Onde As Estrelas Não Brilham

Capítulo 24 - Ela sumiu

- Sarah - falo saindo dos fundos limpando as mãos no avental - acabei de guardar tudo.

- Já? Que bom - ela fala apressada e preocupada - Safya você sabe onde foi que eu deixei aquela fita branca?

- Não, porque? - pergunto, ela anda de um lado pra outro.

- Porque eu acho que vou precisar fazer outro buquê de rosas brancas.

Faço uma cara de dúvida - Porque? Ele não estava na entrega pra hoje? Na última vez que vi na agenda tinha uma aviso que dizia que era pra ser entregue hoje as 18 horas.

- Sim - ela fala - mas olha essa chuva que esta caindo, disseram no rádio que ia piorar e que uma árvore caiu em uma estrada importante que leva pro centro da cidade. Então provavelmente quem encomendou não vir tão cedo, e as flores estão perto de murchar!

- E se a gente colocasse na geladeira? - sugiro.

Ela me olha surpresa e logo fala - Boa ideia!

Assim que ela se move em direção aos fundos a loja simplesmente se apaga e ficamos envolta de um breu.

- Merda! - Sarah grita estressada.

- Que chuva sinistra - falo, do lado de fora as gotas chicoteiam contra o vidro da loja.

- Safya querida, acho tem um lampião nos fundos, você pode pegar por favor? - ela fala se apoiando na bancada e apertando o meio dos olhos com os dedos.

- Sim senhora - falo entrando novamente nos fundos.

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Assim que o lampião se ascende a loja fica um pouco mais iluminada.

Lampiões me lembram da casa antiga dos meus avós, era assustador quando chovia lá e tínhamos que ascender lampiões. Mas sinto saudades de estar lá. Pena que eles não estão mais aqui.

Me apoio na bancada do caixa e Sarah se vira pra mim.

- Safya, você mora aqui perto? - Sarah pergunta com uma voz um pouco fraca.

- Moro ao redor do morro, um pouco mais pra cima - falo encima do som das gotas de água caindo no telhado.

- Acho melhor ligar pros seus pais, é meio perigoso sair nessa chuva - ela fala fungando.

Ela tem razão. Não esperava uma chuva tão forte assim.

- Tudo bem - falo colocando a mão no bolso da calça pra pegar meu celular, mas o bolso esta vazio - Putz - falo - deixei ele na minha cama hoje de manha. Droga.

Como eu não percebi que estava sem ele quando sai de casa? Muito bem, Safya.

- Pode usar o meu - Sarah fala pegando seu celular do bolso do seu avental. Agradeço a ela.

Ela me passa o celular e assim que o tenho em mãos ele começa a tocar - Alguém esta te ligando - falo entregando o celular de volta.

Ela pega, surpresa que tenha tocado justo agora e o atende.

- Alô - ela fala impaciente, assim que ela ouve alguém falar sua expressão muda - oi Clarice. Jandi? Ela não esta aqui não, Porque? - ela ouve algo e fica mais preocupada - Ela não está em casa? Ai meu deus, e se ela estiver fora por ai? Merda, ok. Venham aqui mas tomem cuidado! Ok, Até mais tarde.

- Jandi não esta em casa? - pergunto - ela está fora nessa tempestade?

- Parece que sim - ela fala massageando a cabeça - meu deus ela não pode pegar uma chuva assim, e se ela pegar uma pneumonia?