Epílogo (?)

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???

Nunca havia reparado como a estação de trem é um lugar tão vazio, não há tanta gente viajando por cidades rurais. Mas desse jeito há como perceber as pequenas coisas.

Há uma mulher e uma jovem se abraçando carinhosamente, um abraço de despedida eu presumo, talvez elas sejam mãe e filha, ou sobrinha e tia que terão que se separar por conta da faculdade da mais nova. Talvez demorem anos para se verem de novo, talvez não.

Há um homem com uma aparência cansada e ansiosa, que checa seu relógio a cada 2 minutos, preocupado que vá perder o trem. Talvez ele esteja voltando pra casa de uma viajem de trabalho. Ele é casado? Quantos filhs deve ter?

E então tem eu.

- Sentiremos saudades querida – Tia Clarice fala sorrindo, Joe concorda com a cabeça e passa seu braço pelas costas de sua esposa.

- Eu também – falo sorrindo sinceramente – de todo mundo.

 – Muito obrigada por tudo que fizeram – minha mãe fala  - E desculpa por toda a confusão.

- Não se preocupe, sempre estaremos aqui caso precise. É sempre bom receber vocês aqui, a casa as vezes é vazia demais...

Mamae sorri e concorda positivamente, ela pega sua mala de mao do chão e olha para o relógio – Acho que já podemos entrar filha, não?

- Sem problemas – falo – ah, Tia, você pode agradecer Sarah pelas flores? – pergunto mostrando o pequeno buque de begônias na minha mao livre – não tive tempo de agradecer a ela...

Tia Clarice sorri fechando os olhos – Sim querida, agradeço sim. Espero ver vocês próximo verão.

- Espero também – sorrio.

Ouvimos o sino do trem do outro lado e isso finalmente nos faz embarcar.

Assim que minha mae se sentou na poltrona ela se reclinou e dormiu em uma velocidade assustadora. Acho que agora ela pode dormir um pouco mais tranquila.

Sorri e tentei ficar confortável, fico feliz por estar na janela e poder ver a paisagem do lado de fora passando mais rápido a cada minuto.

Ouço meu celular tocar e surpresa o atendo.

- Alo?

- Jedy? Meu deus o que aconteceu com você? Não atendeu a nenhuma das minhas ligações ou mensagens nos últimos dias... – Jess fala preocupada.

- Não precisa se preocupar, Jess. Foi mal por te deixar preocupada assim.

- Foi mal? Foi mal não, foi péssimo! – sorrio, Jess sendo Jess – Foi deplorável, imperdoável, cruel e lastimável. Nunca mais me preocupe assim!

- Jess... – falo relutante – posso te perguntar uma coisa?

- Claro gata, diz.

- Você se preocupa porque realmente se importa comigo, ou porque você gostava do meu irmão?

O outro lado da linha fica muda, por um tempo acho que ela desligou.

- Jedy... – ela fala – nunca pense que eu sou sua amiga por causa do seu irmão. Podemos conversar quando você chegar...

- Claro –falo – onde?

- Eu te encontro na estação de trem – ela fala – trarei algo pra você. Até mais... Jedy – ela desliga.

Tudo bem, eu espero.

Observo as begônias no meu colo e sorrio, são rosas no centro mas amarelas por fora. Me pergunto porque Sarah me deu begônias e não lírios, nada contra as begônias, apenas curiosidade...

Onde As Estrelas Não Brilham Onde histórias criam vida. Descubra agora