Capítulo 27

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Alfonso iria para Huddersfield na segunda-feira, tentar acertar o contrato antes dos feriados do Natal. Depois de um fim de semana horrível, durante o qual trocaram poucas palavras, Anahí sentia-se aliviada com a viagem.

Na noite do domingo, ele a procurou e, na desesperada tentativa de encontrarem algum nível de satisfação, quebrou uma das regras que ela impusera e lhe dirigiu a palavra. Nem seu pedido de perdão a acalmou e, furiosa, o acusou de estragar o pouco que compartilhavam. Ele a procurou com uma urgência tão desesperada que, quando terminou, Anahí sentiu impulso de confortá-lo ao ver que mergulhara o rosto no travesseiro.

Mas não conseguiu ceder e lhe dar o que era mais importante. E o problema era que ela não sabia o que era o mais importante! Já não reconhecia mais o que estava causando a distância entre eles.

Sara, lembrou a si mesma. Sara. Mesmo assim, o nome já estava perdendo o poder de ferir profundamente como há algum tempo.

Nos dias seguintes, Anahí entrou numa correria com os preparativos para o Natal. Ignorou o estômago que incomodava até que um dia à noite, perto da hora de Alfonso chegar de viagem, sentia-se tão mal que resolveu desistir do que fazia e ir para a cama.

Estavam todos na sala, tentando erguer a árvore de Natal que acabara de ser entregue, quando Alfonso entrou. Um sorriso suavizou-lhe a expressão ao ver o esforço deles no meio dos galhos.

Alfonso: Vejo que ainda sou necessário para uns pequenos serviços por aqui. -ele brincou, fazendo quatro rostos se virarem com surpresa-

As crianças abandonaram Anahí e correram para o pai. Ele despencou no carpete, sufocado pelos gêmeos que riam e gritavam, enquanto Michael engatinhava depressa para alcançá-los.

Ela sorriu ao ver a guerra no chão da sala. E foi então que enxergou, de verdade, por que valia a pena manter o casamento.

"Família". Amor familiar. Uma conexão ao mesmo tempo simples e complicada, que os ligava de tal modo que mesmo quando um parecia escapar, não conseguia, porque os outros o puxavam de volta.

Ver Alfonso no chão com os filhos era ver o antigo Alfonso, e não o empresário apressado e sem tempo para aproveitar o amor que as crianças ofereciam. Ele estava deitado no chão com os três em cima, Michael entre os gêmeos que lhe seguravam os braços e pernas.

Alfonso: Eu me rendo! –gritou- Ajude-me, Anahí! Socorro!

Com cuidado, para não cair em cima deles, ela pegou Michael em um braço e, com o outro, puxou Kate, deixando Alfonso livrar-se de Sam. Ele levantou-se com o filho agarrado a seu pescoço e encheu-o de beijos estalados.

Sam protestou, na verdade, adorando cada minuto. A única maneira de dar a garotos de seis anos os beijos e carinhos que precisam, e não admitem, era brincando como Alfonso fazia. Ao ser colocado no chão, Sam estava corado de alegria, mas fingiu não gostar. Logo riu, vendo o pai atrás de Kate. Ela era mais fácil de ser apanhada. Fingiu relutar, mas o que mais queria era ser carregada pelos braços fortes e receber muitos beijos.

O pequeno Michael olhava divertido. Anahí o abraçou com força, lembrando que também tinha sua vez, antigamente.

Alfonso pensava a mesma coisa ao colocar Kate no chão e olhar incerto para Anahí. Sentindo-se tímida, estendeu Michael e baixou os olhos. Alfonso compreendeu e deitou-se no sofá para brincar com o bebê.

Naquele momento, a árvore de Natal ameaçou cair. Anahí correu para segurar e ficou presa nos galhos. Alfonso levantou-se depressa, a alcançou e colocou a árvore no lugar. Ela foi desembaraçada dos galhos, por mãos gentis e firmes.

Alfonso: Você arranhou o queixo. -ele observou e abaixou a cabeça para pousar os lábios na pequena marca no canto da boca de Anahí. Passou a língua com suavidade e ela sentiu um arrepio de desejo- Olá. -murmurou com suavidade, reparando que ela corava-

Anahí: Oi -ela respondeu, sem coragem de enfrentar seu olhar. Então a boca de Alfonso procurou a dela outra vez, para um beijo mais profundo e íntimo. O calor dos corpos envolveu-os e se entregaram sem reservas-

A campainha tocou, forçando uma separação relutante, e os gêmeos foram abrir a porta para a avó, que já era esperada.

Anahí: Sua mãe vai levá-los a uma celebração de Natal –explicou-

Alfonso: Vai mesmo? -ele respondeu, olhando-a com intensidade- Bom. -murmurou e a beijou outra vez, devagar, suave, brincando com a língua em seus lábios-

Ruth entrou na sala e parou ao perceber o que se passava. Anahí nem escutou-a entrar. Absorvida pelo amor que pensara perdido para sempre, sentiu um calor sensual que se espalhava pelo corpo, abraçou Alfonso e se beijaram com paixão. Finalmente se separaram, sem fôlego. Ruth Herrera sorria para eles, com um brilho de esperança no olhar ansioso.

Anahí ajudou a colocar o agasalho nas crianças e Alfonso fixou a árvore no lugar. Só então ela lembrou da reorganização que fizera no andar superior e mordeu os lábios pensando numa boa explicação.

A Falta que Você me Faz [ADP]Onde histórias criam vida. Descubra agora