Capítulo 21

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Alfonso: Paul Wesley dando um curso na Escola de Artes? Por que ele haveria de se importar com os estudantes daqui? -perguntou, com um sorriso de escárnio-

Anahí: Talvez porque ele se importe com as pessoas. -respondeu, ofendida com o tom de voz-

O fato de ter saído uma noite sem seu conhecimento, ainda mais para ver Paul Wesley, irritou Alfonso.

Alfonso: E como soube que ele faria a palestra?

Anahí: Li no jornal. Você já comeu? -ela perguntou, para mudar de assunto- Quer que eu prepare um lanche?

Alfonso: Não! Quero falar sobre sua saída com Paul. -ele rosnou-

Anahí: Eu não saí com ele! Apenas assisti a uma palestra! O que está tentando dizer, Alfonso? Que foi um meio que arrumamos para nos encontrar?

Era exatamente o que ele estava pensando.

Alfonso: Ele é bem capaz disso! Não disfarçou o interesse desde o primeiro momento que a viu!

Meu Deus! O poderoso Alfonso Herrera demonstrava receio que sua jovem esposa quisesse outro homem!

Anahí: Você é a pessoa não confiável neste casamento, Alfonso. -ela o lembrou com rispidez- Não eu!

Alfonso: Mas você pode querer se vingar.

Anahí: Eu acho que sua consciência culpada está te deixando paranóico. Não faça comparação entre nós.

Deliberadamente, ignorou a voz em sua mente, dizendo que não estava sendo sincera.

Alfonso: Não estou comparando. -ele disse, a caminho do bar para se servir de um uísque-

Anahí: Então o que estava fazendo?

Alfonso: Na verdade, na verdade eu não tenho a menor idéia. Está mesmo decidida a fazer o curso?

Anahí: Não vai querer bancar o marido dominador e me impedir se eu decidir fazer, não é?

Alfonso: Se eu tentar convencê-la a não fazer, vai me dar ouvidos?

Anahí: Não.

Ele baixou a cabeça

Alfonso: Então não vale a pena tentar, não é mesmo?

Alfonso saiu da sala deixando-a num turbilhão de emoções. Mágoa. Qualquer que fosse o relacionamento com ele: brigando, fazendo amor ou até ignorando, cada vez que ele se afastava só conseguia sentir mágoa.

Passara tantos anos vivendo para ele, que não sabia viver para si mesma.

Por isso, decidiu fazer o curso quando Paul ligou, avisando que estava tudo resolvido.

-

Algumas semanas mais tarde, ela saiu de casa para a primeira aula. Alfonso não disse uma palavra, mas ela sabia sua opinião. Quando voltou, ele nem esperou pela escuridão do quarto para procurá-la. Tão logo entrou em casa, tomou-a nos braços e a levou para cama, saboreando desesperado e faminto cada parte do corpo dela. A boca insaciável a beijando, chupando e mordendo feroz sua pele, fazendo com que ela, ainda surpresa pelo desespero dele, gemesse agoniada. Alfonso a possuiu como um animal, loucamente.... E, apesar de estarem famintos de desejo, mais uma vez ela não chegou ao clímax.

O dom de Anahí para a caricatura desabrochou com as aulas, e até Alfonso se divertia com os desenhos que ela fazia das crianças.

Paul era sempre encorajador. Durante as aulas não fazia referências pessoais. Só quando iam até o pub para um aperitivo depois do curso é que dava um jeito de sentar a seu lado e mostrar o interesse crescente. A maior parte do tempo, Anahí tentava ignorar, queria apenas aprender tudo que ele tinha para ensinar sobre desenho. Seu medo era ter de desistir se ele se tornasse inconveniente.

O Natal estava próximo e Anahí ficou ocupada com os preparativos. Compras, decoração e a ceia que fez aos poucos e congelou, enchendo a casa com aromas tentadores a cada dia.

Alfonso estava mais ocupado e preocupado. A única concessão que faziam era saírem algumas noites. Iam ao cinema, teatro, clube e restaurantes. Ela manteve o corte de cabelo, mas usava as roupas sofisticadas só para algum programa especial, e quando ia para as aulas.

A vida corria normal, mas a tensão no casamento afetou o comportamento de Anahí. Cansava-se facilmente, irritava-se com pequenas bobagens e chorava sem motivo aparente. A família se preocupava e ansiava pela antiga e calorosa pessoa que conheciam.

Uma noite, quando ia sair para o curso, o carro não quis pegar. Alfonso trabalhava em Huddersfield e só voltaria tarde. Ruth ficara com as crianças. Uma chuva de granizo caía, e Anahí olhou relutante para a casa. O certo seria entrar e chamar um táxi, mas estranhamente não queria voltar agora que tinha escapado. Percebeu que estava vendo seu próprio lar como uma prisão emocional.

A Falta que Você me Faz [ADP]Onde histórias criam vida. Descubra agora