Uma tarde estava sentada no chão do quarto, separando algumas roupas velhas para doar antes da mudança, quando Alfonso chegou inesperadamente de uma das viagens a Manchester. Ele parecia cansado e olhou com irritação para as roupas espalhadas.
Alfonso: Por que não contrata alguém para fazer este trabalho? -disse impaciente, tirando o paletó e a gravata e andando com cuidado para não pisar na bagunça que estava em seu caminho para o banheiro-
Anahí: Não quero estranhos mexendo em nossas coisas pessoais e, além disso, só eu sei o que é para ficar e o que é para ser doado.
Sem responder, ele bateu a porta do banheiro. Saiu do banho com uma toalha enrolada no quadril e foi deitar-se ao lado de Anahí que já estava na cama, desenhando.
Alfonso: O que está fazendo? -perguntou e inclinou-se para ver o caderno- Sua bruxa! -exclamou, ao ver o que ela tinha desenhado-
Alfonso riu ao se reconhecer desenhado nu, como um diabo com chifres e rabo, embaixo do chuveiro. Em vez de água caindo, labaredas subiam ao seu redor. Puxou o caderno das mãos dela. Anahí esticou-se para pegar mas foi impedida. Alfonso passou o braço sobre a barriga que começava a ganhar forma redonda, prendendo-a no lugar. Abriu o caderno na primeira página e começou a olhar devagar.
Ela ficou imóvel, o coração disparado de ansiedade enquanto ele estudava cada página com atenção. Não sorriu ao ver os desenhos. O caderno que folheava não tinha caricaturas a não ser a que acabara de ser feita. Era seu trabalho mais sério, até então mantido longe de olhares curiosos.
O retrato de Sam refletia seus traços com perfeição, tão parecido com Alfonso. Kate aparecia com o longo cabelo loiro emoldurando o rosto satisfeito. Captara sua expressão quando pediu ao pai para comprar um pônei para a nova casa.
Havia muitos desenhos de Michael, pois era o que passava mais tempo a seu lado.
Alfonso: Os desenhos são bons. -disse, sério-
Anahí inspirou fundo, pois sabia o que havia na próxima página.
Anahí: Obrigada. -ela disse e fez menção de pegar o caderno-
Alfonso não permitiu e assim que virou a folha ficou chocado. Ele esperava se ver desenhado, ela percebeu depois. Parecia lógico depois dos filhos, mas não era Alfonso.
O desenho mostrava o rosto de uma jovem Anahí, que mudara pouco ao longo dos anos. A boca cheia e suave, o nariz delicado. Mas os olhos, sempre expressivos, mostravam uma tristeza que tocava a alma. Para Anahí, era como olhar uma estranha. Odiou o desenho ao terminar. Captara a criatura triste que as pessoas viam quando a olhavam nos dias atuais. Fizera uma cruz atravessando a página.
Alfonso: Por que fez isto? -perguntou e percorreu com o dedo uma das linhas da cruz que cruzava o canto da boca-
Anahí sentou-se na cama e afastou-se dele.
Anahí: Ela não é como eu. Não gosto dela!
Sem comentários, ele estudou o desenho por um longo tempo e Anahí levantou da cama, fingindo interesse nas roupas jogadas no chão.
Alfonso: Nem de mim. -ele finalmente falou ao virar a página e dar de cara com o demônio-
O sorriso de Anahí foi forçado.
Anahí: Como pode dizer isto? –zombou- É assim que eu te enxergo.
Sabia o motivo, mas não conseguia explicar por que nunca desenhava Alfonso. Ele era diferente. Apesar de ser parte da família, de certo modo não era. Os outros rostos no caderno eram parte dela. Alfonso costumava ser a sua parte mais importante; mas não era mais. Desaparecia no lugar de seu coração de onde brotavam os desenhos.
Ele não a amava como os outros. Era o elo quebrado da corrente familiar.
Pegou o caderno e guardou dentro do armário, só então encarou Alfonso, que continuava deitado na cama.
Alfonso: Onde está Michael?
Anahí: Foi passar o dia com sua mãe. -respondeu, com um frio ria barriga-
Seus olhos se encontraram e percebeu o desejo começando a queimar dentro dele. Ficou parada ao lado da cama, nervosa e insegura, sentindo ondas que percorriam seu corpo, ansiosa por tocar Alfonso.
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A Falta que Você me Faz [ADP]
Fanfiction"Eu nunca pretendi fazer isso... ela apenas estava lá quando precisei de alguém" Anahí e Alfonso tinham três filhos adoráveis e um casamento sólido... Ou, pelo menos, Anahí sempre acreditara nisso. Mas sua feliz existência foi destruída quando lhe c...