Capitulo 3 - O trem e minha nova família.

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Quando eu era pequena amava o sol, amava a luz e odiava a escuridão, eu me sentia viva. Disso eu me lembro.

Agora, a escuridão me completa, me sinto livre na noite, a luz do luar e das estrelas. Elas brilham toda noite para as pessoas da terra, mas elas não recebem seu devido valor, eu as entendo, mas eu nunca fiz nada por esse mundo então não mereço o respeito e valor que as estrelas.

Ao chegar a estação de trem me sento em uma cadeira perto das cabines de compras de passagens, espero a chegada do trem enquanto minha mãe compra minha passagem.

No pilar que a em minha frente tem um espelho, olho meu reflexo nele, pele pálida pela falta de oxigênio com algumas sardas, cabelos castanhos e curtos na altura do queixo e ondulados que me fazem parecer como o Darth Vadder (acho que é por isso que Jess me chama de Jedy), e olhos castanhos e cinzas sem vida.

Eu me odeio.

Minha mãe volta com a passagem em mãos, ela tem um sorriso no rosto, ela realmente acha que essa viagem vai me fazer melhor, não posso culpa-la, eu também estou um pouco empolgada. Um pouco.

Quando o relógio da estação marca 9 horas o trem chega pontualmente, eu pego minhas malas e vou até o portão de embarque, estou pronta.

-Filha – minha mãe me vira pra ela – Eu te amo, não importa o que aconteça, não se esqueça de quem você realmente é – ela pega um envelope e coloca no bolso de fora da minha bolsa – quando se sentir mal leia isso, ok?

-Sim mãe – olho para seu rosto, ela esta vermelha e seus olhos estão com lágrimas.

Ela me abraça forte soluçando.

-Eu te amo, mais que qualquer outra coisa no mundo.

-Eu sei mãe.

Por favor, deixe eu ir logo! Eu não quero ver você chorar!

Ela me beija na testa e deixa eu embarcar. Aos poucos vejo a cidade grande ficando mais longe, agora ela não parece mais tão grande.

***

No meio da viagem me da um pouco de fome, abro minha bolsa e vejo o que minha mãe colocou, fico feliz ao ver que são maçãs, adoro maçãs.

Aos 7 anos meu pai me levou com ele a uma fazenda no interior, ela pertencia aos seus pais, mas sua tia que cuidava dela.

Mamãe estava doente, e eu fiquei muito triste, ele me levava a uma macieira que ficava em um morro.

Ele me botava em seu colo e cantava, a primeira musica que eles ouviram depois de eu nascer, eles diziam que era a minha música.

Então eu adormecia em seu colo, eu adorava.

Mas ele te deixou. Pelo o que você fez,  Ele não te ama.

Sinto uma lágrima fina escorrer pela minha bochecha pálida.

Sinto tanta sua falta. Ele se foi por minha causa.

Começo a cantar baixinho a música e quando percebo, meus olhos estão embaçados.

                                                                                   ***

Algumas horas depois vejo no horizonte uma cidade pequena, mas bem movimentada, cheia de árvores e campos.

O trem para na estação, e desembarco junto dos outros passageiros, passo pelo portão e chego na sala de espera.

- Jandi? – uma voz me chamou perto da entrada, olho pro lado e vejo uma senhora com uns 50 anos gordinha e cabelos grandes, ela tem um sorriso enorme no rosto ao me ver. Tia Clarice eu presumo.

Ao seu lado tio Joe também esta sorrindo. Eles são bem diferentes um do outro, enquanto Clarice é gordinha e animada, Joe é magro e bem alto, mas não parece ser sério. Ele me ajuda com as malas enquanto Tia Clarice me da um abraço forte.

-Lisa fez certo em te mandar pra ficar com a gente, você vai adorar o campo.

Eles me levam até seu carro, uma pequena vã azul escura, lotada de frutas e plantas.

Tia Clarice teve ter notado meu espanto e me explica que eles levavam suas plantas vegetais e coisas que eles produzem para uma loja que os pagam por cada produto.

Entro no carro. Enquanto tio Joe dirige e conversa com tia Clarice eu me perdia na paisagem do mar, as ondas e as montanhas de areia douradas, mais a fundo vejo que há uma pequena calçada que divide a areia da praia da terra, onde a estrada começa a ficar esburacada e o carro começa a pular que nem doido, uma abóbora pequena voa pro meu colo quando passamos por um buraco enorme.

Ao sair da vã vejo uma casa, bem grandinha por sinal, amarela com plantas crescendo por suas paredes. Atrás e na frente tem plantações, sei que algumas são de morangos e tomates, mas não reconheço os outros.

Apesar de ser grande os cômodos da casa são meio apertados pois tem muitos, tia Clarice me ajuda a carregar as malas ao meu novo quarto, ele é um pouco maior que o meu e bem iluminado.

As paredes, assim como o teto são de madeira, algumas partes como as cortinas, almofadas e o tapete são verdes e laranjas. Acho o quarto lindo e agradeço a tia Clarice por me ajudar, ela me da um abraço apertado e fala que vai colher as novas frutas no jardim, ela sai do quarto me deixando sozinha.

Tia Clarice: Ela tem minha altura, tem longos cabelos castanhos e bochechas cheias e bem rosadas ( não acho que ela usa maquiagem)

Tio Joe: Ele é bem alto, o cabelo já é cinza e parece ficar fora o dia todo trabalhando no jardim

Onde As Estrelas Não Brilham Onde histórias criam vida. Descubra agora