Capítulo 14 - Aprendo a dançar

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Não sei a quanto tempo estou aqui. Parecem séculos. Minha cabeça está girando, nem parece que sai daquela festa.

Espero que ninguém tenha me visto chorar, mesmo que eu tenha escondido meu rosto e segurado muitas lágrimas, eu não quero mais fofocas.

Preciso ir pra casa. Vou sair da cidade, vou sair do mundo, preciso me afastar das pessoas, ninguém parece me entender.

Hayden entenderá. Ele entende. Ele vai entender.

Pensar em Hayden agora parece pensar em um oásis no deserto, uma luz no fim do túnel que não é um trem ou na primeira flor da primavera. Parece minha única salvação agora.

Fecho os olhos com força.

- Hayden – sussurro – eu preciso de você aqui.

Mas eu estou bem aqui.

Quando abro os olhos, ha um barco a remo na minha frente, balançando com o mar, e Hayden esta segurando os remos.

- Oi – ele fala olhando pra mim – você está bem?

Tem tanto sofrimento na pergunta “você esta bem?”, parece que por um momento alguém notou a diferença no meu rosto, que por um momento alguém viu minha máscara desaparecer, que por um momento alguém percebeu que eu NUNCA estou bem.

Faço que não com a cabeça.

- O que ouve? – ele pergunta.

Não respondo.

- Quer dar uma volta? – ele pergunta – não se preocupe, eu remo bem – ele sorri – a gente não vai ficar a deriva no mar.

Sem pensar, porque esta difícil pensar, eu entro, me sento no banco na frente de Hayden e ele começa a remar. Eu apenas encaro meus pés, como se fosse uma idiota sem vida, e tento esquecer o que aconteceu. Não consigo, minha cabeça parece um furação. Que parece nunca acabar de destruir as coisas no seu caminho.
A única coisa que acho que pode me distrair, é Hayden. E seus olhos encantadores.

Ele realmente rema muito bem. Empurrando a água gelada pra frente como se fosse nuvens se movendo no céu.

Quando o olho, ele parece estar distante, encarando a lua enquanto rema. Parece mais fissurado que no sonho que tive, no que ele deve está pensando? Do nada ele olha pra mim. E sorri de uma forma amigável. Seus olhos parecem tão familiares, tão aconchegantes. Sinto que ele estará la pra mim caso aconteça algo ruim.

- Ei – ele fala – quer tentar remar? Não é tão difícil.

Remar não parece uma ideia ruim.
Me levanto e ele se afasta pro lado, deixando o espaço pra comandar os remos livre. Um gesto um gentil da parte dele, deixar uma menina idiota remar o barco que você esta.

Agarro os remos, eles parecem mais pesados do que pareciam. Os puxo e a cada remada parece que meus braços vão cair do meu corpo. Não sou boa em remar.

Hayden percebe o quão eu estou indo bem e ri, uma risada fraca e fala:

- Quer ajuda? – não respondo, apenas o encaro.

Ele fica um pouco atrás de mim de forma que ainda esta sentado ao meu lado e coloca suas mãos em cima das minhas e me ajuda a remar. Seu toque é leve, nem parece real, mas tem força o suficiente pra mover os remos pesados.

Acho que em uma situação como essa, qualquer outra menina ficaria envergonhada ou travada, além do mais não posso mentir, Hayden não é feio, pelo contrario. Não é difícil imaginar uma menina qualquer se declarando pra ele, talvez uma menina normal pensaria: “Como se age nessa situação?, ele é tão encantador” ou “Oque eu faço agora? Esse menino é tão lindo!” Mas não importa o quanto eu tento pensar como uma menina normal, eu não consigo, não me importo. Ele é meu amigo, não o vejo além disso. Aquele amigo que você pode confiar, que te apoiará nas decisões e te ajudar quando precisar. Esse é o Hayden que eu enxergo.

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