A partir daquela noite a vida do casal transformou-se num inferno. Não sabendo como contornar a situação sem confessar o que acontecera entre ela e Paul, Anahí sentia-se perdida. Alfonso mal conversava e nunca mais fizeram amor.
As crianças, afetadas também pela desestruturação do casamento, estavam impossíveis. Anahí afirmava que a agitação devia-se à chegada das festas, mas no fundo, sabia que a culpa era sua e de Alfonso.
Um dia, na semana anterior ao Natal, acordou doente. Passou o dia enjoada e atordoada, com a cabeça explodindo. A noite, em meio a algazarra das crianças, ouviu Alfonso entrar e ficou feliz por passar-lhe a responsabilidade e atirar-se na cama.
Alfonso: Por que não me telefonou? -perguntou, enquanto ela subia para o quarto- Eu teria vindo na hora se me avisasse que não se sentia bem.
Anahí murmurou qualquer resposta e foi para a cama. Nem ao menos pensara em chamá-lo. Em sete anos de casamento, jamais ligara para seu escritório. Ele ligava com frequência para saber como estavam, mas Anahí nunca quis incomodá-lo. Mais uma vez, percebeu a barreira entre marido e pai e o homem de negócios, e não lembrou ao menos um dia que Alfonso a tivesse cruzado voluntariamente.
No escuro do quarto, notou que ele acalmara as crianças. A casa estava silenciosa, sem um ruído que perturbasse seu repouso.
Acordou no dia seguinte com Alfonso a seu lado, segurando uma xícara fumegante.
Alfonso: Achei que poderia fazer bem... Como está se sentindo hoje?
Anahí: Melhor. -ela disse, erguendo o corpo com cuidado. Afastou o cabelo do rosto pálido antes de pegar a xícara e murmurou:- Obrigada.
Alfonso: Posso tirar o dia de folga e trabalhar aqui de casa se você quiser...
Anahí: Não é necessário. Estou um pouco fraca, mas dou conta da casa.
Alfonso parecia relutante em continuar.
Alfonso: Sabe... Acho que é melhor não ir ao curso esta noite, pelo menos até melhorar...
Anahí: Planejamos uma festa de Natal esta noite. -ela informou da maneira mais natural possível- Depois da aula, Paul vai nos levar ao clube e não quero perder a comemoração.
Conseguiu desafiá-lo mais uma vez e notou o esforço que Alfonso fez para se acalmar. Por fim, ele falou.
Alfonso: Vamos ver como se sente mais tarde.
Subitamente, Anahí quis que ele ficasse por perto. Inventou logo um assunto.
Anahí: Meus pais vêm para o Natal, como sempre, mas temos um problema este ano. Eles sempre ficavam no quarto de Michael, não sei como vamos fazer agora.
Alfonso: O que quer que eu faça? Perdi a conta das vezes que sugeri mudarmos para uma casa maior e você nem quis discutir o assunto. Agora quem tem de resolver o assunto é você. Eu não tenho nada a ver com isso.
Anahí olhou desapontada enquanto ele saía do quarto.
Mesmo sem vontade e indisposta, ela foi para o curso. Estava tão brava com Alfonso, que não quis lhe dar a satisfação de ficar em casa.
Não aproveitou a noite. O estômago ainda incomodava e a cabeça concentrava-se em milhões de providências para tomar na casa. Sentia-se cansada e tensa e, para completar, Paul passou a aula inteira encarando-a de modo perturbador.
Desde a primeira noite em que se encontraram, ele só a via com roupa esportiva. Para a comemoração da turma, usou um vestido preto justo e curto, provocando comentários dos amigos brincalhões. Paul ficou mais elegante vestido com um terno escuro e uma bela gravata de seda.
Seus olhares eram provocantes, como se lembrassem o beijo no carro. Anahí só queria esquecer, o que não era difícil. O pior era a culpa que sentia, não o beijo.
Depois da aula, foram à discoteca do clube. Ficaram no mezanino de onde se via toda a pista de dança. A música alta impedia a conversa, mas Anahí teria adorado a noitada em outra ocasião. Há tempos Alfonso só a levava a lugares calmos, com música suave, e ela gostava de danceterias.
Seu estado físico não contribuiu para que aproveitasse. O enjôo continuava e a música feria seus ouvidos. Paul encostou a cadeira bem perto e monopolizou sua atenção. Com o som alto, ela inclinava-se para ouvir o que ele dizia, ficando com o corpo muito perto dele.
Ele começou a tocá-la esporadicamente. Nada muito ousado. Um toque no braço, no cabelo. Sem saber como livrar-se da situação, aceitou a sugestão para dançar. Pelo menos a música era rápida o suficiente para ficarem separados.
Desceram e, na pista, ele a tomou nos braços.
Anahí: Não, Paul!
Paul: Que tolice Anahí, é apenas uma dança.
Ambos sabiam que não era e, se não colocasse um ponto final nas pretensões dele, seria mesmo culpada de trair Alfonso.
Anahí: Não! -ela repetiu firme-
Foi loucura ter continuado o curso depois do beijo. Desde o dia da palestra, soube que ele a queria. E Anahí só queria Alfonso. Ela o amava tanto e estava tão ferida, que sentiu vontade de chorar.
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A Falta que Você me Faz [ADP]
Fanfic"Eu nunca pretendi fazer isso... ela apenas estava lá quando precisei de alguém" Anahí e Alfonso tinham três filhos adoráveis e um casamento sólido... Ou, pelo menos, Anahí sempre acreditara nisso. Mas sua feliz existência foi destruída quando lhe c...