica em meu peito, cujo um forte impulso esmaga todo o meu pulmão contraindo minhas artérias.

— Aaah! — Grito sentindo uma imensa dor, ao mesmo tempo que uma fumaça esverdeada escura sai da minha boca e nariz.

— Espero que ele sobreviva. — Diz Enzo me desprendendo das flechas após perceber que fiquei inconsciente.

***

Na fortaleza de Craftos...

A rebelião começa... um grande alvoroço ocorre em frente a sala de Craftos. Ele acorda com o tumulto e pergunta ao seu capataz o que está havendo.

Dark Thoughts - O Caminho do Anjo (volume 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora