Capítulo 20

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Alfonso ficou muito ocupado com outro caso e precisou passar algumas noites fora de casa. Estava negociando com uma pequena construtora perto de Huddersfield.

Apesar de acreditar, Anahí atormentou-se com idéias que sabia serem injustas. Ele não fez comentários, compreendendo o que se passava em sua mente. Queria a confiança que ela não conseguia mais ter, o que contribuiu para que o casamento continuasse em crise durante semanas.

Uma tarde, leu uma notícia no jornal que a deixou inquieta. Paul Wesley faria uma palestra aquela noite sobre seu trabalho, na escola de Artes, e a entrada era aberta a todos os interessados.

Como Alfonso estava fora, decidiu pedir para a mãe ficar com as crianças e participar. No fundo, compreendia que a necessidade de ferir o marido era maior que a vontade de assistir à palestra.

Culpa dele, Anahí pensou ao estacionar o carro. O fato de saber que ele sentia ciúme de alguém como Paul a incentivara a sair de casa.

Sentou-se no fundo da sala, sem esperar que Paul a reconhecesse ou se lembrasse dela. O encontro entre eles fora breve. Mas ele a reconheceu e lembrou-se na hora. Caminhava para o palco, relanceando o olhar sorridente pela platéia, quando a viu. Parou, encarou-a, e Anahí corou ao ser alvo do sorriso de reconhecimento na frente de todos. Sorriu de volta com timidez e afundou-se na poltrona.

A palestra começou, e logo se sentiu relaxada, a atenção fixa no modo inteligente e sutil como Paul conduzia o assunto. Várias vezes, ele notou que ela acompanhava as risadas com a platéia e lhe lançou olhares de reconhecimento, que fizeram bem ao seu ego tão magoado nas últimas semanas.

A palestra terminou e, antes que tivesse tempo de se levantar, Paul se aproximou.

Paul: Anahí, que gentileza ter vindo!

Anahí: Adorei a palestra... -disse com um sorriso tímido- Foi empolgante.

Paul: Você estuda aqui?

Anahí: Não!

Ela corou. Não lhe ocorrera que ele pudesse supor que fosse uma estudante. Lembrou-se então que vestia calça jeans desbotada e um suéter de linha, além de estar sem maquiagem.

Anahí: Moramos aqui perto. Li sobre a palestra no jornal e decidi vir em cima da hora.

Paul: Veio sozinha?

Anahí: Sim. Alfonso está viajando a negócios.

Paul: Ah! Está interessada em política? -ele perguntou, com um sorriso estranho-

Anahí: Em arte, caricatura. Eu desenhava bem, acredite ou não, quando tinha tempo, antes de ser esposa e mãe.

Droga! Paul acreditava que era recém-casada. Agora olhava para ela com expressão confusa. Por sorte, foram interrompidos por um estudante que queria fazer algumas perguntas.

Anahí decidiu aproveitar a oportunidade e ir embora. Virou-se, mas seu braço foi segurado por Paul.

Paul: Não vá. Preciso me despedir dos organizadores e, se puder me esperar, gostaria de tomar um drinque com você, num pub que aqui perto.

Anahí hesitou. Sair com um homem que não era seu marido para tomar um aperitivo? As pessoas achavam normal. Alfonso fazia isso o tempo todo! Queria saber mais sobre o trabalho que ele desenvolvia e resolveu aceitar o convite.

Anahí: Obrigada, vou esperar na porta.

Para sua surpresa, foi Paul que hesitou, e o mesmo olhar especulativo da primeira vez que se encontraram passou pelos olhos dele. Logo concordou e soltou seu braço.

Paul: Encontro você em cinco minutos.

Passaram uma hora agradável. O lugar estava lotado com os participantes da palestra, e sentaram-se nas banquetas do bar.

A conversa fluiu de modo agradável e interessante. Paul permitiu que Anahí falasse sem interrompê-la, e ela, que estava tímida em princípio, colocou as idéias com facilidade.

O nome de Alfonso só foi mencionado na hora de partirem.

Paul: Há quanto tempo está casada? –perguntou-

Anahí: Sete anos. Temos três filhos, dois garotos e uma menina. E não pense que é só o que fazemos. Sammy e Kate são gêmeos.

Ele sorriu com o gracejo.

Paul: Quero me desculpar pela primeira vez que nos encontramos.

Paul falava de sua menção à outra mulher com Alfonso. Anahí sentiu uma pontada no peito, e não aceitou as desculpas.

Anahí: Não é preciso. Você foi apenas franco. Alfonso e eu é que agimos errado. Boa noite, Paul -ela acrescentou, antes que ele pudesse falar. Não queria conversar sobre aquela noite, nem saber a opinião dele- Gostei muito da companhia, obrigada. –agradeceu e caminharam até o estacionamento-

Paul: Escute, estou pensando em ministrar um curso de caricatura aqui na escola, durante doze semanas, uma noite por semana. Estaria interessada em participar? -ele perguntou-

Anahí: Não sei. Acredita que haja interesse suficiente na escola, para valer a pena para você?

Ele riu da ingenuidade dela. Sendo uma celebridade, o interesse das pessoas em seu trabalho era o de menos. Fariam o curso porque Paul Wesley seria o professor.

Paul: Tenho certeza de que vai gostar, Anahí. -disse com suavidade- Prometo para você.

Com uma sensação estranha no estômago, percebeu outra intenção nas palavras de Paul, que não escondeu a atração que sentia.

Encorajaria o relacionamento mesmo sabendo do perigo potencial que havia? Não, sua vida já estava bem complicada. Era uma pena, pois, apesar de o professor não atraí-ia, a idéia do curso de caricatura era tentadora.

Anahí: Pode me avisar quando decidir e pensarei a respeito.

A Falta que Você me Faz [ADP]Onde histórias criam vida. Descubra agora