CAPÍTULO 33 - Páginas de um diário

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Catorze horas e dezessete minutos, Aeroporto de Alagoas...

— Identidade, por favor! — Pede o segurança.

— Aqui, senhor. — Diz Lia disfarçada de loira entregando a identidade para ele.

— Humm... — resmunga o segurança olhando desconfiado para a foto da identidade e em seguida olhando para o rosto de Lia. — Esta foto não parece com você, senhorita Ana Azevedo.

— Do mesmo modo que você não se parece nadinha com a foto do seu crachá. — Diz Lia debochando e pegando de volta a identidade.

— Bom... eu estava com uns quilinhos a mais quando tirei essa foto e... — Tenta se explicar o segurança, enquanto a multidão reclama da demora na fila enorme atrás de Lia.

— E então? Vai me deixar passar ou não?

— Está bem, está bem, pode passar. — Diz o guarda devolvendo o passaporte para Lia.

Lia passa pela catraca e pega suas coisas após despachar a bagagem. Do outro lado do portão estão Ranny e Fran que se despedem dela. Lia se aproxima delas e agradece a Fran por ter conseguido falsificar sua identidade com a ajuda de um amigo.

— Bem que eu queria ir com você e pegar um bronzeado na praia de Copacabana, mas infelizmente estamos em período de prova e pretendo concluir meus estudos ainda este ano. Ficar em recuperação por causa dessa viagem não seria nada legal. — Diz Fran.

Ranny aproveita o assunto:

— Falando nisso... você nunca mais foi à escola, Lia. Não pretende se formar?

— Ranny... — sorri Lia. — Esqueceu que tenho mais de trezentos anos? Acha mesmo que durante todo esse tempo não concluí meus estudos? Sou formada em várias graduações. Passei por várias faculdades e universidades de diversos países ao longo da minha vida. Só estudo recentemente, apenas para atualizar meus conhecimentos e para me socializar com os humanos. Além de que seria estranho eu apresentar um diploma de mais de cinquenta anos, tendo um rostinho de vinte. Lembre-se que preciso manter as aparências.

— Que sorte a sua. — Diz Fran. — Morro de inveja de você, tão velha na idade e tão jovem na aparência.

— Sorte? — Indaga Lia. — Chama de sorte nascer sobre uma maldição? Eu é que tenho inveja de vocês. Por trás deste rostinho jovem e bonito existe um monstro que se alimenta de sangue humano. É disso que você tem inveja, Fran?

— Sinto muito. Não pensei por esse lado. — Diz Fran abaixando a cabeça.

Ranny tenta amenizar as coisas:

— Mas veja pelo lado bom, Fran, somos as únicas garotas do colégio que tem uma amiga vampira.

— E ainda por cima uma amiga vampira que pode tomar um bronze na praia com a gente.

— Exclusividade só nossa! U-huu! Toca aqui, colega! — Diz Ranny levantando a mão para Fran bater.

— Vocês são duas malucas! Há, há, há... — Diz Lia sorrindo com uma lágrima a cair de seus olhos. — Mas são duas malucas que adoro.

Fran e Ranny acariciam o cabelo de dela através da grade e falam juntas:

— Pelo menos você é diferente dos outros: pode andar à luz do dia, pode controlar sua sede por sangue, tem sangue quente e seu coração pulsa como de um ser humano normal. Pode viver normalmente entre os humanos sem se preocupar em morde-los.

Dark Thoughts - O Caminho do Anjo (volume 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora