Capítulo 33

3.9K 214 11
                                    

Ao perceber o desaparecimento dos gêmeos, Anahí assumiu a culpa. Fora a semana mais tensa dos últimos tempos.

Alfonso agia de modo frio, sem esconder a irritação com ela, e todos na casa ficaram aliviados quando ele viajou para Manchester.

Devido aos feriados da Páscoa, os gêmeos não tiveram aula e ficaram o dia todo em casa. Excitados com a proximidade da mudança, importunavam a mãe, cujos nervos estavam em frangalhos.

Anahí empacotava algumas louças quando ouviu o telefone. Reclamou baixo, levantou-se e atravessou a sala para atender, mas assim que chegou no hall já havia parado de tocar.

Sam: Era o papai no telefone. -ele informou, seco. Ainda não perdoara a mãe por ter gritado ao ver que derrubara suco de laranja no chão da cozinha. Sentia-se injustiçado, pois o suco era para o Michel, queria poupá-la do trabalho. Anahí não reconheceu a ajuda, só enxergou a sujeira que teria de limpar e perdeu a paciência- Ele mandou avisar que está saindo de Manchester. Antes de vir para casa vai passar no escritório, por isso chegará tarde.

Kate: Eu tinha pedido para ele chegar mais cedo e jogar com a gente. -informou Kate-

Anahí: Suponho que ele desligou depressa, tremendo de medo! -falou com intenção de ser sarcástica com Alfonso, mas os gêmeos entenderam errado e Kate corou de raiva-

Kate: Não, ele não desligou! -gritou- Ele disse que preferia jogar com a gente, em vez de fazer aquele trabalho chato! E você está uma mamãe muito chata!

Com lágrimas nos olhos, Kate desceu correndo e Sam foi atrás dela. Anahí apoiou uma mão na barriga e a outra na cabeça que estourava de dor. As crianças não mereciam sua irritação. Desceu para se desculpar, mas eles a ignoraram, fingindo ver televisão.

Pegou Michael do chão onde brincava contente com os blocos coloridos e encarou os gêmeos na esperança de que eles a olhassem. Como não se moveram, sentiu a irritação de volta e saiu da sala com o bebê no colo.

Uma hora mais tarde, quase enlouqueceu. Procurou por todos os lugares, mas os gêmeos haviam sumido.

Anahí guiou em volta dos parques vizinhos. Depois foi até a casa de Ruth, ela passaria o dia fora com uma amiga, mas as crianças não sabiam e poderiam ter ido até lá. Revirou a casa e até ligou para a nova, numa falsa esperança que de algum modo eles soubessem o caminho. Os caseiros não sabiam de nada, e já pensava em chamar a polícia quando o telefone tocou.

Atendeu com a mão tremendo.

- Sra. Herrera? -uma voz incerta perguntou-

Anahí: Sim.

- Aqui é a secretária do seu marido...

Ela sentiu o coração disparar.

Anahí: Ele já chegou? -ela perguntou-

- Ainda não. Mas seus filhos estão aqui à procura do pai e eu...

Anahí: Eles estão aí com você?

- Sim, senhora.

Anahí: Ah, meu Deus! Eles estão bem?

- Sim, estão ótimos.

Anahí deixou-se cair sentada no último degrau de escada, aliviada, mas levantou-se logo.

Anahí: Por favor, poderia tomar conta deles? Já estou indo buscá-los. -sussurrou-

Com um soluço, desligou o telefone e correu para pegar Michael. Chegou às Empresas Herrera no fim do horário de almoço. A moderna área da entrada estava lotada de pessoas circulando para os respectivos escritórios.

Chocada com o movimento, envergonhou-se por vestir uma calça fuseau antiga e uma das camisetas de Alfonso, e ficou olhando aturdida. Sem enxergar as crianças, decidiu perguntar na recepção. Caminhou através do enorme hall até uma jovem recepcionista, que flertava com um dos funcionários sentado na beirada da sua mesa.

Anahí: Desculpe. -ela interrompeu o idílio- Sou Anahí Herrera, minhas crianças...

- Sra. Herrera! -a garota levantou-se e a olhou incrédula. O companheiro afastou-se e a encarou, e Anahí não os culpou por ficarem chocados com sua aparência, só queria saber dos filhos-

Anahí: Sabe onde estão meus filhos? -perguntou, sem perceber que a alteração de voz da recepcionista atraíra a atenção das pessoas no hall, que a olhavam com curiosidade-

- Oh, o sr. Herrera chegou há pouco e está com eles no escritório, ele pediu para a senhora...

- Se quiser eu a levo. -o jovem ofereceu-

Atordoada, Anahí virou-se para ele e concordou com um aceno.

Anahí: Obrigada. -murmurou, e seguiu-o através de corredores-

O elevador parou e deixou-os num corredor largo, cujo carpete macio amortecia seus passos enquanto andavam até uma enorme porta de carvalho. O jovem bateu, esperou um momento e abriu, afastando-se para lhe passagem.

Anahí parou na entrada. Olhou para Alfonso, que se apoiava numa escrivaninha de madeira, os braços cruzados no peito, o olhar severo para as duas pequenas figuras sentadas juntas, num sofá de couro e teve vontade de chorar. Colocou Michael no chão e sussurrou:

Anahí: Oh, Sam, Kate!

Com um gemido, caiu desmaiada.

A Falta que Você me Faz [ADP]Onde histórias criam vida. Descubra agora