Comunication

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Ele POV

Fiquei parado esperando ela ir embora. Sabia que tinha falado algo muito errado, mas não consegui me segurar. Eu não a conhecia. Não poderia pré-julgar as coisas que ela havia vivido. Assim como ela não poderia fazer isso comigo. E acabei não descobrindo o que havia de diferente, além de um brilho em seus olhos que não estavam ali há semanas atrás.

Era esse o maior problema de pessoas que estava acostumadas a viverem na mídia: tínhamos a falsa impressão de que todo mundo nos conhecia, mesmo tendo a certeza que ninguém sabia quem éramos de verdade.

Quando a perdi de vista, retornei o meu caminho secreto pelos fundos do parque. Fazia o caminho inverso do dia em que havíamos nos conhecido. Não podia deixar de sentir que era o fim de um ciclo, por mais que aquilo nem se quer tinha começado. Mas ao mesmo tempo, sabia que ainda encontraria com ela.

Tinha deixado meu carro um pouco distante do parque. Geralmente eu viria a pé, porém sabia que ia esfriar. Eu teria jogo daqui a poucos dias, e por mais que ainda não fosse uma certeza que eu ia jogar, não poderia ficar doente.

Mal entrei no carro e meu celular tocou. Era meu agente. Estranhei porque ele não costumava me ligar tão tarde. Sempre deixamos para resolver as coisas durante o dia, a não ser que fosse algum escândalo de mídia. Será que alguém tinha me visto com a Babi?

- Alô

"Fala grande Mario! Como vão as coisas?"

- Bem. Algum problema Mr. Marx.

"Problema exatamente não. Mas precisamos conversar sobre seu contrato. Para onde você está pensando em ir na próxima temporada?"

- Como assim para onde? Vou ficar no Bayern.

Eu sabia que essa temporada não estava sendo uma das melhores para o meu lado. Mas eu amava esse time, a torcida, as vibrações que sentia no campo. Não era a mesma coisa de estar defendendo a seleção, mas duvidava que em algum outro clube fosse ter o mesmo sentimento.

"Você tem certeza? Porque acho que devemos olhar algumas opções."

Depois da conversa com a Babi, de um dia longe de treino e algumas noite mal dormidas com pesadelos, meu futuro depois dessa temporada era a última coisa que eu poderia querer discutir agora.

- Cara, eu não to com cabeça para isso hoje.

"Götze, temos que conversar sobre isso. Não sei se ficar no Bayern seja uma ideia. Há a possibilidade de ir para o Liverpool. O que você acha de jogar na Inglaterra?"

Todo jogador tinha o sonho de jogar em outro país que não o seu. Eu poderia até vir a fazer isso, mas não estava sentindo que tinha chegado a minha hora. Ou se, se quer algum dia iria chegar.

- Olha Marx, analisa o que você quiser. Eu já dei o meu veredito. No momento eu só quero chegar em casa e dormir.

"E onde você está que não em casa? Não vai me dizer que está indo para uma balada no meio da semana."

Sempre o controlador Marx.

- Não. Estava dando uma volta no parque para esfriar a cabeça. Mas parece que nem assim deu certo né?

Desliguei a cara dele. Lidaria com sua ira depois. Agora eu só queria chegar em casa e fazer maratona de alguma série. Ainda tinha alguns episódios da 3ª temporada de House of Cards para assistir e logo mais a 4ª estreia.

Em seguida desliguei o celular e joguei de qualquer jeito no banco do carro.

Não queria falar com ninguém.

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