Acordo com o carro parando de repente e o motor desligando. Tento abrir os olhos mas meu corpo se recusa a levantar.Queria voltar ao meu sonho, onde eu era a rainha do calda de chocolate e morango.
- Safy – minha mãe fala – já chegamos amor.
Não me movo e a ignoro, ela arranca minha coberta de mim trazendo um calafrio pra mim.
- Hmmmmm – resmungo em processo, levanto cegamente e abro os olhos. Ao invés da cidade grande estamos no meio do campo em algum lugar que eu não sei onde é.
Eu realmente odeio me mudar mas infelizmente não posso fazer nada. Admito que deixar meus amigos pra trás não foi fácil mas alguma hora eu teria que me separar deles.
Saio do carro e me espreguiço, vou até o porta malas e pego minhas coisas, felizmente eu não trouxe tudo que eu tinha, uma as minhas qualidades é não se apegar a muitas coisas.
A casa que nos mudamos é bem diferente da antiga, essa é maior e um pouco mais espaçosa. Ela fica na frente do mar então imagino que tenha uma boa vista.
Minha mãe pega as chaves e abre a porta da frente.
- Querida! – meu pai fala – pode me ajudar um pouquinho com as malas?
- Claro – minha mãe fala correndo indo em sua direção.
Decido entrar na casa, os móveis já haviam chegado há algum tempo antes da gente, só espero que meu quarto não esteja estranho. Subo as escadas e me deparo com um grande corredor, abro a porta que minha mãe disse que seria do meu quarto. E realmente é ele, minha cama, meu espelho e ate meu armário.Gostaria de falar que já me sinto em casa, mas é tão difícil. É uma nova cidade, nova casa e ate novas pessoas. Admito que não sou a melhor em fazer amigos mas eu tento pelo menos.
Sinto minhas costas doerem, fiquei naquele carro por um dia inteiro, nunca mais entro nele, e por nunca mais é provavelmente uns dois dias ate eu não ter escolha e entrar nele pra ir a a tal lugar.
Vou ate meu banheiro e vejo meu reflexo.
Droga, não foi uma boa ideia ter passado uma sombra dourada antes de sair de casa, ela esta toda borrada me fazendo parecer uma fada madrinha negra que está de ressaca e com cara toda amassada.
Tomo um banho rápido e coloco uma roupa mais confortável, aquele moletom não vai dar coisa boa agora que estou em uma cidade praiana. Amarro meu cabelos cacheados em um coque e desço pra cozinha e abro a geladeira pra ver se tem algo pra comer, nada.
- Mãe – grito, ela esta arrumando a colcha em cima do sofá – meu estômago ta se digerindo, cadê a comida?
Ela se vira na minha direção, ela está com o famoso coque encima da cabeça e uma bandana que é praticamente seu penteado favorito.
Ela suspira – Eu falei que era bom você comer naquele restaurante que passamos na estrada porque hoje é pós feriado, as lojas devem estar sem nada, na verdade, talvez um mercadinho esteja aberto por ai. Que tal você ir lá procurar?
Solto um grunhindo alto, de proposito para ela ouvir, ela sorri e mostra a língua pra mim.
- Ah – ela fala – é bom você procurar um lugar pra trabalhar e conseguir seu próprio dinheiro, você sabe que nós estamos quase falidos depois que compramos a casa.
- Onde uma menina de 14 anos vai arrumar um trabalho por aqui?
- Não sei, mas boa sorte pra você – ela sorri com um olhar maldoso de ironia – Se você quiser pode pegar uma maça na sacola ai na bancada, é tudo que a gente tem agora, e não se preocupe porque o papai vai pedir uma pizza pra mais tarde.
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Onde As Estrelas Não Brilham
Teen FictionÉ estranho como uma pessoa pode mudar a vida de muitas, acidentes mudarem totalmente alguém, e traumas te assombrarem pelo resto de sua vida. As vezes até as melhores pessoas e seus passados escondem algo ruim. Nem tudo é o que parece. E é isso que...