CAPÍTULO 13 - Adeus, amigo!

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Enzo é atingido bem no peito por sua própria flecha, pois se jogou em minha frente para evitar que ela me acertasse quando foi repelida pelas rosas.

— Enzo! Reaja! — Digo desesperado com Enzo em meus braços, sendo salpicado pelo sangue prateado dele.

— Nunca pensei que seria atingido pelo meu próprio golpe! — Diz Enzo com um sorriso irônico tentando esconder sua aflição.

— É tudo culpa minha, eu não devia ter aconselhado a tentar destruir as rosas.

— Não se culpe por isso, fui eu que te pedi uma sugestão. Nem você nem eu sabíamos que isso ia acontecer.

— O que faremos agora? Precisamos tirar essa flecha do seu peito.

— Não se preocupe comigo, Celso, você precisa seguir em frente.

— Só cheguei até aqui graças a sua ajuda, não posso abandona-lo.

— Agradeço por sua amizade, foi muito bom ter te conhecido, mas se eu continuar nas condições em que estou serei apenas um fardo que irá atrapalhar na sua missão. E você não pode olhar para trás, sua irmã depende de você.

— Não fale bobagens! — Digo o apoiando em meu ombro e tentando caminhar com ele. — Vamos juntos alcançar nossos objetivos.

— Meu dever sempre foi servir aos anjos mais fortes. — Sorri Enzo cambaleando junto comigo. — Foi uma honra poder lutar mais uma vez ao lado de Miguel.

— O que está dizendo?

— Que já cumpri meu objetivo, falta você cumprir o seu. — Essas foram as últimas palavras de Enzo antes de se soltar de meu ombro e cair ao chão.

— Enzooo! — Grito pegando em seus braços, tentando levanta-lo novamente. — Enzo, Levanta! Enzooo!

Começo a chorar ao perceber que ele não está mais vivo e passo um bom tempo com a cabeça dele em meu colo, me lamentando pelo o que aconteceu.

— Por quê? — Digo olhando para os céus. — Por que para salvar uma pessoa é preciso sacrificar outras? — Isso não é justo (abaixo a cabeça).

Após um tempo, me despeço do corpo de Enzo e sigo em frente sem olhar para trás. "Descanse em paz, amigo. Seu sacrifício não será em vão, cumprirei meu objetivo." Penso enquanto enxugo as lágrimas. "Aguente firme Thirce, eu já estou chegando." De frente ao jardim de rosas, fico pensando em uma forma de como poderei atravessar: "Enzo estava errado, as rosas não só utilizam os espinhos para retalhar a carne e se alimentar, mas também os utilizam para se defender, por isso sua flecha foi repelida. Isso significa que eu posso usar o dom de operar maravilhas para unir os meus átomos ao meio ambiente e tentar passar por entre os espinhos sem ser atingido." Abro minhas pernas e dobro os joelhos, posicionando os braços para frente com os punhos e olhos fechados, conforme a pose que Lauriet me ensinou no treinamento. Passo quase meia hora nessa posição, me concentrando, até que começo a sentir os átomos do meu corpo se unindo ao solo, vento e vegetação em minha volta. Uma aura azulada envolve o meu corpo, ao sentir essa aura sinto que já estou pronto. Abro os olhos e começo a caminhar pelas rosas tentando não perder a concentração. Mas foi tudo em vão, os espinhos cravam em meus pés e rasgam minha carne como se fossem lâminas.

— Não posso voltar atrás! — Digo continuando em frente, mesmo sentindo uma dor imensa dos espinhos penetrando em meus pés.

Uma poça de sangue se forma a cada passo e isso parece fazer com que os espinhos aumentem seu tamanho, tornando o trajeto bem mais perigoso. O veneno dos espinhos começa a entrar em minha circulação sanguínea e começo a sentir seus efeitos querendo paralisar o meu corpo. A vista começa a ficar embaçada e começo a perder os sentidos, caindo de joelhos ao chão. Sinto os cravos penetrando e rasgando parte das minhas pernas e mãos. A dor é imensa!

Dark Thoughts - O Caminho do Anjo (volume 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora