Nunca achei que Jandi me faria sentir assim. Achei que não suportaria ficar perto dela, que ela não me faria se sentir bem, que me faria lembrar de August e ficar triste. Mas não. Por incrível que pareça, ela faz eu me sentir apenas estranho. Tenho a sensação de que preciso faze-la sorrir, que preciso ajuda-la e preciso estar lá por ela.
Mas tenho medo.
Depois de deixar Jandi em casa, decido voltar a minha. Quando passo perto do cais, vejo o grupinho de cobras venenosas rindo e conversando. Logo, ouço alguém me chamar.
- Ei Rhys! – me viro, é a Hazel. A garota cobra-venenosa. Ela anda até mim praticamente rebolando, chega perto de mim e joga o cabelo pra trás – Vai a minha festa na sexta-feira?
Ela me olha com os olhos mais gelados do mundo. Ela anunciou antes das ferias começarem que faria uma festa pra comemorar o cargo de representante da turma. O que todo mundo sabe que é só uma desculpa pra uma festa adolescente idiota. Odeio esse tipo de festa.
Eu não quero ir.
- Provavelmente não – falo – eu não sou muito de ir a festas, desculpa.
Ela bufa e sorri torto.
- Muito bem, mas tem certeza disso? A Addison vai estar lá – ela me dá um olhar estranho.
Não gosto de lembrar da Addison. Não me sinto bem perto dela.
- Acho que não Hazel – falo – talvez outra hora.
- Ah que pena – ela finge estar triste – Addison me disse que você é ótimo de beijo – ela sorri de uma forma que me deixa com medo, mas ignoro o que ela disse. Não quero lembrar disso.
Viro as costas e volto pra casa, quando tenho certeza de que não tem ninguém por perto eu começo a correr ate lá.
Ao chegar em casa começo a pensar sobre essa tal de festa, a ultima vez não foi legal, mas, e se dessa vez der certo?
***
Quando Henry chega em casa ele abre a geladeira e pega uma lata e coca e senta do meu lado no sofá.
- Eai – ele fala – alguma novidade? – ele abaixa o som da TV, que agora passa Procurando Nemo.
- Sim, mas não importa, é besteira – porque falei que sim?
Ele abre a lata e da um gole rápido.
- Desembucha pirralho.
Droga, quando ele quer alguma coisa, esse Henry consegue.
- Você é só 8 anos mais velho que eu.
Só. Admito que ter um irmão quase 9 anos mais velho que você não é legal. Cresci com meu irmão adolescente que praticamente me odiava e depois do que aconteceu com nosso pai ele acabou me odiando pra valer, mas agora, acho que não estamos mais assim.
- Não muda de assunto.
Penso se respondo a verdade. Ele provavelmente não vai achar uma boa ideia. Vou arriscar.
- A Jandi – falo.
Ele suspira meio preocupado.
- Eu vi ela – falo, ele da outro gole– eu falei com ela.
- Ela te reconheceu? – faço que não com a cabeça – então, só isso?
- Não, tem uma festa.
- Daquele tipo de festa? De adolescentes rebeldes?
- Sim – fico inseguro por um estante -E eu quero convidar a Jandi.
Ele quase engasga com a coca e começa a tossir.
- Você tá louco? – ele pergunta – Tem certeza de que quer levar ela? Tipo, ELA?
Olho pra ele com raiva – Claro, qual o problema?
- Porque você não vai com aquela tal de Addison? Ela parece que gosta de você.
- Nem pensar – desvio o olhar da TV - eu odeio a Addison.
- Ok, só acho que levar a Jandi é meio, sei la, arriscado. Você não tem medo que ela possa enlouquecer em uma festa dessas?
- Ela não vai enlouquecer, ela não é assim.
- Então você vai convidar ela?
- Sim.
Ele vira a latinha inteira e depois fala:
- Boa sorte então pirralho. Mas toma cuidado, os adolescentes de hoje em dia são cruéis.
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Onde As Estrelas Não Brilham
Teen FictionÉ estranho como uma pessoa pode mudar a vida de muitas, acidentes mudarem totalmente alguém, e traumas te assombrarem pelo resto de sua vida. As vezes até as melhores pessoas e seus passados escondem algo ruim. Nem tudo é o que parece. E é isso que...