Eu achei que carregar um vaso de lírios por mais de alguns metros não teria problema. Mas quando meu peito começou a doer e eu ficar ofegante, percebi o erro que cometi... DROGA.
Tenho que decidir rápido. Deixo as flores, corro pra casa pego a bombinha e tomo o remédio. Ou continuo andando devagar, chegar la cansada mas me recuperar. Talvez eu desmaie no caminho, ou pior a garganta começa a fechar e estarei ferrada. DROGA, DROGA, DROGA, DROGA.
- Eu odeio ter asma! – olho pro meu tórax - vocês ai, pulmões, eu odeio vocês, odeio mesmo, se quiserem descanso ok. Mas aguentem até em casa!
Respiro fundo, o que não da muito certo, vem três tosses pesadas. Resmungo alguns palavrões e começo a andar. Cada passo parece um inferno, se eu não tivesse seguido Hayden, e ficasse na cama o dia todo meus pulmões estariam quietos. Mas naaao né Jandi, tem que ser teimosa. Sua idiota.
Você consegue, penso. Você consegue, você consegue, você consegue. Olhe o lado bom, talvez algum menino bonitinho te ajude, droga, estou pensando que nem a Jess, ela diria isso pra mim agora. Droga, só mais alguns passos, quer dizer, 270 metros talvez, então 270 passos? Não. Droga. Meus pulmões parecem queimar, estão queimando, estão queimando. Meu Deus. É psicológico, sem raiva, sem pensamentos ruins, ou vai doer mais.
Sinto gotas de suor, minhas pernas ficam bambas. Meus joelhos doem e minha respiração fica mais pesada, se eu não parar eu posso desmaiar. Minhas pernas cedem. Chega!
Eu desabo, o vaso cai no chão, mas não quebra. Fico de joelhos e minha respiração aumenta, como se tivesse corrido uma maratona. No que eu estava pensando? Eu não sou a Jess. Eu não sou Hayden. Eu não posso fazer isso, eu não posso. Não consigo nem correr direito, eu desmaio tanto nas aulas de educação física que a professora nem deixa mais eu treinar, minhas pernas nem parecem ter músculos de verdade, eu sou fraca. Sou estupida.
- Com licença – uma voz masculina fala, não parece de um adulto – precisa de ajuda?
- Não, eu consigo levantar – falo ofegante, tento me levantar e minhas pernas sem força não aguentam meu peso, caio de novo, não consigo – Talvez eu precise de ajuda.
Ele passa seus braços pelo meu tórax eu passo meu braço pelo seu ombro e ele me puxa pra cima, ele não e tão alto. Eu ainda estou ofegante e minhas pernas não querem cooperar. Minha franja agora esta cobrindo meu rosto mas realmente não me importo.
- O que aconteceu com você? – ele pergunta, não respondo, apenas encaro o chão – você parece cansada.
Ele afasta minha franja do meu rosto parcialmente suado, o que me permite ve-lo. Cara, se Jess estivesse aqui ela iria caçoar muito de mim. O rosto do garoto é tao simétrico, ele usa óculos verdes, cabelos castanhos bem claros, e meu Deus, seus olhos são tao verdes como esmeraldas, mas quanto mais olho pra eles mais perecem ser de uma cor desconhecida pela ciência, ele tem estrelas nos olhos. Droga, odeio garotos bonitos.
Piora quando seus olhos de estrelas analisam meu rosto, ele não parece nem 2 anos mais velho que eu. Ele sorri, ah droga, droga, droga. Por alguma razão sinto meu rosto ficar vermelho. E fico ate mais ofegante. O que é isso?Ele percebe.
- Ei – ele fala sorrindo - não precisa se envergonhar, eu só estou de ajudando – ele pega o vaso de lírios do chão- você vai pra casa né – concordo – bem já que a única casa que tem no final da rua e da Clarice e do Joe, acho que é pra la que você vai não e? – concordo – então você é a famosa... Ja... desculpe.
- Jan-Jan-bo, quer dizer, Jandi – que droga Jandi!
- Jambo? Legal, minha fruta preferida. Prazer Jandi.
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Onde As Estrelas Não Brilham
Teen FictionÉ estranho como uma pessoa pode mudar a vida de muitas, acidentes mudarem totalmente alguém, e traumas te assombrarem pelo resto de sua vida. As vezes até as melhores pessoas e seus passados escondem algo ruim. Nem tudo é o que parece. E é isso que...