Capítulo 3

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Ela o queria e conseguiu em poucos meses. Nada mal para uma adolescente ingênua de dezessete anos. Alfonso tinha vinte um na época, e caiu no truque mais antigo.

Conhecera Alfonso em sua primeira ida a uma boate de verdade, acompanhada de um grupo de amigas do colégio, que se divertiram com seu medo de ser barrada na porta por ser menor de idade.

- Vamos lá, Anahí! -elas disseram- Se perguntarem sua idade, é só mentir como fazemos sempre.

As amigas a fizeram decorar uma nova data de nascimento, que repetiu até estar a salvo dentro da boate. Mesmo lá dentro, assustavam-se cada vez que alguém esbarrava, demorando um bom tempo para começar a relaxar. Aos poucos, o efeito do vinho branco que tomavam se fez sentir e ela dançou com o grupo e aproveitou a música.

Estava consciente da presença de Alfonso desde o momento que entrara na boate. Um homem carismático, forte, com cabelo escuro, parecendo um ator de cinema. As amigas também o notaram e ficavam excitadas cada vez que ele dava atenção ao grupo que dançava.

Mas ele olhava para o lindo rosto de Anahí, emoldurado pelas mechas do longo cabelo loiro claro. O corpo perfeito, comprimido numa saia preta curta e mini blusa vermelha, era uma visão tentadora. Se seus pais a vissem com aquela roupa ficariam horrorizados. Mas todas haviam se arrumado na casa de Julie, cujos pais estavam viajando, e nenhuma contara em casa sobre a ida à boate.

O ritmo da música ficou lento e Alfonso a tirou para dançar. Ainda conseguia lembrar a timidez que sentiu quando ele a tocou, sua masculinidade despertando sensações adolescentes.

Dançaram muito tempo em silêncio, até ele falar.

Alfonso: Qual é seu nome?

Anahí: Anahí. Anahí Portilla.

Alfonso: Olá, Anahí Portilla, sou Alfonso Herrera. -ele apresentou-se e passou a mão na pele nua das costas, entre a saia e a mini blusa, puxando-a mais perto e provocando uma inesperada sensação de prazer-

Não tentou beijá-la nem a convidou para ir embora sem esperar as amigas. Anotou seu telefone e prometeu ligar logo, e ela passou a semana seguinte ao lado do aparelho, esperando ansiosa que Alfonso a procurasse.

No primeiro encontro, ele a levou para passear.

Alfonso: É o carro da firma. -explicou com um sorriso gentil.

Convidou-a a falar sobre si, a família, os amigos. Ela contou do que gostava e da vontade que tinha de fazer a faculdade de artes e trabalhar com propaganda. Alfonso perguntou sua idade e, ao escutar a resposta, pareceu chocado.

Depois do jantar, deixou-a em casa com um seco boa-noite e não ligou mais.

Anahí ficou arrasada. Por vários dias não conseguiu comer nem dormir direito. Estava a ponto de adoecer, quando ele telefonou-lhe na semana seguinte.

Foram ao cinema, mas não conseguiu concentrar-se no filme, consciente da masculinidade que exalava de Alfonso. Tensa e apavorada de fazer algo que o afastasse novamente, gritou assustada quando ele esticou o braço e pegou sua mão.

Alfonso: Relaxe. -ele murmurou- Não vou te morder.

O problema é que ela queria que ele a mordesse, queria aquele homem. Mesmo sendo ingênua, a paixão estava em seu rosto e Alfonso apertou sua mão com força, tentando desesperadamente fixar a atenção no filme. Naquela noite, ao deixá-la em casa, beijaram-se com paixão, consumidos por um desejo violento, até que ele afastou-a e pediu que saísse do carro.

Na próxima vez que saíram, foram a um restaurante calmo e romântico e ele contou a Anahí sobre sua vida. Disse que era vendedor de uma grande firma de computadores e pela natureza do trabalho, viajava por todo o país, ficando fora da cidade durante vários dias. Falou também de sua ambição de ter sua própria firma, de como aplicava todo o dinheiro que ganhava em ações, sempre olhando-a com intensidade crescente.

Ao chegarem na porta da casa dela, estavam a ponto de explodir com a tensão sexual que os envolvia. Ainda assim, foi apenas outro beijo devastador e ele pediu que entrasse.

Continuaram a sair por mais algumas semanas, quando finalmente ele perdeu o controle e, em vez de irem ao cinema, foram para seu apartamento e fizeram amor.

Depois disso, raramente procuravam outro programa. Ficar junto dele tornou-se o mais importante na vida de Anahí. O amor por Alfonso suplantou suas ambições, as amigas, os estudos e as recomendações preocupadas de seus pais.

Três meses mais tarde, Alfonso voltou de uma viagem de duas semanas em Londres, e Anahí o esperava na porta do apartamento.

Alfonso: O que está fazendo aqui? -perguntara e, apenas agora, depois de sete anos, percebia que ele não ficara nada contente ao encontrá-la naquele dia. Parecia cansado e tenso, exatamente como nos últimos meses-

Anahí: Preciso falar com você.

Fizeram amor e enquanto ele tomava banho, ela preparou café. Beberam em silêncio, Alfonso sentado na velha cadeira de balanço, vestindo apenas o roupão, e Anahí sentada no chão, entre seus joelhos, como sempre fazia. Foi então que contou que estava grávida. Ele não se moveu ou disse qualquer coisa, apenas a mão dele acariciava seu cabelo de modo distraído.

Depois de um longo tempo, Alfonso sorriu e puxou-a para seu colo, e ela aconchegou-se como uma criança, pensou desconsolada. Do mesmo modo como Kate costuma fazer quando senta no colo do pai.

Alfonso: Você tem certeza? -ele perguntou-

Anahí: Absoluta. Comprei um teste de gravidez na farmácia e deu positivo. Acha que pode haver erro? Será que devo consultar um médico antes de decidirmos o que fazer?

Alfonso: Não! Então, está grávida. Como poderia ter acontecido? -ele indagou, pensativo-

Anahí: Nós deveríamos ter tomado mais cuidados.

Alfonso: Tem razão. Bem, pelo menos, temos tempo de casar antes que toda cidade saiba o motivo.

E assim aconteceu. A decisão foi tomada como Anahí acreditava que deveria ser. Alfonso providenciou tudo, livrando-a dos aborrecimentos, até conversando com seus pais, pois ela não tinha coragem.

E agora, depois de sete anos, entendeu que Alfonso se casara apenas por causa da gravidez.

Ela o envolvera com sua juventude, inocência, confiança e adoração cega. Alfonso se casara por obrigação.

Amor não teve nada a ver com o casamento.

A Falta que Você me Faz [ADP]Onde histórias criam vida. Descubra agora