Capítulo 34

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Ao acordar, percebeu que estava deitada no sofá, com algo gelado na testa e quatro rostos ansiosos encarando-a. Deu um sorriso fraco, e em troca recebeu outros quatro.

Alfonso sentava-se a seu lado, com Michael no colo, segurando sua mão com firmeza. Sam e Kate, o ladeavam, cada um inclinado sobre um dos ombros. Era uma cena bonita e ela desejou ter papel e lápis por perto, para captar a imagem para sempre.

Alfonso: Como está se sentindo? –perguntou-

Anahí: Um pouco confusa. -sorriu e voltou a atenção para os dois fugitivos- Vocês me desculpam?

Sam e Kate abraçaram a mãe, se desculparam e reafirmaram seu amor e preocupação com o desmaio. Depois, se entusiasmaram contando a aventura: o telefonema para o táxi, a contagem das moedas nos cofrinhos, a chegada ao escritório e a descoberta que o pai não se encontrava, deixando todos em pânico.

Alfonso: E apavorando sua mãe até quase a loucura. –completou-

Ele olhou sério para Kate, que baixou a cabeça envergonhada.

Alfonso: Eles planejaram tudo. -explicou os fatos- Telefonaram para o ponto que você costuma chamar. Deram a desculpa da mãe doente, na cama, enviando os filhos para o pai tomar conta. Apresentaram até um dos meus cartões de visita com o endereço da firma. Um serviço profissional.

Anahí: Oh, Kate! -exclamou, lembrando o orgulho da garota ao receber a tarefa de ligar para o ponto de táxi quando Alfonso viajava e não podia levá-los ao colégio- Você abusou da minha confiança!

A criança escondeu o rosto no ombro da mãe.

Sam: Mas fui eu que tive a idéia de usar o cartão do papai. -falou, compartilhando a culpa-

Porém, todos sabiam que a precoce Kate era a mentora do plano.

Kate: Desculpe. -a garota sussurrou, enxugando as lágrimas-

O fato de Kate não procurar o colo do pai para consolo era um indício claro das reprimendas que os gêmeos ouviram antes da chegada da mãe.

Alfonso, pálido e abatido, segurava Michael com força, acariciando o bebê como se necessitasse sentir o conforto de um dos filhos, porque estava muito zangado para fazer o que tinha vontade: abraçar os gêmeos bem apertado. Percebeu que Anahí o olhava e sorriu.

Alfonso: Minha secretária vai trazer um café. Assim que chegar, vou pedir que leve as crianças até a lanchonete e poderemos conversar.

Seria uma conversa difícil. Anahí sentou-se no sofá e logo uma moça bonita entrou e colocou a bandeja sobre a escrivaninha.

Alfonso explicou aos gêmeos que a secretária os levaria para almoçar e ela saiu da sala com as crianças e o pequeno Michael nos braços. Ele serviu uma xícara para Anahí e sentou ao lado dela no sofá.

Alfonso: Vamos lá, conte o que aconteceu.

Anahí: Tenho estado impaciente com eles... –admitiu- Hoje, mais que o normal. Com certeza, sentiram-se negligenciados e vieram à procura de conforto. Pensei que tinham ido até a casa de sua mãe... Procurei em todos os lugares, jamais passou pela minha cabeça que eles pudessem vir aqui!

Alfonso: Agora já acabou. Não fique preocupada, você viu que eles estão bem.

Ela concordou, lutando para não chorar.

Anahí: Você me desculpa?

Alfonso: Por quê?

Anahí: Por ser uma péssima mãe... E por nos intrometermos aqui.

Alfonso mostrou impaciência.

Alfonso: Anahí, algumas vezes eu não entendo o que você tem em mente!

Anahí: Bateu neles?

Alfonso: Não, consegui controlar a mão. Em compensação, falei que o que fizeram foi estúpido, perigoso e intencional. Sam ouviu em silêncio, mas Kate ficou chocada. Acho que nunca havia gritado assim com eles.

Anahí: Kate vai te perdoar. –assegurou-

Alfonso: Se ela puxou a mãe, não vai não!

Anahí: O meu caso não é perdão. É tentar esquecer e não estou conseguindo. Você virou minha vida pelo avesso, Alfonso!

A Falta que Você me Faz [ADP]Onde histórias criam vida. Descubra agora