Capítulo 36

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Alfonso: Então, enquanto eu lutava para achar as palavras certas, você encostou a cabeça no meu joelho e disse com a maior calma que estava grávida. -ele sacudiu a cabeça e riu com ternura- Foi como ter uma corda no pescoço para ser enforcado e no próximo minuto estar livre! Tão livre, que tudo que consegui fazer foi ficar sentado e deixar a adrenalina se espalhar por meu corpo. Eu não tinha mais de me afastar, porque você precisava de mim. Fiquei livre para descartar seus sonhos de ter uma carreira, sua juventude. Pude fazer o que realmente queria, ficar com você sempre junto de mim, para ninguém descobrir o maravilhoso tesouro que eu possuía. -ele parou um instante e depois continuou, emocionado- Nos casamos e viemos morar aqui em Londres, no pequeno apartamento de Camden Town. Nosso dinheiro era pouco, e nunca fui tão feliz! Então os gêmeos nasceram e tive um lance de sorte que permitiu que eu tentasse realizar meu sonho. Lembra como eu aplicava meu dinheiro em ações? -ela concordou- Bem, logo depois, um lote teve grande valorização. Foi minha primeira aplicação correta no mercado financeiro. Com o lucro eu poderia comprar uma casa ou reinvestir, e foi o que eu fiz -confessou, como se fosse um pecado mortal-

Talvez naquela época até fosse, Anahí pensou. Ele nem se preocupara em discutir com ela o que fazer. Mas talvez Alfonso não fosse o homem bem-sucedido de hoje, se precisasse pedir a opinião dos outros para tomar decisões de risco.

Alfonso: Passei os meses seguintes com sensação de culpa, quando o apartamento revelou-se mínimo para suportar a parafernália requerida por dois bebês. Então, o investimento começou a pagar dividendos e bonificações e arrisquei mais uma vez e reinvesti tudo. Depois disso, não parei mais. Eu tinha dom para o negócio. Compramos a casa. Fundei minha própria empresa; comprei, saneei e vendi pequenas firmas com lucro e cresci até a estabilidade de hoje. E sempre com sacrifício. Quanto mais a empresa crescia, mais eu trabalhava, e naturalmente minha presença nos círculos sociais era significativa para saber o que se passava no mundo dos negócios.

Alfonso sorriu e acariciou o rosto de Anahí, que ouvia com atenção.

Alfonso: Entretanto, quanto mais eu convivia com as pessoas, mais determinado ficava em proteger você da selva que é o mundo. Você era a única verdade da minha vida. Eu chegava a casa e encontrava a doce garota por quem me apaixonara e sabia que lutaria contra tudo para mantê-la igual!

Ele inspirou profundamente, aliviado por estar revelando tanto sobre o homem que Anahí queria conhecer e jamais conseguira.

Alfonso: De repente, você ficou grávida de Michael e uma das pequenas empresas que comprei estava envolvida em fraude fiscal. Eu passava mais tempo fora de casa do que deveria e quis facilitar sua vida. Mas você, querida Anahí, é teimosa como não sei o quê! -ele acrescentou sorrindo- Tínhamos dinheiro sobrando, e não me deixou contratar alguém para ajudar.

Anahí ergueu o queixo em desafio.

Anahí: Se pode dirigir esta empresa sozinho Alfonso, certamente eu também posso dirigir uma pequena casa e três crianças!

Alfonso: Acontece que cada pessoa tem o seu limite de resistência. Depois do nascimento de Michael, você quase ultrapassou o seu. O garoto não dormiu por quatro meses, bem na época do sarampo dos gêmeos.

Anahí: E eu descobri seu caso com Sara -ela acrescentou seca. Alfonso sacudiu a cabeça-

Alfonso: Não, foi o resultado por eu ter ultrapassado meu limite, Anahí. Quase perdi todo nosso patrimônio no processo contra Dornan. Eles são maiores e mais fortes e me queriam fora do caminho. Aproveitaram o processo de fraude para me acusar. Tive de lutar com todas as armas para provar minha inocência.

Anahí: Então Dornan queria tomar seu lugar?

Sempre pensara que a Empresa Dornan é que fosse pequena e não o contrário!

Alfonso: Foi uma verdadeira guerra! -ele disse- Ainda hoje, só de pensar nos riscos que corri. E, naquela época, procurei conforto na sua companhia como sempre fazia nos períodos difíceis, e você estava cansada e fraca, cuidando das crianças. Senti ciúme, eu te queria Anahí, mas você estava fora de alcance, e Sara, não. Com a ajuda brilhante dela, venci a batalha judicial. E, por alguma razão que só Deus sabe, com o alívio da vitória, extrapolei meu limite de resistência, direto para os braços de Sara.

Anahí: Quanto tempo?

Alfonso: Quanto tempo, o quê?

Anahí: Durante quanto tempo ela foi sua amante?

Uma expressão estranha passou pelo rosto de Alfonso.

Alfonso: Ela nunca foi. Pelo menos, não como supõe. Tentei contar umas duas vezes, e você nem quis escutar. Sei que a culpa é minha, afinal, traí você de todos os modos, menos no sexo. Em vez de voltar para casa, saía com Sara, a levei para jantar...

Anahí: Rachel me contou que viu você saindo do apartamento dela.

Alfonso: Depois da disputa com a Dornan, fiquei desorientado. -ele confessou, relutante- No fim do expediente, sentei aqui e bebi até não poder dirigir para casa. Sara me levou de carro ao apartamento dela, para curar a bebedeira. Ela sabia muito bem o que fazia, e eu também sabia sua intenção, mas no fim não consegui. Sara não era você e, bêbado ou não, repudiei a simples idéia de tocá-la. Ela deve ter percebido, pois virou as costas e me deixou sozinho na sala. Apaguei de tão bêbado e, no dia seguinte, acordei numa cama estranha. Não sei onde ela passou a noite. Só sei que quando acordei e tentei colocar uma ordem nos pensamentos, Sara entrou no quarto. Eu estava desgostoso e envergonhado do meu comportamento, tentando lembrar a noite anterior, quando ela me disse com um sorriso que, para um homem alcoolizado, até que eu não havia me saído mal.

Ele fez uma pausa e Anahí ficou pálida, com um nó dentro do peito.

A Falta que Você me Faz [ADP]Onde histórias criam vida. Descubra agora