Capítulo 29

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O Natal foi ótimo, mas passou depressa. Logo chegou a hora de Anahí decidir se continuava o curso com Paul. Alfonso não comentou o assunto, mas sua opinião estava estampada no rosto sempre que a via desenhando. Por sua vez, ela queria tomar a decisão sem interferências.

Aos poucos, voltaram a ser estranhos na mesma casa. Anahí sabia que noventa por cento da culpa era dela. Alfonso era um homem muito sensual e sentia sua virilidade ameaçada porque ela não se satisfazia. Ele detestava as restrições que ela impusera: escuridão, silêncio e relutância em ceder aos instintos sexuais.

Ao acordar, depois de uma noite particularmente desastrosa, decidiu que precisava fazer alguma coisa para salvar o casamento. Temia que, se Alfonso ficasse sob pressão outra vez, fosse procurar satisfação completa fora de casa.

Isto lhe dava uma insegurança tremenda, mexendo com seus nervos a ponto de estar sempre com o estômago enjoado, sem nenhuma melhora, havia semanas.

Ao pensar em quantas semanas, sentiu o sangue congelar.

Duas horas da tarde de uma quarta-feira, Alfonso trabalhava na minuta de um contrato, quando o telefone tocou.

- Uma pessoa na linha para o senhor. Ela diz que é a Sra. Herrera.

Um arrepio gelado percorreu sua coluna. Anahí nunca telefonava para o escritório. Um acidente com uma das crianças? Alarmado, atendeu a ligação. Ficou tão preocupado com o que poderia ter acontecido, que não entendeu a voz urgente, que não era a de Anahí.

Alfonso: Mamãe, será que pode repetir? Acho que não compreendi uma só palavra do que disse.

Deixou o escritório e dirigiu apressado para casa. Sua mãe abriu a porta, antes mesmo que ele parasse o carro.

Ruth: Ela está lá dentro. Está tão triste, meu filho.

Alfonso entrou na sala e encontrou Anahí enrolada em um cobertor no canto do sofá, aos prantos. Aproximou-se com cuidado e tocou seu ombro.

Alfonso: Anahí?

Anahí: Vá embora! -ela soluçou-

Ele ficou intrigado. Nunca vira a esposa naquele estado, tão abatida que nem conseguia dizer qual era o problema. Acariciou-a, tentando imaginar o que poderia ter acontecido.

O nome de Paul Wesley passou por sua mente e sentiu ódio.

Alfonso: Anahí... -ele passou a mão pelo cabelo dela e assustou-se com o estado febril- Pelo amor de Deus, fale comigo! O que está acontecendo?

Sem saber o que fazer, pegou-a no colo e sentou-se no sofá.

Anahí: Foi tudo sua culpa... -ela soluçou de repente. Culpa dele. Alfonso tentou lembrar-se dos últimos dias, querendo descobrir o motivo de tanto desespero. Não conseguia pensar em nada. Fora muito diplomático. Não fizera comentários a respeito das aulas de arte, nem a procurara com insistência- Você deveria ter tomado as providências. -ela disse, triste-

Alfonso: Providências do quê? -os soluços ficaram mais fortes e Alfonso tomou o controle da situação, colocando-a sentada, afastando o cobertor e acariciando o rosto fervente- Fique calma, agora!

O tom de voz aumentou seu choro. Ele puxou o lenço do bolso e enxugou as lágrimas. Assustado com a febre alta, tirou-lhe o suéter de lã e ela tremeu quando o ar frio a atingiu através da camiseta.

Alfonso: Agora... Vamos conversar com calma. Pelo que entendi, você disse que eu sou culpado de alguma coisa. O que é, Anahí? Se não falar, como vou poder ajudar?

As lágrimas voltaram a cair.

Anahí: Você não pode ajudar, Alfonso! Estou grávida e a culpa é sua. Prometeu que cuidaria do assunto.

Ele deveria ter tomado cuidado e ela engravidou dos gêmeos. Depois, Anahí tomou pílula por cinco anos e precisou parar, pois estava lhe fazendo mal. Alfonso voltou a cuidar do assunto e veio Michael!

Anahí: Você é um inútil! Serve para ganhar milhões em suas empresas, mas não presta para mais nada! Pelo amor de Deus, eu só tenho vinte cinco anos! Se continuar assim, vou morrer antes dos trinta.

Alfonso escondeu o rosto no pescoço dela, para esconder o sorriso.

Alfonso: Psiu, ainda estou tentando absorver a novidade. -Anahí estava brava e sentou-se ereta-

Anahí: Sabe no que me transformei? Numa máquina parideira! Não é à toa que me mantém escondida dentro de casa, Alfonso! O que diriam seus amigos de negócios se soubessem a eficiente linha de produção que instalou na própria casa?

Alfonso: Chega, Anahí! -desta vez ele não disfarçou a risada- Não posso pensar enquanto fica com estas acusações doidas!

Anahí: Mas estou grávida e não quero estar!

A Falta que Você me Faz [ADP]Onde histórias criam vida. Descubra agora