CAPÍTULO FINAL - Uma luz na escuridão

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  "São os olhos a lâmpada do corpo. Se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo será luminoso; se, porém, os teus olhos forem maus, todo o teu corpo estará em trevas. Portanto, caso a luz que em ti há sejam trevas, que grandes trevas serão!" Mateus 6 : 22-23.

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Após perdermos um tempo precioso no labirinto ilusório, finalmente somos recepcionados por Baltazar e seus subordinados, que nos aplaudem assim que entramos na enorme sala.

Do meu lado direito, está Lauriet, ela não parece nada bem. Olhando o semblante em seu rosto, é perceptível sua expressão de dor e sofrimento, provavelmente causado pelo enorme ferimento em seu ventre. Além disso, nota-se que está bastante enfraquecida, pois sua aparência fica instável, se alterando constantemente entre jovem e idosa. No lado oposto, está Zé, que fica espantado ao ver a estranha reação no corpo dela. Ele pergunta se ela está bem, se isso é normal. Ela diz para não nos preocuparmos, que o ferimento não vai impossibilita-la de lutar. Mesmo assim me preocupo. Sei muito bem que quando a forma idosa de Lauriet predomina, é sinal de que ela estar a perder maior parte de seus poderes angelicais. Mas não posso me desconcentrar. Aliás, foi ela própria que me ensinou que não devo perder o foco da missão e é isso que vou fazer. Estou prestes a ter a maior batalha da minha vida e não posso vacilar... minha irmã depende disso.

Baltazar se aproxima de nós assim que desce da plataforma acompanhado de Carlos e Crispin. Ao ficar cara a cara comigo, me cumprimenta:

— É um prazer conhece-lo, Celso. Sinto-me lisonjeado de estar diante do sucessor de Miguel. Meu irmão falou muito de você.

— Não quero saber de apresentações. — Digo o encarando. — Onde está a minha irmã?

— Tenha paciência, Celso. Você tem o mesmo defeito que meu irmão, ambos não sabem esperar. São ansiosos e prepotentes, acham que conseguem resolver as coisas sozinhos, mas sempre dependem de alguém.

Crispin se indigna e cospe no chão, dizendo:

— Não me compare a esse ser inferior. Eu não sou prepotente, apenas corro atrás de minhas ambições, me tornando assim sempre mais forte. Já esse humanozinho metido a anjo não sabe valorizar o poder que possui, pois sempre teve tudo de mão beijada.

— Reconheço que em certa parte Baltazar está certo. — Digo em contrapartida. — Realmente sou ansioso e tento resolver tudo sozinho, sempre quebrando a cara por isso. Mas não sou prepotente como você diz. Eu reconheço minha fraqueza. Não sou como Crispin diz, que tenho tudo de mão beijada. Treinei muito para chegar no nível em que estou e ainda tenho muito que evoluir. Sou humilde, diferente do Crispin, que se acha o dono do mundo.

Crispin desembainha a espada dizendo:

—Eu não me acho dono do mundo... eu sou. Toda a escuridão, toda sombra, toda obscuridade que envolve este planeta me pertencem. Agora que possuo a espada flamejante, eu sou o senhor da noite, o comandante das trevas... eu sou Drácula. E em breve terei o domínio não só desta dimensão, mas de todas elas, após adquirir todas as espadas sagradas que selam os Quatros Ventos.

— Exibido é pouco hein! — Debocho de Crispin entronchando a boca.

Zé interrompe a discussão, dando um passo mais à frente e perguntando ao Baltazar sobre Dorman estar vivo.

Carlos dá de ombros e debocha:

— Mais um parente desaparecido! Vocês estão achando que isto aqui é o quê? Uma delegacia? Ou quem sabe uma agência de achados e perdidos. Já tentou ligar para o 190?

Dark Thoughts - O Caminho do Anjo (volume 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora