Capítulo 15

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Se algum dia Anahí o quê? Confusa com as palavras da sogra, ela foi para o banheiro se arrumar.

Se algum dia Anahí descobrisse sobre a outra mulher? Bem, já descobrira.

Se algum dia ela decidisse mudar? Com cinismo, olhou-se no espelho, e foi como ver uma total estranha.

Lá estava ela, escondida. Sem coragem de tomar banho, com medo de estragar o cabelo e a maquiagem. Tolice. Alfonso sairia com ela só para acalmar a consciência culpada. Além do mais, ele achava que ia sair com a nova mulher que vira na sala e que era apenas uma ilusão atrás da qual Anahí queria se esconder!

Ouviu a porta do seu quarto abrir e fechar e o som dos passos de Alfonso indo para a escada. Com um suspiro, estendeu um dos vestidos novos sobre a cama para decidir se ousaria vesti-lo. Era um vestido sexy, de renda cor de vinho e o forro de seda negra. Colo e ombros ficariam expostos, bem como as costas, porque o modelo tomara-que-caia era bem decotado atrás. Ao experimentá-lo na loja, a vendedora percebera sua indecisão por causa do decote e trouxera um bolero negro de veludo, de mangas longas, aberto na frente, deixando a curva sedutora dos seios exposta.

Não sabia se devia colocar o vestido novo ou o antigo pretinho que sempre usava quando saía com Alfonso.

Kate entrou no quarto e parou na frente do vestido com um brilho no olhar.

Kate: Vai usar este vestido, mamãe? -perguntou com doçura-

Anahí: Ainda não decidi querida, talvez eu deva usar o meu vestido preto...

Kate: Não, mamãe! O papai vestiu smoking e está lindo demais. E depois, o vestido preto é tão sem graça!

Anahí: Que seja o novo, então.

A antiga Anahí também era sem graça, e a nova decidiu mudar. Arrumou-se e desceu.

Kate estava com a razão. A figura de Alfonso era fascinante, não só pela roupa, mas pelo homem maduro e sensual que a vestia.

Ele estava de costas, servindo-se de um aperitivo, e não percebeu sua entrada na sala, deixando-a aliviada em ter algum tempo sozinha para acalmar o desejo que ele lhe provocava.

A imagem que Alfonso projetava sempre impressionava as pessoas. Um homem confiante que também intimidava, pois não gostava de expor sua personalidade.

Anahí ficou intimidada pela primeira vez na vida. Na verdade, sempre pensara nele como o marido que amava. Agora, estava apreensiva na presença do homem com quem vivia há sete anos. Alfonso era um estranho que ela amara e com quem se casara.

Será que ele tinha consciência de que ela não o conhecia de verdade? Que não sabia quem ele era, além das paredes seguras da casa?

Ele virou-se e viu Anahí, que sentiu uma pontada no coração ao perceber o olhar sem emoção que percorreu seu corpo e rosto. Reparou que Alfonso escondia seus sentimentos ao correr o olhar desde o novo corte do cabelo, passando pelo rosto cuja beleza era realçada pela maquiagem e detendo-se no corpo. O modelo do vestido acentuava suas formas perfeitas e graciosas.

Então, sem aviso, ela notou um brilho de emoção antes que ele se fechasse outra vez. Surpreendeu-se ao perceber dor no olhar. Por que um olhar triste ao ver a esposa vestida para sair com ele? Talvez fosse apenas culpa. Ele sabia que Anahí jamais teria ido ao extremo de querer mudar tanto, se não a tivesse deixado insegura!

Alfonso: Quer um drinque antes da sairmos?

Alfonso não ia fazer nenhum comentário sobre sua aparência. Anahí sentiu-se apagar.

Anahí: Não, obrigada. Você reservou mesa em algum restaurante?

O sorriso enviesado parecia zombar dela por algum motivo.

Alfonso: Reservei. Vamos então?

Anahí sentiu-se estranha sentada ao lado dele na BMW esportiva. Sempre saíam com a família no carro dela, uma perua equipada para a segurança das crianças.

Anahí: Aonde vamos? -perguntou, desanimada. Alfonso mencionou o restaurante de um dos clubes mais exclusivos de Londres como se fosse um lugar banal-

Alfonso: A comida é ótima. Até para quem está sem apetite...

Anahí: Então já esteve lá?

Alfonso: Umas duas vezes.

Com Sara? O simples pensamento deixou-a retraída. Se Alfonso percebeu, não demonstrou. Seu humor também não era dos melhores.

Chegaram ao clube e ele a conduziu até o hall luxuoso.

- Boa noite, Sr. Herrera. –falou um homem que apareceu do nada e inclinou-se para Anahí que lhe sorriu-

Alfonso: Boa noite, Estevam. -falou com familiaridade- Obrigado por ter conseguido a mesa de última hora.

- O senhor sabe como é. Para certas pessoas, sempre temos lugar. Por aqui, por favor...

Alfonso a conduziu pela cintura, num gesto íntimo. Anahí tentou não se impressionar com a elegância do local e entraram num restaurante diferente de tudo que ela já conhecera. Anahí agradeceu mentalmente a Kate por não ter deixado que ela vestisse o vestido preto antigo-

Nas ocasiões em que saíam para jantar, sempre frequentavam restaurantes locais, vestindo roupas informais para dividir um prato e uma garrafa de vinho com intimidade.

No clube em que se encontravam, era impossível imaginar um jantar íntimo e informal.

A Falta que Você me Faz [ADP]Onde histórias criam vida. Descubra agora