There's something different in the air

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Ele POV

A volta dos treinos me fez perceber o quanto eu era burro. Se eu tenho colegas de time que são brasileiros, porque não pedi logo para eles traduzirem o site dela para mim? Mas aí me lembrei de que, para pedir ajuda linguística para qualquer um, teria que explicar o porquê eu estava interessado em ler um site de música brasileiro, considerando que eu mal acompanhava os artistas que eu escutava. Olhar site de música? Acho que nunca tinha de fato entrado em um antes de ontem a noite. Ou seria madrugada?

Mas resolvi comentar do site. Às vezes conseguiria passar despercebido, ao menos por enquanto. Sabia que não esconderia a Babi por muito tempo, mas nem sabia o que daria disso. Por enquanto éramos apenas estranhos que se conheceram no parque.

Cheguei no vestiário depois do treino e comentei com o Rafinha.

- Cara, eu estava procurando umas bandas na internet domingo e me deparei com um site brasileiro. Não entendi nada do que estava lá, mas tinha umas indicações bacanas. Até de bandas do seu país.

- Qual site? Eu não conheço muita música pop, mas vai que.

Peguei meu celular e abri no navegador. Merda. O site estava aberto, só que justo na parte em que tinha uma foto da Babi.

- Tava interessado era na música Götze?

- Velho, deve ter aberto sem querer!

- Mas ela é gata. Nada mal.

Eu devo ter ficado muito vermelho. Acho que não dava mais para fugir. Pelo menos como não confirmei nada, o Rafa ficou na dele.

- My Songs, My Live. Vou ver o que descubro para você.

Sorri sem querer nem agradecer. Qualquer coisa que eu falasse poderia ser usado contra mim. Não ia deixar começar uma fofoca quando nem tinha nada sobre o que se falar sobre. E eu sabia muito bem como os caras eram. Você dava uma brecha, e já era o mais zoado de todo o vestiário. Da última vez que um de nós começou a namorar, zoaram o ser por quase um mês.

O treino tinha sido puxado. E eu tinha agradecido por isso. Desde que encontrara com aquela garota na padaria não havia feito mais nada sem lembrar dela. Lembrar do que? Eu nem a conhecia. Mas seu rosto tinha me chamado atenção. E era raro alguém me chamar atenção assim, se é que já tinha acontecido alguma outra vez.

Fiquei mais quieto que o normal enquanto treinávamos jogadas, e isso foi o suficiente para alguns dos caras virem me perguntar se eu estava bem. Falei que sim, afinal, não tinha nada de errado. Só estava louco para chegar em casa, jogar um pouco de FIFA e dormir. Uma boa noite de sono sem sonhos. Será que era pedir muito?

Aparentemente era.

Fui dormir exausto, na esperança de que ia conseguir relaxar. E então, tudo começou de novo. O time adversário, eu sozinho no campo, estava escuro dessa vez. Enxergava ao meu redor as linhas que dividiam o meio campo, podia ver o gol. Não havia luz artificial, mas uma pequena iluminação da lua era o suficiente.

O time adversário vinha com a bola para cima de mim. Eu estava sozinho, não tinha nem goleiro no meu campo. A única coisa que eu poderia fazer era roubar a bola e atacar. Se eu ficasse parado com certeza tomaria um gol, e tinha a sensação que não estaria apenas perdendo um jogo. Não que perder um jogo fosse algo para se dizer apenas.

Corri até alcançar a bola nos pés de um dos jogadores adversários. E foi só então que percebi que nenhum deles tinha rosto. Eram todos iguais e sem rostos. Poderia ter ficado com medo, mas na adrenalina de correr pelo campo, tentei fingir que eles não era no-faces, como comecei a nomeá-los.

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