Capítulo 18.5 - Dias extraordinários

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Ninguém me ouviu.

Sei disso porque eu gritei na minha mente. Porque? Porque me sinto assim?

Parece que o mundo parou.

Eu... preciso de um ar fresco, preciso sair daqui.

Agora a única coisa que eu consigo é sair de lá. Não sei como. A musica alta, as pessoas gritando e dançando agora são só chiado, como se fosse uma teve sem canal. Ignoro tudo, passo por todos e chego a porta, hesito um momento, vou deixar ele lá? Abandonar August naquele inferno?

Ele disse que queria ficar. Disse que era só uma festinha idiota. Então aproveite ela com Hazel!

Porque me sinto assim?

A dor está voltando.

Saio correndo de lá, não sei o que estou fazendo. Como ele pode? Qual o meu problema?

Percebo que entro na floresta, piso em folhas e desvio de árvores que passam muito rápido. Sinto galhos arranharem meu rosto mas não me importo.

Não sei pra onde estou indo, e não me importo, aconteceu outra vez, me abandonaram de novo.

De repente sinto meu ombro bater com força em uma árvore, acabo caindo pra frente e caio encima de uma areia de praia, quando percebo estou perto da duna da praia que fomos antes. Me levanto e espremo a cabeça com as mãos.

A dor está voltando.

- Ai me Deus – falo – O que é isso? Porque eu me sinto assim? Isso não esta certo. Eu não posso sentir ciúmes. Ele é meu amigo, ele não vai simplesmente me abandonar – Começo a ter dificuldade em respirar, parece que minha garganta não deixa o ar passar – Não – falo com dificuldade – ele não vai me abandonar como os outros fizeram.

Respiro fundo e digo a mim mesmo pra me acalmar. E até funciona, até eu lembrar de outra coisa: eu deixei ele lá.

O que foi que eu fiz?

Eu sou muito idiota. Agora eu estou sozinho de novo.  Droga, droga, droga.

Agora acabou, ele não vai me procurar e nunca mais vou vê-lo de novo. Perdi meu único amigo.

Sem nenhum lugar para ir vou até aquela rocha, ela é lisa por cima então me deito lá. O cheiro de agua salgada entra nos meus pulmões.

Olho pra cima e reparo nas estrelas, elas brilham tanto. A tontura volta. Droga.

Fico lá um tempo, não sei quanto tempo.

Encaro o céu, as estrelas parecem tão brilhantes daqui de baixo, será que estou alucinando? Talvez, mas não me importo, elas parecem brilhar pra tudo, menos pra mim, ótimo, ate as estrelas me odeiam. Penso em qualquer coisa pra tira-lo da mente.

Eu não posso pensar nele.

- Iris? – alguém atrás de mim pergunta, gelo na hora porque conheço a voz. Me sento.

- A-August? – soluço.

Ele ri – Acho que você esta um pouco bêbado – ele fala.

Volto a me deitar na pedra dura, ele fica do meu lado e faz o mesmo. Ficamos um pouco em silencio até ele perguntar:

- O que houve lá na festa Iris?

- Nada – falo com raiva.

- Eu sei que não foi "nada"! Você me abandonou lá.

Fico calado.

- Ok então – ele fala – quer jogar um jogo?

- Que jogo? – pergunto. Por favor que não seja um jogo que inclua eu passar uma tremenda vergonha.

Onde As Estrelas Não Brilham Onde histórias criam vida. Descubra agora