Capítulo 11

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Se Alfonso simplesmente a tivesse abandonado, sairia menos ferida e magoada, porque sabia que nunca mais seria a mesma com ele.

Alfonso: Anahí? -ela virou a cabeça no travesseiro e encontrou seu olhar sombrio- Desculpe... -ele disse, com um tom de voz triste. Estaria se desculpando por não ter conseguido que ela chegasse ao clímax? Ou pela loucura que haviam cometido? Não importava, nada parecia importar. A amargura inundou-a, e pedidos de desculpas não a fariam sentir-se melhor. Começou a chorar outra vez-

Anahí: Estou tão envergonhada.

Alfonso: Venha cá. –falou com os olhos marejados, a puxando para perto, encaixando o corpo no dela- Este é o juramento de um homem que nunca se sentiu tão miserável na vida. Anahí, juro para você que jamais farei qualquer coisa que possa te magoar outra vez.

Seria fácil perdoar e tentar esquecer todo sofrimento?

Alfonso: Eu te amo Anahí!

Anahí: Não! -ela acreditara nele uma vez e não queria sofrer mais- Não fale mais de amor. Amor não tem nada a ver com o que acabou de acontecer ou com a razão de você ter se casado comigo!

O café da manhã no dia seguinte foi horrível. Os gêmeos lançavam olhares curiosos, mas Alfonso devia tê-los instruído para não fazerem perguntas.

Kate ameaçou falar, mas foi impedida pela expressão do pai. O olhar de Sam, tão parecido com o de Alfonso, fixou-se nela, e ele perguntou de chofre, ao mesmo tempo que olhava assustado para o pai.

Sam: Aonde foi ontem?

Anahí sorriu para ele.

Anahí: Resolvi tirar o dia só para mim. Você se importou?

Ela sentiu o coração apertado. Sam era de natureza quieta, e o fato de ter conseguido falar significava que sentira muito sua ausência.

Sam: Mas aonde você foi? -ele insistiu-

Anahí: Eu estava cansada. Então resolvi passear um pouco sozinha, foi isso que aconteceu.

Sam: Mas nunca saiu sem um de nós para cuidar de você!

Anahí: Quem disse? -ela brincou, chocada ao perceber que até seu filho de seis anos a considerava incapaz de se cuidar- Já estou bem crescida e posso me virar sozinha!

Kate: Mas o papai falou que não. –interrompeu- Ele falou para a vovó. E fez uma tempestade pela casa. Subia e descia, saía e entrava. E também ficou gritando no telefone com a tia Rachel.

Alfonso: Chega Kate! -disse, em voz baixa-

Kate: Mas é verdade! Você estava agindo como um leão enjaulado!

Alfonso: O quê?

Kate: É como a professora fala quando a gente fica andando de um lado para o outro na classe. E você ficou assim ontem, não ficou? E veja: -ela lançou seu sorriso devastador ao pai- A mamãe voltou sã e salva como eu disse que voltaria!

Anahí pensou que pelo menos alguém na casa a considerava capaz.

Anahí: Como viram, cheguei sã e salva, então vamos esquecer o dia de ontem e tomar o café.

Assim que as crianças saíram em busca do material escolar, ela disse para Alfonso:

Anahí: Pode ir para Birmingham se quiser.

Ele parou de arrumar a pasta de couro e encarou-a. A aparência de executivo bem-sucedido destoava da família e da casa, e Anahí percebeu que, enquanto estacionara durante os últimos sete anos, Alfonso se desenvolvera cada vez mais para longe.

Alfonso: Não preciso ir. Christopher pode resolver tudo por mim.

Então por que Christopher não fora antes? Quis perguntar, mas o assunto recairia em Sara.

Anahí: Está achando que vou deixá-lo se viajar?

Alfonso: Estou. -pelo menos, ele admitia seu medo-

Anahí: Não tenho motivo para sair de casa, sabe muito bem que a prerrogativa é sua.

Alfonso: Sei. E se eu tivesse um mínimo de amor-próprio já teria feito as malas e partido. Mas não quero sair. Não quero perder tudo que construímos. Quero a chance de provar meu amor para você. Sei que vai demorar, mas não vou deixá-la.

Anahí: Tenho como pedir a separação de corpos.

Alfonso: O que é que você entende disso?

A incerteza dele a alegrou. Talvez pensasse que ela consultara algum advogado. Respondeu com sarcasmo.

Anahí: Eu passo muito tempo vendo televisão.

Alfonso: Está pensando em pedir a separação?

Ele era inteligente e colocou a responsabilidade nas mãos dela.

Anahí: Apesar de você ter estragado nosso casamento, ainda não pensei em separação.

Alfonso: Posso saber por quê?

Ele pegou o paletó e vestiu, e Anahí observou a aliança na mão dele. Usavam uma aliança simples e barata que era a que puderam pagar na época do casamento.

Anos mais tarde, ela ganhara um pequeno solitário de brilhante, com uma declaração de amor. Ele dissera que sem ela e os gêmeos todo o trabalho duro não teria sentido. Errado! Sem eles, Alfonso teria o dobro do sucesso.

Anahí: Não sei com certeza, mas acho que quero te ver sangrar. -ela respondeu com honestidade-

Com um sorriso, ele levou a mão ao arranhão no pescoço.

Alfonso: Achei que já havia começado.

Anahí: Ainda não é o suficiente. -ela disse, corando, sem se desculpar-

Alfonso: Ah... Então creio que devo retribuir. -ele sorriu e beijou a cabeça dourada de Michael- Que seja assim. -e saiu da sala de modo arrogante-

Nos dias que se seguiram, em vez de enfrentá-lo com palavras ácidas, Anahí descobriu-se evitando ao máximo qualquer motivo para briga. Ao longo das outras semanas o relacionamento pareceu entrar em coma, como se necessitassem do tempo para se recompor e enfrentar o futuro.

Anahí voltou a dormir em seu quarto. Nas noites em que Alfonso a procurava, não recusava seu amor, mas ambos não encontravam satisfação plena. No auge das carícias, sempre colocava Sara em seu lugar e esfriava. Ficavam então deitados em silêncio, com o fantasma dela entre os dois.

Os dias passavam e a preocupação de Anahí aumentava, sabia que, se não conseguisse mudar o comportamento, terminaria por mandar Alfonso direto para os braços da outra.

Ficava mais tensa a cada dia, mais consciente de que seu amor-próprio sofria com as tentativas frustradas de se realizar no amor. Mesmo assim, o amor dele era vital e queria que Alfonso necessitasse dela com desespero.

A Falta que Você me Faz [ADP]Onde histórias criam vida. Descubra agora