No domingo de manhã, estavam todos reunidos tomando o café da manhã quando Kate perguntou:
Kate: Mamãe, por que está dormindo no quarto de Michael?
A pergunta se deu porque Michael dormira até mais tarde e Anahí perdera a hora. Depois de várias noites insones na pequena cama, estava exausta. Na noite anterior, aconchegara-se ao urso de pelúcia e dormira profundamente até ser acordada por Sam.
Sentia-se cansada, pois as horas de sono aliviaram o corpo, mas não o espírito. Apesar de ter dormido sem pesadelos, acordara com a mesma angústia e depressão, incapaz de resolver a situação.
O pedido de Alfonso para que não tomasse nenhuma decisão até estar mais estável emocionalmente servira como desculpa para sua falta de ação; a vida passava por ela como se fosse um filme fora de foco.
Alfonso, abatido, não parecia muito melhor. Desde o telefonema de Rachel, voltara a chegar em casa às seis e meia da tarde. Anahí suspeitava que o motivo fosse sua crítica ao comportamento dele como pai, mais do que uma tentativa de provar que o caso havia terminado.
Ele sempre estava presente para ajudar no banho das crianças, enquanto ela preparava o jantar. A vida da família parecia normal, devido ao esforço do casal em esconder das crianças seus enormes problemas.
Jantavam em silêncio, e as poucas tentativas de Alfonso de manter algum tipo de conversa eram ignoradas por Anahí. Logo ele desaparecia em seu escritório e ela lavava a louça e ia para o quarto de Michael, sentindo aumentar a solidão e a tristeza a cada dia.
Surpreendida pela pergunta da filha, tentou encontrar uma resposta aceitável.
Anahí: Os dentinhos de Michael estão nascendo -respondeu, consciente de que Alfonso a observava por trás do jornal dominical, mas não lhe dirigiu o olhar. No momento, não se importava com a reação dele-
A pequena Kate, satisfeita com a resposta, voltou a atenção para seu adorado pai. Saindo da cadeira, aconchegou-se em seu colo.
Kate: Papai, aposto que deve estar sentindo falta da mamãe na sua cama. Se tivesse me falado antes, eu teria ido fazer companhia para você.
A tensão estava no ar, apesar de não ser percebida pelas crianças. Alfonso deixou o jornal de lado para dar total atenção à filha.
Alfonso: Você é muito gentil, minha princesa. Acho que posso aguentar mais uns dias sem me sentir completamente rejeitado.
Se a resposta era uma indireta para Anahí, ela ignorou e sentou-se para tomar o café, concentrando no ato toda sua atenção.
Alfonso estava sentado em frente, vestindo apenas o roupão de banho que cobria parcialmente seu peito forte. Abaixou-se para beijar a cabeça da filha e seu sorriso amoroso provocou um ciúme doentio em Anahí. Levantou-se, chocada por sentir inveja da própria filha.
O desespero fez com que começasse a tirar a mesa. Alfonso ergueu o olhar para ela, que não conseguiu desviar o seu, mostrando uma expressão tão amarga, que o deixou intrigado. De propósito, ela acabou com a atmosfera calma que reinava, fazendo barulho ao começar a lavar a louça.
A tentativa de fazê-los sair da cozinha foi ignorada. Sam conversava animado com Kate e Alfonso e até Michael, tirado de seu cadeirão para o outro joelho do pai, participava feliz da atividade dos irmãos.
Para Anahí, a cena familiar era insuportável. Sara aparecera em seu caminho, separando-a da família como uma parede alta, impedindo que partilhasse o amor e afeição que sempre imaginara garantidos.
Desistiu de terminar a limpeza, pois ainda poderia quebrar alguma coisa.
Anahí: Vou arrumar as camas -murmurou, sabendo que ninguém a ouvira e sentindo-se ainda mais rejeitada-
Parou no meio do quarto, com o olhar vazio, e logo Alfonso entrou. Apressada, entrou no banheiro da suíte, fingindo que era o que estava para fazer quando ele abriu a porta.
Ao sair, viu Alfonso na frente da janela, com as mãos nos bolsos do roupão. Sua figura era tão atraente que sentiu vontade de jogar alguma coisa nele, qualquer coisa que ajudasse a aliviar seu sofrimento.
Forçou-se a ignorá-lo e começou a guardar as roupas.
Queria arrumar a cama, mas não na presença dele. Desde o telefonema de Rachel era um sacrifício ter de afofar os travesseiros e alisar a colcha. O cheiro familiar de Alfonso despertava sensações que desejava adormecidas, principalmente por querer acreditar que haviam sido destruídas por ele. Infelizmente, seu desejo só aumentava.
Virando-se, ele observou-a movimentar-se pelo quarto.
Depois de um tempo, quando o silêncio dominava o ambiente, Alfonso aproximou-se e ficou na frente dela.
Alfonso: Anahí -disse gentil, querendo que ela o encarasse em vez de ficar olhando o chão- Está lembrada que vou passar a semana que vem em Birmingham?
Não, ela não se lembrava. Irritada com a ousadia dele em colocar os negócios em primeiro plano quando a vida particular estava em crise, perguntou de modo gélido.
Anahí: Que roupas quer que eu coloque na mala?
Será que Sara iria junto? Será que passariam uma semana livres de qualquer amolação?
Com o coração descompassado, manteve-se firme no lugar. Desde a noite da revelação, era o mais próximo que estavam fisicamente, e a consciência da masculinidade do marido perturbou-a.
Alfonso: O que quiser. -ele disse, impaciente-
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A Falta que Você me Faz [ADP]
Fanfiction"Eu nunca pretendi fazer isso... ela apenas estava lá quando precisei de alguém" Anahí e Alfonso tinham três filhos adoráveis e um casamento sólido... Ou, pelo menos, Anahí sempre acreditara nisso. Mas sua feliz existência foi destruída quando lhe c...