Capítulo 5

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Finalmente, ela atirou-se na cama ao lado, escondeu o rosto no urso de pelúcia e chorou até mergulhar num sono causado pela exaustão.

O dia raiou com os sons alegres de Michael brincando no berço. Anahí demorou alguns minutos até se lembrar do motivo pelo qual estava ali. Sentia-se mais calma, como se o choro descontrolado da véspera tivesse lavado suas emoções.

Levantou-se e notou que ainda estava com a mesma roupa da noite anterior. Levou a mão ao cabelo e tirou o elástico que teimava em segurar alguns fios, e o longo cabelo loiro caiu sobre suas costas.

Sentia-se mal, dormira até de tênis. Sentou-se na beirada da cama e ficou descalça. Michael notou a presença da mãe e sorriu alegre. O sorriso foi como um bálsamo para seu coração ferido. Por alguns instantes, Anahí esqueceu o mundo e deliciou-se brincando com a criança.

Não importava o que mais a vida lhe tirasse. Sempre teria o amor de seus filhos.

O pequeno Michael estava transpirando e com a fralda molhada. Ela levou-o para um banho. Enrolou-o em uma toalha e voltou ao quarto para vesti-lo.

Normalmente descia para preparar o café da manhã da família e só subia para se vestir depois que saíssem para o colégio e o trabalho. Mas naquele dia seria impossível. Os gêmeos eram muito observadores e perguntariam por que estava descabelada e usando a mesma roupa da noite anterior.

Precisou de muita coragem para entrar no quarto onde Alfonso estaria quase acordando. Entrou devagar e olhou para a cama vazia. Escutou então sons vindos do banheiro. Ele apareceu logo e se olharam ao mesmo tempo.

Em todos os anos de conhecimento nunca se sentira tão vulnerável na presença dele, e tão consciente da própria aparência: os olhos inchados de tanto chorar, o cabelo solto e despenteado.

Também estava absolutamente consciente da aparência de Alfonso a altura, os músculos fortes no corpo atlético, o peito largo, as pernas longas e robustas...

Com a boca seca, desviou os olhos.

Alfonso parecia cansado, como se tivesse dormido pouco. Provavelmente passara a noite pensando, racionalizando, a fim de encontrar uma solução correta para uma situação impossível. Era sua especialidade: transformar um desastre em sucesso.

Olhou-a de modo defensivo. Acabara de sair do banho e seu cheiro excitou-a.

Magnetismo sexual não tem barreiras, pensou Anahí. Mesmo sentindo raiva e desprezo, a paixão dominava seu ser.

Desviou a atenção e colocou Michael no meio da cama de casal, que não fora desfeita. Notava-se que fora usada apenas pela marca do corpo de Alfonso sobre a colcha.

Michael tentava de todas as maneiras chamar a atenção do pai, que só tinha olhos para Anahí. O bebê ficou vermelho e gritou querendo sentar-se. Ela sorriu e estendeu a mão, Alfonso reclinou-se do outro lado da cama e pegou na outra mãozinha: era tudo que Michael precisava para conseguir sentar.

Michael: Da! -ele disse em triunfo-

Anahí não desviou os olhos do filho ao perceber que o olhar de Alfonso procurava o seu.

Alfonso: Por favor, Anahí, olhe para mim.

Anahí: Não!

Alfonso ergueu Michael para beijar a bochecha gorducha e colocou-o de volta na cama.

Alerta, Anahí quis levantar-se, mas ele agiu mais rápido, segurou seu pulso e puxou-a gentilmente para si, trazendo-a para o calor de seus braços.

O conforto que ofereceu emocionou-a, e ela não conseguiu segurar o choro. Apertando o abraço, Alfonso abaixou a cabeça e só conseguia dizer uma única coisa...

Alfonso: Desculpe, desculpe.

Mas não era o suficiente, nunca seria. Amor, confiança, respeito não existiam mais e desculpas não trariam de volta.

Anahí: Eu estou bem. -ela disse-

Alfonso: Amor, sei que te magoei muito, mas não tome nenhuma decisão ainda. Temos tudo a nosso favor se você der outra chance. Não jogue nossa vida fora por causa de um erro idiota que cometi.

Anahí: Quem jogou nossa vida fora foi você!

Ela afastou-se e não foi impedida. Alfonso ficou olhando da cama, enquanto ela andava do guarda-roupa para as gavetas, sem saber que roupa vestir.

Durante anos ela tivera confiança cega nele, enquanto o marido caminhava rumo ao sucesso. Ficara em casa como um animal de estimação, e ele a alimentara e preenchera suas necessidades. Que situação patética!

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Olá meninas, desculpem o sumiço, fiquei sem computador =/
Mas já estou de volta! ;*

A Falta que Você me Faz [ADP]Onde histórias criam vida. Descubra agora