Capítulo 4 - Gelo, nozes e flores.

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Capitulo 4 - Gelo, nozes e flores.

Não achei que iria pensar isso, mas o dia esta lindo lá fora, decido ir desenhar em algum lugar.

Pego meu caderno de desenho, lápis e estilete. Saio da casa e aviso tia Clarice que vou explorar um pouco, ela sorri.

-Viu? Você já esta melhorando! Cuidado pra não se perder.

Vou indo quando ela grita pra mim:

-Jandiii!, após explorar o vale você pode ir a loja de flores na cidade? Tem uma pessoa querendo te ver.

Aceno com a cabeça positivamente. Eu sigo uma trilha que leva a um campo grande e ensolarado, me sento em uma colina com visão para a praia e algumas casas.

Desenho tudo que consigo ver, e admito que fico bem orgulhosa, eu me sinto em paz, desejo me sentir assim o tempo todo, deito na grama fofa e encaro algumas nuvens no céu azul vejo um coelho, uma flor e um chapéu.

Faz tempo que eu não olho pro céu e observo nuvens, eu fazia isso com o meu pai.

Fecho os olhos por um segundo, eu estava feliz, mas porque?

-O que esta fazendo?

Abro os olhos, um menino me encara, levanto rapidamente. Ele usa calça jeans comum e uma camiseta escrita "o movimento é impossível" reconheço essa frase de Zenão.

-Nada eu...– olho para seus olhos, um azul gelado e o outro preto como a noite.

-Eu só estava... Hum, desenhando.

Ele pega meu caderno de desenho do chão e olha atentamente a ele, como se estivesse procurando alguma coisa.

-O moinho – ele fala.

-Como?

Ele aponta pra um moinho no final da colina mais longe. Eu não me lembro de ter visto ele antes.

- Você esqueceu de colocar o moinho.

- Ah, sim , ah ... Obrigada.

- Não tem de que – ele sorri e simplesmente desaparece da minha frente.

                                                                      ***

Abro meus olhos, continuo deitada na grama verde que agora faz minha pele coçar, me levanto e aperto os olhos. Aquilo foi um sonho?

Olho para onde o menino apontou e vejo que o moinho não estava mais lá.

- Estou ficando doida – penso.

Seguindo o caminho de volta pra casa decido ir a loja de flores que tia Clarice me mandou ir. Passo por todo o caminho que eu o os tios viemos de carro e chego a uma rua com lojinhas pequenas e mercearias, há alguns bancos e árvores. A também várias pessoas que parecem viver a sua vida ser receio.

Que lugarzinho tranquilo.

- Jandindin?!!! – ouço uma mulher gritar de uma loja de flores tão comum que quase nem notei quando espio pelo vidro. Ela é magra e bonita, parece bem jovem, ela tem seus cabelos ruivos presos em uma trança que cai lindamente em seus ombros quando corre até mim e me da um abraço apertado.

Pare de me apertar! Eu não consigo respirar!

- Há quanto tempo..., senti tanta sua falta! – ela me olha de cima a baixo – awwt como você cresceu! Quantos anos já tem? Ainda lembra da sua prima Sarah?

- Na verdade... não, eu tenho 12, como sabe quem sou eu?

- Esta na boca de todo mundo! Você é famosa por aqui. E você ainda tem carinha de 10 anos!

- Famosa? Eu?

- Sim, não se lembra? Desde o acident...

Ela travou no mesmo instante em que ia falar.

- Que acidente?

- Nada não, esquece. A questão é que você está aqui . Quer tomar um suco? O de manga ainda é seu favorito né?

- Sim, como sabia?

Ela riu.

- Já te falei...

Ela vai para os fundos da loja, ouço um bater de panelas e pratos, ela sai com dois copos de suco de manga, ficamos conversando o resto do dia.

Ela me conta que se mudou pra lá depois que eu nasci, e que estava lá quando eu vim visitar com 10 anos. Me choca que eu não me lembre de quase nada daquele ano. Foi o ano em que meu pai nos deixou, nunca soube bem o porque, teve um acontecimento bem ruim mas ele apenas me fala que não se entendia mais com minha mãe. Mas eu não me importo muito com isso.

- Então, o que a traz de volta a essa cidade?

- Minha mãe recebeu ordens do meu medico para me mandar a um lugar longe da cidade, sem muita poluição, essas coisas.

- Ata, então... como é sua vida na cidade? Tem amigos?

- Tenho só uma amiga, o nome dela é Jess, conheço ela desde criança. Eu não tenho amigos na escola, eles me acham... esquisita.

- Não deveriam, você é legal e amigável, e bonita. Faz sucesso com os meninos?

- Não, eles são bobos, eu só tive um amigo menino que realmente se importava comigo, eu não me lembro dele, nem sei o que aconteceu com ele.

Eu tento me lembrar, mas não consigo apenas um borrão sorridente aparece em minha mente, logo começo a sentir uma dor de cabeça horrível.

- Não se lembra dele? Que pena.

Ficamos o resto do dia conversando, ela ate me ensina a cuidar de algumas plantas, como dizia meu pai, ela tem mãos verdes.

Enquanto ela me ensina a limpar pétalas de orquídeas alguém entra na loja, é tia Clarice. Ela diz que esta na hora do jantar e quando olho para o relógio ela esta certa, quase oito horas.

Antes de sair, Sarah me da um lírio laranja de presente.

- Cuide bem dela – ela fala, e da uma piscadinha.

Sarah: Ela é um pouco mais alta que eu e tem cabelos ruivos bem claros. Ela cuida de uma floricultura na rua em frente a praia.

Suas flores favoritas são girassóis.


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