Eu e Clarice andamos até em casa. Percebo que está um pouco mais frio que de tarde.
No caminho ela pergunta sobre meu dia com a Sarah, digo que ela veio falar comigo de repente e daí começamos a conversar.Coloco a planta na janela da sala, onde provavelmente ela recebera muito sol. E tomei os remédios que preciso tomar.
Sento na mesa de jantar enquanto tia Clarice serve a mesa. Tio Joe entra na sala de jantar parecendo bem cansado e se senta na cadeira ao meu lado.
- Pra você, Jan - ele me passa uma coruja de olhos verdes feita de madeira, bem pequena.
- Pra mim? - ele concorda - gostou?
- Pra caramba! -falo. Tentando soar animada, admito que gostei, mas não sou boa em expressar felicidade.
Ao terminar agradeci a comido e fui até meu quarto, eu não estou com sono. Mas me sinto cansada.
Enquanto ponho meu pijama, penso sobre aquele menino. Porque ele parecia tão familiar? E seus olhos...um cor de azul vibrante que parecia ser feito de gelo e o outro tão preto quanto o céu de noite. Eu havia aprendido sobre ter olhos de duas cores na escola. Dizem que essas pessoas tem mais chances de terem ataques cardíacos que outras que tem olhos normais.
Porque estou pensando nisso?
Isso sempre acontece, me perco em meus pensamentos, até quando estou conversando com alguém. Se essa pessoa pudesse ler minha mente, pararia de falar comigo na hora.
Deito na cama. Ela é tão macia.Meu telefone toca.
- Sim?
- JANDI VOCÊ TEM QUE ME AJUDAR ESSA ESCOLA É UM INFERNO EU NÃO AGUENTO MAIS ESSE LUGAR SOCORRO!! - ouço alguém gritar na linha.
- Espera ai Jess, devagar.
- Sinto muito- ela fala se recompondo - bem, eu cheguei aqui hoje de manhã e o dia todo eu tive que sentar em uma cadeira dura e ouvir um professor bonitão falar sobre a história do povo binzintano.
- Povo Bizantino, Jess.
- Que seja! A questão é: ele é casado!
Eu dou uma risada baixinha, mas ela infelizmente ouve.
- O que foi?
- Você tem namorado lembra?
- Não tenho mais. - ela fala irritada.
- Como assim? Vocês terminaram?
- Pois é, nosso último encontro foi uma porcaria e no final ele terminou comigo pois disse que iria se mudar pra outra cidade e não queria ter um relacionamento a distância. Ele é um babaca...
- Nossa, que coisa ruim.
- Exatamente! E o meu professor é casado!
- Ele é mais velho que você? Claro né.
- Sim.
- Quantos anos?
Ela pensa por um segundo.
- Cinco anos.
Dou um suspiro longo.
- Jessica, meu conselho é, se concentre em estudar ok? È melhor ter um marido mais velho que você do que serem da mesma idade e você ainda estar no ensino médio.
Mesmo sabendo que é bem improvável que ela vá conseguir alguma coisa com ele eu falo isso pra ela.
- Você ta certa Jedy. E essa cidade? Como ela é?
Conto a ela tudo, menos daquele menino. Ele provavelmente foi apenas um sonho doido, não merece ser conhecido pela minha melhor amiga agora.
- Nossa, parece bem legal ai!
- Pois é, eu...
- Jessica Albrann desligue esse telefone agora!
É a voz de uma mulher.
- TA BOM, SÓ NÃO GRITA
COMIGO!!!!!Tenho que afastar o telefone da minha orelha por um minuto pois os gritos são terríveis de ouvir.
- Amiga, desculpa, a monitora do corredor ta falando pra eu desligar o telefone. Amanhã agente se fala ok?
- Claro, até mais.
Ela desliga o telefone.
Desligo a luz e deito na cama. Minha vida é uma bagunça. Ainda não estou com sono. Ouço os barulhos da noite, grilos, o som do mar ao longe, as folhas das arvores batendo umas contra as outras, morcegos.
Quando eu era pequena perguntei um dia a meu pai o que fazia esse barulho, e ele disse que os morcegos são cegos, e usam esse barulhinho para se localizar. Desde então eu só consigo dormir depois de ouvir os morcegos fazerem esse barulho. Eu sou tão esquisita.
Fecho os olhos e deixo o sono vir de leve.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Onde As Estrelas Não Brilham
Teen FictionÉ estranho como uma pessoa pode mudar a vida de muitas, acidentes mudarem totalmente alguém, e traumas te assombrarem pelo resto de sua vida. As vezes até as melhores pessoas e seus passados escondem algo ruim. Nem tudo é o que parece. E é isso que...