Capítulo 37

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Alfonso: Sara deixou que eu sofresse com o remorso durante meses, até resolver me contar a verdade. Quando avisei que iria tirar todos os casos das mãos dela, resolveu se vingar. Era uma conta lucrativa, e o seu escritório perderia muito dinheiro. Sem saber que eu passaria os casos para outro advogado de sua própria firma, ficou com medo de ser despedida. Tivemos uma discussão terrível, trocamos insultos e ela deixou escapar que eu nunca a tocara. Não disse para me agradar e sim para me agredir. Falou da maneira que as mulheres usam para humilhar um homem. O insulto foi uma alegria para mim! Finalmente ela disse a verdade que eu sentia no íntimo. E esta -ele virou-se e enfrentou o olhar de Anahí- É a pura verdade. Se não quiser acreditar, não posso culpá-la.

Anahí abaixou a cabeça. Queria e precisava acreditar mas...

Alfonso: Dinheiro e poder só têm valor se eu tiver o seu perdão, Anahí.

Anahí: Você já teve. -ela respondeu, ainda em dúvida se acreditava ou não na história que ele contara-

Alfonso: O que mais quer que eu diga? Não posso tirar da sua cabeça, só você pode fazer isto!

Impaciente, Anahí levantou-se. Alfonso deixara em suas mãos a resolução do problema que estavam tendo no casamento.

A revelação do que ele pensava e sentia não a ajudou a revelar. Andou pela sala, com a cabeça baixa, e percebeu que também era culpada. Assim como Alfonso, manteve uma parte de sua personalidade escondida. Como ele poderia adivinhar que seus sonhos eram relacionados ao casamento e à maternidade, se nunca dissera uma palavra a respeito?

Depois de tantos meses de sofrimento, conseguiria ser tão honesta quanto ele? Era o único modo de salvar o que restara do casamento.

Reunindo coragem, virou-se para enfrentá-lo. Foi então que os viu na parede atrás da cabeça de Alfonso, e seu coração disparou. Os desenhos que fizera de si e dos filhos estavam emoldurados e pendurados.

Alfonso: Eu roubei de você –confessou- Quis tê-los por perto para olhar quando sentisse saudades. Ficou brava?

Anahí surpreendeu-se por não ter dado falta, mas com a proximidade da mudança, nem pegara mais no caderno.

Anahí: Você conseguiu que tirassem a cruz. -sentiu-se estranhamente exposta- Não se parece muito comigo.

Não queria aceitar o que seus olhos viam.

Alfonso: Esta é você. –insistiu- E seu eu verdadeiro. Uma bela galeria familiar. -disse com orgulho-

Anahí: Só falta você.

Alfonso: Pode me dizer por quê? Por que nunca desenhou meu retrato?

Anahí hesitou para responder. Era a hora da verdade, decidiu.

Anahí: As crianças me amam. Eu não tinha mais certeza do seu amor. Tentei desenhá-lo, mas os traços ficaram distorcidos e desisti.

Alfonso: Paul Wesley viu estes desenhos?

Anahí: Não, além de você, ninguém mais viu o caderno.

Alfonso: O caso entre vocês foi sério?

Anahí: Não houve nada entre nós.

Alfonso: Eu vi quando se beijaram!

Anahí: Um pequeno beijo no banco do carro? -ela zombou do ciúme dele e disse com doçura- Foi tudo que aconteceu entre nós dois!

Alfonso não parecia acreditar, com o rosto crispado de angústia segurou o ombro de Anahí. Ela riu da situação ridícula.

Anahí: Você parece aquele diabo outra vez. O que desenhei tomando banho no meio das labaredas.

Alfonso: Vou te beijar. -ele disse, com voz rouca-

Anahí: Aqui no seu escritório? Acho que errou de lugar, querido. Esqueceu que pertenço ao seu outro mundo?

Ele a beijou com furor e paixão até ela desfalecer em seus braços e os corpos queimarem de urgência.

Alfonso: Eu te amo. -ele sussurrou-

Anahí: Eu sei, acho que já consigo acreditar em você outra vez. -um dos telefones começou a tocar e Alfonso a puxou pela mão até a escrivaninha. Atendeu e seu rosto transformou-se. As feições endureceram e a voz mudou. O olhar ficou frio, mesmo sem desviar-se dela. Enquanto ele falava, Anahí resolveu descobrir se rompia a armadura profissional e correu a mão por sua coxa-

Deliciou-se com a cena, pois ele quase engasgou e segurou a mão dela com força. Os olhos brilharam e a voz falhou.

Alfonso: Ligo para você mais tarde. -ele desligou o telefone- Era um cliente importante! Você fez de propósito!

Anahí: Eu te amo, Alfonso.

A Falta que Você me Faz [ADP]Onde histórias criam vida. Descubra agora