Capítulo 10

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Subiu para o quarto e tomou um banho. Vestiu o roupão para sair rápido do aposento antes que ele entrasse, quando lembrou que não havia feito a mala. Apressada, pegou a valise de couro preto e colocou aberta sobre a cama.

Alfonso: Não se preocupe com a mala. Cancelei a viagem esta tarde. -a voz dele a informou da porta-

Anahí: Oh, querido -ela disse sarcástica- Sara vai ficar desapontada.

Bem feito! As palavras dela o atingiram como um soco. Alfonso fechou a porta e em duas passadas alcançou-a, segurando-a com força pelo ombro.

Alfonso: Eu não aguento mais... -ele murmurou- Nada que eu faça ou fale vai mudar a idéia que faz de mim?

Anahí: Mas eu mudei minha idéia sobre você! -ela disse, desafiante, com um leve medo ao ver o brilho que ardia nos olhos de Alfonso- Sempre pensei que fosse um santo, agora sei que não presta!

Alfonso: Eu vou mostrar como não presto! -ele disse, alterado, e beijou-a com violência-

Anahí gemeu em protesto, mas foi em vão. Alfonso a apertou contra seu corpo, beijando-a com paixão enquanto ela lutava para se desvencilhar. Ele mergulhou a língua em sua boca e ela sentiu uma onda de desejo percorrendo seu corpo. Por mais que quisesse odiá-lo, era vulnerável ao seu magnetismo. Tentou chutá-lo, mas não adiantou.

O corpo dela fervia de desejo, e não conteve um gemido quando sentiu o membro rígido dele através do roupão.

Não é justo! Ele não pode me usar assim!

Odiou-se e o desprezou por torná-la consciente da própria fragilidade.

Anahí: Eu odeio você! -ela gritou-

Alfonso: É verdade. Mas você também me quer, Anahí. Está tão desesperada de desejo que posso sentir sem tocá-la.

A amarga verdade despertou nela uma raiva descontrolada, e atacou-o com as unhas. Só o reflexo rápido salvou o rosto de Alfonso, que ficou com um vergão enorme no pescoço.

Alfonso: Sua gata danada!

Anahí: Detesto você! –grunhiu-

Alfonso: Bom... -ele rosnou e, segurando-a com força, colocou-a de costas para si- O modo como vou fazer amor com você não vai mudar em nada seus sentimentos.

Anahí: Tudo bem, assim pode acrescentar violação ao adultério.

Alfonso: Violação? E desde quando preciso violentar você? Em toda minha vida nunca conheci uma mulher tão ávida por sexo!

Anahí: Nem mesmo Sara?

Alfonso virou-a de frente e ela percebeu seu olhar atormentado.

Alfonso: Pare com isso, Anahí! Não me provoque mais ou vou acabar agindo de um modo que nós dois vamos nos arrepender depois!

Era o que estava fazendo? Estaria sendo demoníaca, induzindo-o a possuí-la com raiva, apenas para provar que Alfonso era tudo que pensava sobre ele?

Sim, estava provocando-o quando o mais sensato seria sair rápido do quarto. Queria alimentar o ódio e a angústia que sentia desde que Rachel ligara. Anahí ouviu a própria voz.

Anahí: Então dê o fora daqui! Por que não age com dignidade e vai embora? Ninguém o obriga a ficar! Nada aqui impede que vá para os braços de sua preciosa Sara!

Alfonso: Não pode parar de mencionar este nome?

Anahí: Sara, -ela provocou- Sara, Sara, Sara!

Um brilho de dor passou pelos olhos dele. Alfonso agarrou-a, trazendo-a bem perto de seu corpo e falou com a voz rouca:

Alfonso: Não! Você, você, você!

Sim, isso mesmo. Por alguns minutos pareciam Sam e Kate em um de seus momentos de birra.

Num movimento brusco, ele a puxou e, juntos, caíram na cama. O que aconteceu a seguir foi menos amor e mais uma batalha. Uma guerra para ver quem excitava mais o outro, onde cada carícia era respondida por outra mais sedutora. Quanto mais excitado um deles ficava, mais o outro acariciava, afundando-os numa onda de emoções fragmentadas.

Os lábios de Alfonso a machucava com um beijo desesperado, ele sentia tanta a falta de sua Anahí... Ela passava as mãos pelos cabelos dele, o puxando, as pernas agarrando-o como se dependesse daquilo. As intimidades se tocavam, ambas já clamando uma pela outra. Céus, fazia tanto tempo que não se uniam em um só. Alfonso buscava a língua dela dentro de sua boca como uma caça, descendo para seu pescoço quando o ar se exigia e se embriagando com o perfume dela. As mãos passeando pelo corpo de Anahí, a apertando por onde passava.

Houve um momento em que Alfonso pareceu tomar consciência e ameaçou afastar-se, mas Anahí percebeu e, em pânico, com medo de perdê-lo, beijou-o tão profundamente que ele gemeu seu nome com se fosse uma súplica. Ele a penetrou com tanta saudade que podia sentir o peito doer, ela o recebeu saudosa e a cada movimento, uma onda de calor lhe invadia.

Era Anahí a sedutora, que conduzia o ato desde um começo desesperado a um fim tumultuoso, onde o homem sob seu corpo tremia de prazer chegando ao orgasmo e ela frustrava-se pelo alívio que lhe fora negado.

Concluiu que nenhum dos dois vencera a batalha. Sentia-se péssima com seu comportamento, consciente de ter agido por medo de perdê-lo, apesar do que ele havia feito, e por uma necessidade de tê-lo completamente para si.

Ao enlouquecê-lo de desejo, sentia segurança e poder, não importava quantas Saras houvessem.

Finalmente reconheceu que queria Alfonso acima de tudo, acima de seu orgulho e amor-próprio. Mas não fora o suficiente para aliviá-la do desejo reprimido na última semana. Era como se sua alma ferida se recusasse a permitir que o corpo desse a ele a conquista final.

Não conteve as lágrimas. Vencera ao provar seu poder de sedução e perdera com o fracasso em corresponder. A confiança cega que nutria por ele se fora, levando junto o direito de amar e corresponder com liberdade.

A Falta que Você me Faz [ADP]Onde histórias criam vida. Descubra agora